Em São Paulo – Fica em cartaz no Teatro do Sesi-SP de 25 de abril a 4 de agosto, o musical As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão, uma fábula inspirada nas mulheres que seguiam os bandos nordestinos que atuavam contra a desigualdade social da região.
O musical conta a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão que encontravam dentro do próprio Cangaço, e encontram, umas nas outras, a força para seguir. Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o Cangaço representava, o espetáculo também reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.
O musical conta a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão que encontravam dentro do próprio Cangaço, e encontram, umas nas outras, a força para seguir. Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o Cangaço representava, o espetáculo também reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.
As canções originais foram compostas por Fernanda Maia (música) e Newton Moreno (letras), inspirados em ritmos da cultura nordestina. “Nas canções usei várias referências da música nordestina e tive uma abordagem afetiva desse material, por ser filha de paraibano e por ter morado no Nordeste enquanto fazia faculdade de música. Nessa época, pude entrar mais em contato com a cultura do Nordeste, que é de uma riqueza ímpar, cheia de personalidade, identidade, poesia e, ao mesmo tempo, muito paradoxal. Esse trabalho foi a união das vozes de todos. Não há como receber um texto de Newton Moreno nas mãos e não se encantar com o universo que existe ali”, conta Fernanda Maia.
Além dos atores cantarem em cena, o espetáculo traz cinco músicos para completar a parte musical (baixo, violão, guitarra, violoncelo e acordeão). Texto e música se misturam, palavra e canto se complementam, como se tudo fosse uma única linha dramatúrgica. “Optamos por uma narrativa que realmente seja uma continuação da cena e não um momento musical que pare para celebrar, ou para criar umas aspas dentro da história. Isso só é possível com canções compostas para o espetáculo. Buscamos um DNA totalmente brasileiro para a peça, tanto na embocadura, na fala, na construção do texto, como na interpretação dos atores. Não tem um modelo importado, não tem uma misancene importada, é uma investigação a partir de códigos que pertencem a uma estética do nosso país e do teatro brasileiro”, comenta o diretor Sérgio Módena.
Tanto a questão do protagonismo feminino como da cultura e da história do Nordeste sempre foram muito presentes na dramaturgia e no teatro feitos por Newton Moreno. “Eu achei que falar sobre as Cangaceiras unia essas duas fontes. Uma escuta sensível a várias vozes femininas, quebrando o silêncio e falando sobre tantas violências, isso me fez pensar sobre os espaços onde não imaginamos que existam lutas silenciosas ou que não são mostradas. Simultaneamente, acessamos documentários, materiais de internet, notícias de jornal e o livro “Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço”, da Adriana Negreiros, que discute a trajetória de Maria Bonita, falando que, apesar de o Cangaço ser um espaço de liberdade para algumas mulheres, era também um lugar violento. O cangaço reproduzia alguns mecanismos de violência do Sertão – abusos, estupros, desmandos. Enfim, ficou relativizado esse lugar de liberdade. Então, o Cangaço acabou virando um trampolim, uma janela, para falarmos sobre a situação de hoje. Por isso, fizemos a opção de não contar – elas são inspiração, mas não contamos a biografia de nenhuma dessas mulheres. Não há registro histórico de um bando dessa natureza. Mas, e se houvesse?”, explica Newton.
Uma das grandes características dessa dramaturgia é seu caráter fabular e não de uma reprodução histórica e factual do que foi o Cangaço e o próprio Nordeste brasileiro da época.
O enredo começa quando Serena (personagem de Amanda Acosta) descobre que seu filho, que ela acreditava ter sido morto a mando do marido, Taturano (personagem de Marco França), está vivo. Ela, então, larga seu grupo do Cangaço, chefiado por Taturano, para partir em busca de seu bebê. Neste momento ela não tem a dimensão de que sua luta para encontrar o filho se tornará uma luta coletiva, maior que seu problema pessoal. Outras mulheres que formavam o bando se engajam nessa batalha, além de futuras companheiras que cruzam seu caminho.
Segundo a atriz Amanda Acosta a peça “é o grito de libertação que estas mulheres não puderam dar, mas que darão agora através desta obra escrita pelo nosso grande dramaturgo Newton Moreno. Grito que fala sobre coragem, amor, empatia, união, insurreição e liberdade”.
“A partir do momento que essa dramaturgia traz um bando de mulheres, que é algo que nunca ocorreu, temos uma liberdade para abrir várias janelas de reflexão, inclusive, fazendo um paralelo com o que estamos vivendo hoje. É uma reflexão sobre o sistema de opressão, no caso a mulher, mas você pode estender para qualquer camada social que está ali sendo historicamente oprimida”, completa o diretor. (Carta Campinas com informações de divulgação)
SERVIÇO:
As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão
Temporada: de 25 de abril a 4 de agosto
Horários: quinta a sábado às 20h; domingo, às 19h
Local: Teatro do Sesi-SP – av. Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Duração do espetáculo: 120 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Agendamentos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Reservas antecipadas de ingressos pelo site www.centroculturalfiesp.com.br abertas todas as segundas-feiras, às 8h. Ingressos remanescentes serão distribuídos no dia da apresentação, 15 minutos antes na bilheteria do Teatro.
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