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domingo, 12 de maio de 2019

O UMBUZEIRO DA BANDIDA E O ÚLTIMO GEMIDO DE UMA CANGACEIRA EM DOR DE MENINO..!


Por Manoel Belarmino /pesquisador/ escritor

Recentemente, eu postei aqui um texto de minha autoria com o título "A Cangaceira Adelaide Soares e o Umbuzeiro da Bandida". O texto conta de forma resumida a história da cangaceira Adelaide Soares, porém ainda eu não havia feito nenhuma foto do local onde a cangaceira morreu. E agora volto a postar novamente sobre esse assunto e com fotos do famoso Umbuzeiro da Bandida em Curituba, no Município de Canindé de São Francisco. Fui na manhã de hoje, dia 11 de maio, na Curituba, buscar mais informações e, na companhia do jovem Manoel de Juarandir, fui no Umbuzeiro da Bandida fazer as fotografias.

A mocinha Adelaide Saores era filha de Dona Pureza e Lê Soares, ambos da Família Soares do Sítio de Poço Redondo e tia do autor deste texto. A menina dos Soares deixou sua família junto com a sua irmã Rosinha (Maria Rosa Soares), no mesmo dia, para entrarem no Cangaço. Adelaide e Rosinha são primas da valente cangaceira Áurea Soares. Adelaide foi conviver na vida cangaceira com o cangaceiro Criança e Rosinha com Mariano.

Logo a cangaceira Adelaide engravida. Mesmo grávida, as andanças pelas caatingas eram intensas na companhia do cangaceiro Criança no bando. Os nove meses de gravidez já se completavam. O coito nas serras da Serra Negra, entre Poço Redondo e Lagoa da Serra Negra, poderia ser um lugar tranquilo para Adelaide "dar a luz" ao menino.

Todos estão ali tranquilamente acomodados no coito, naqueles meses finais do ano de 1936. Os moradores da serra já haviam levado beiju, tapioca, farinha, pé-de-moleque, e outros produtos para o bando no coito. Alguns barracos de palha de licuri já estavam ali armados. O esconderijo é seguro. Mas um tiro inesperadamente é disparado. Um tiro ecoou nas serras. Um cangaceiro, que havia entrado no Cangaço há poucos dias, de nome Serapião, inexperiente, dispara, acidentalmente, o seu rifle. Todos os cangaceiros fogem do coito às pressas. Imaginam ser uma tentativa de cerco das volantes.

Naquele corre-corre e no susto, Adelaide começa a sentir as "dores de menino". Os cangaceiros andam muito pelas caatingas. Passam pelo Boqueirão, Barra de Baixo, Risada, Surrão, Pedra D'água, e chegam na fazenda Planta do Milho onde moram duas parteiras bastante conhecidas dos cangaceiros, Dona Maria e a jovem Afonsina. As parteiras rapidamente recebem Adelaide. Fazem de tudo, rezam, oferecem chás, mas o menino não nasce. "As dores de menino" e o sofrimento da parturiente aumentam. Os cangaceiros desesperados decidem levar Adelaide em uma rede para o povoado Curituba, em Canindé de São Francisco, na tentativa de salvar a mãe e o menino. Antes de chegar no povoado, Adelaide morre. A sombra de um pé de umbuzeiro serviu para o derradeiro gemido de Adelaide.

O cangaceito Criança acendeu uma vela de cera ali junto do corpo da sua amada, rezou e chorou. Depois os cangaceiros levaram o corpo de Adelaide para o Cemitério de Curituba, onde foi enterrado. O Cemitério de Curituba é aquele mesmo das margens do Riacho Cutituba, pertinho do Quilombo Rua dos Negros.

No local da morte da cangaceira Adelaide Soares, sob aquele pé de umbuzeiro, ainda existe uma cruz. E aquele umbuzeiro é conhecido ainda hoje como "Umbuzeiro da Bandida".

Aquele umbuzeiro é testemunha do última gemido de uma cangaceira em dor de menino.


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