Por Valquiria Velasco - Graduada
em História (UVA-RJ,
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O Cangaço manifestou-se como fenômeno social
no sertão brasileiro. Ocorrido entre o final do século XIX e os anos de 1930
representava a insatisfação de populares, pessoas comuns que conviviam com a
injustiça social, tão grande naquele momento. De maneira solitária ou em grupos
organizados entorno de um líder, homens e mulheres realizavam saques e usavam
da violência para instaurar o terror na região do Nordeste brasileiro, muito
disso incentivado pelos proprietários de terras que possuíam suas próprias
milícias de cangaceiros.
No
entanto, aqueles que ficaram registrados na História do Cangaço foram os grupos
não miliciados, ou seja, sem nenhum incentivo ou apadrinhamento. Viviam de seus
saques e de doações realizadas por aqueles que se interessavam pela proteção
que esses bandidos poderiam realizar.
O Termo
cangaço faz referência ao esqueleto do boi morto no sertão pela fome, o uso da
cartucheira, bolsa a tira colo ressaltava suas costelas proeminentes o que
poderia ser sido origem para o nome. Em versão mais comum o nome deriva também
do uso da bolsa, porém por lembrar a forma de arreio dos bois na roça, por
sobre os ombros e lhes conferindo um sobrepeso nos ombros.
Normalmente
antes de surgir o nome desponta-se o fenômeno, não foi diferente no caso dos
cangaceiros. Já no fim do século XVIII a ação do banditismo no nordeste brasileira já se
apresentava. Cabeleira (José Gomes), ficou conhecido como o
primeiro a ter uma atitude do que viria a ser chamado de cangaço. De forma
solitária na metade do século XVIII aterrorizava o sertão do Recife.
Em
organização de grupo temos o líder Jesuíno Brilhante (Jesuíno
Alves de Melo Calado). Nascido em família aristocrática tornou-se bandoleiro em
1871 após seu irmão ser humilhado diante da cidade. Considerado um “Cangaceiro
Romântico”, tinha atitude diferente dos cangaceiros do século XIX e XX. Era
amado pela população humilde por roubar dos coronéis e distribuir aos mais
pobres. Morreu com dois tiros na região do Brejo da Cruz, Paraíba.
Mas sem
dúvidas aquele que se torna exemplo máximo do movimento cangaceiro é Lampião(Virgulino Ferreira da Silva). Sua
importância é tão notória que recebe a alcunha de Rei do Cangaço. Seu grupo
atua nas décadas de 1920 e 1930 em praticamente todo o nordeste brasileiro. Os
relatos deixados sobre Lampião são de uma figura contraditória. Entre as
autoridades policiais Lampião era um homem cruel e sedento de sangue, enquanto
para a população nordestina uma espécie de herói, bravo, honrado e corajoso.
Cangaceiros
do bando de Virgulino Lampião (centro). Foto: Benjamin Abrahão Botto.
A verdade
é que Lampião impõe o medo aos latifundiários nordestinos que por ordem do
Presidente Getúlio Vargas levantam
uma verdadeira guerra ao seu bando, e após anos de perseguições dão fim ao Rei
do Cangaço em 1938. Ele e seu bando são degolados e tem suas cabeças expostas
em praça pública para que servissem de exemplo aos demais grupos. De fato o
ocorrido com Lampião resulta em uma debandada geral dos demais grupos
cangaceiros que passam a se entregar as autoridades. O ultimo grupo a ser desarticulado
foi o de Corisco (Cristiano Gomes da Silva Cleto) morto em
1940.
Bibliografia:
ARAÚJO,
Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira.
Juiz de Fora: Ibérica. 2009.
FAUSTO,
Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
1995.
JASMIN,
Élise, Cangaceiros. Ed. Terceiro Nome, São Paulo, 2006.
LINHARES,
Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
NONATO,
Raimundo, Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico. Mossoró: Fund. Vingt-un
Rosado, 2000.
Arquivado em: História do Brasil
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