Por José Mendes Pereira
O historiador Geraldo Maia do Nascimento fala em um dos seus artigos sobre o Padre Francisco Longino Guilherme de Melo tendo sido este o primeiro sacerdote mossoroense que celebrou missa na Capela de Santa Luzia de Mossoró. E diz ainda que o padre não se tornara famoso pela maneira de celebrar uma missa, mas pelo seu jeito diferente de ser.
Era mossoroense de corpo e alma, tendo nascido na Fazenda Cumurupim, no Arraial de Santa
Luzia do Mossoró, sendo filho de um rico fazendeiro da Ribeira, o capitão Simão
Balbino Guilherme de Melo.
Assim que se ordenara e foi o primeiro mossoroense a ser ordenado, retorna para sua terra natal Mossoró, chegando no dia 2 de
fevereiro de 1827, vindo da cidade de Olinda, no Estado de Pernambuco. Nesse dia, a população da Ribeira assistiu a primeira missa
cantada pelo novo pároco. Os habitantes
da Ribeira estavam felizes e viam no novo sacerdote um fio de esperança, luz e prosperidade para
Mossoró. Mas os mossoroenses não tinham a mínima ideia como iria aquele padre dirigir os destinos religiosos da Ribeira.
Logo de início o padre Longino mostrou que não narcera para vestir batina, e sim uma farda militar obedecendo ou ordenando regimes cruéis nos quartéis. De início, por causa de desentendimentos logo colecionou um grupo de inimigos, principalmente um senhor de nome João Ferreira Butrago, homem de má índole e assassino. Não querendo obedecê-lo, para se
vingar do padre, criou um bando de marginais.
Mas o Padre Longino não se intimidou e de imediato adquiriu capangas do sertão, alguns de seus parentes, mais um grupo armado, que não deixaram o Padre sozinho. De olhos abrregalados Mossoró presenciou uma série de batalhas, uma guerra de gigantes que acumulavam ódios. Várias emboscadas foram feitas causando a morte de alguns capangas. O Padre era guerreiro mesmo e com isso, fez com que a população de Mossoró o abandonasse logo, e não quis mais assistir seus atos religiosos.
Palavras do pesquisador Geraldo Maia:
Mas o Padre Longino não se intimidou e de imediato adquiriu capangas do sertão, alguns de seus parentes, mais um grupo armado, que não deixaram o Padre sozinho. De olhos abrregalados Mossoró presenciou uma série de batalhas, uma guerra de gigantes que acumulavam ódios. Várias emboscadas foram feitas causando a morte de alguns capangas. O Padre era guerreiro mesmo e com isso, fez com que a população de Mossoró o abandonasse logo, e não quis mais assistir seus atos religiosos.
Palavras do pesquisador Geraldo Maia:
"No ano de 1842 foi
criada a Freguesia de Santa Luzia; em 1844 foi nomeado Vigário Colado desta
Freguesia o Padre Antônio Joaquim Rodrigues.
Em 1845 o
Padre Francisco Longino retira-se de Mossoró, indo morar por algum tempo pelo
interior da Província do Ceará, internando-se mais tarde pelas Províncias do
Piauí e Maranhão.
Com a saída do
Padre Longino, os Butragos, que já não moravam mais no povoado, acalmaram-se
também e a paz volta a reinar em Mossoró. E por muito tempo não se ouviu falar
do padre bandoleiro. Até que em 1872, depois de vinte e sete anos de ausência,
volta a Mossoró o Padre Longino, velho, cansado e quase cego. E pra sua
surpresa, encontra uma grande quantidade de cavaleiros, que tomando
conhecimento de sua vinda, vão esperá-lo na entrada da cidade, curiosos para
conhecer o Padre Longino, personagem viva de tantas histórias de bravura. A
curiosidade ambiente era tão grande que uma multidão se acotovelava para vê-lo.
O Padre Antônio Joaquim o acolheu fraternalmente, com a piedade unânime da
população. Embora muito mudado pelo tempo, o gênio era o mesmo. Quando lhe
perguntaram: - Então o senhor cegou?... Longino respondeu, feroz: - É verdade.
Ceguei. Ceguei de ver gente ruim...
Desde que
deixara Mossoró, o Padre Longino tornara-se vigário de várias freguesias do
Piauí, indo algumas vezes à cidade de São Luís do Maranhão, onde encontra-se
com o Bispo da Diocese. E foi num desses lugares, no centro do Piauí, que
travou conhecimento com uma tribo de índios e dedicou-se a catequiza-los.
Conseguiu batizar toda a tribo, educando-os no trabalho agrícola.
Chegando em
Mossoró, Padre Longino ainda encontra alguns dos seus inimigos vivos, entre os
quais João Ferreira Butrago, que já contava com mais de noventa anos. Este, em
conversa com o Padre Antônio Joaquim, teria dito que não procuraria ofender ao
Padre Longino, porém, se tivesse oportunidade de o encontrar, levando uma arma
de fogo, daria um tiro no mesmo. Quanto ao Padre Longino, morou por algum tempo
em Mossoró, residindo na Rua da Palha, onde serviu como capelão e mais tarde,
em Areia Branca. Adoecendo, volta a Mossoró em 1876, morrendo nesse mesmo ano
já em idade muito avançada. Foi sepultado na capela do cemitério público.
\"Aos trinta de março de mil oitocentos e setenta e seis, sepultou-se na Capela do Cemitério de São Sebastião, filial a esta Matriz de Mossoró, o Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo, idade setenta e quatro anos, envolto em hábito preto e pelo Reverendo João Urbano de Oliveira encomendado. Do que mandei fazer este assento a assino. (a) Vigário Antônio Joaquim Rodrigues".
Publicado no jornal \"O Mossoroense\" de 03/02/2013
\"Aos trinta de março de mil oitocentos e setenta e seis, sepultou-se na Capela do Cemitério de São Sebastião, filial a esta Matriz de Mossoró, o Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo, idade setenta e quatro anos, envolto em hábito preto e pelo Reverendo João Urbano de Oliveira encomendado. Do que mandei fazer este assento a assino. (a) Vigário Antônio Joaquim Rodrigues".
Publicado no jornal \"O Mossoroense\" de 03/02/2013
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