Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.037
Sobre o
traidor de Lampião, Pedro de Cândido:
23.08.1941. Piranhas (AL). Após a hecatombe de Angicos, quando houve
festas e promoções policiais em Alagoas, o coronel Lucena lembrou-se de Pedro
de Cândido e o indicou ao comando para incluí-lo no efetivo da Força. Assim,
como recompensa, Pedro passou a fazer parte da polícia no posto de cabo
destacando em Piranhas mesmo onde estavam seus familiares.
Em agosto de 1941, portanto, três anos após a morte de Lampião, corria em
Piranhas a no tícia que um lobisomem estava percorrendo a área da periferia,
chamada Piranhas de Baixo. Na noite do dia 23 de agosto de 1941, o jovem
carregador Sabino José Vieira, entrou no bar de Pedro Chico, lugar muito
frequentado, quando a conversa girava em torno do tal lobisomem. As luzes da
cidade eram apagadas às 23 horas. Morando muito afastado do centro e tendo que
passar por Piranhas de Baixo, Sabino colocou a peixeira na mão e
partiu resoluto para a sua moradia.
Em uma daquelas curvas, notou um tropel logo seguido por uma espécie de ronco.
Sabino que estava prevenido plantou a faca no peito do bicho, ouvindo o gemido
e baque do corpo no chão. O rapaz saiu correndo e gritando “Eu matei o
lobisomem! Eu matei o lobisomem!” E assim foi cair desmaiado na calçada de
uma pessoa responsável.
Vieram pessoas ali de perto, cuidaram dele que ainda ficou repetindo a frase
inicial. Após se acalmar contou como se deu o caso. O povo foi lá no local e
deu com o cabo Pedro de Cândido embrulhado num capote, estendido numa enorme
poça de sangue. Uma das pessoas abaixou-se com uma candeia, pôs a mão na faca do
peito da vítima e disse : “Já está frio... Acabou-se o homem!” (3).
Valdemar de Souza Lima chama de “A 13a Cabeça”. AA.
Cândido tinha um caso amoroso com tal Madalena e, para esconder sua identidade,
percorria o trecho de capote. O rapazola de nome Sabino seria um retardado
mental, que ficara assustado com a investida de Pedro, reagindo com uma quicé
acertando o coração de Pedro de Cândido. (4).
Extraído de
CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello.Lampião em Alagoas. Maceió,
Grafmarques, 2012. Págs. 450-451.
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