Clerisvaldo Braga das Chagas, 26 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.332
Foto: (savoirfairessa.blog). |
Hoje a matéria-prima usada no chapéu de palha, é diversificada, como a palha da cana e do milho. Quero me referir, contudo, aos chapéus de palhas feitos da palha do coqueiro ouricuri. Confeccionados por mulheres que trabalhavam sentadas no chão da casa de barro batido, usando pouquíssimas e simples ferramentas. Suas comercializações aconteciam nas feiras livres, ao lado de vassouras e abanos também de palhas.
O chapéu de palha sempre foi desvalorizado, levando junto o seu usuário. Porém, diante do sol inclemente sertanejo, para caminhadas e para uso no roçado, nada pagava a proteção desse tipo de chapéu. Ele não esquenta nunca, mesmo diante do sol mais quente do mundo. É igual à água de cabaça, quanto mais alta a temperatura mais é fria. O negócio é que não pode levar chuva. Nas feiras os emboladores de pandeiros à mão, se desafiavam:
Cabra de chapéu de couro
Quem não pode com besouro
Não assanha mangangá...
O outro respondia o desafio, atacando também:
Cabra do chapéu de “paia”
Como vai tua “canaia”
Já deixasse de roubar?
O chapéu de palha, nos últimos anos, vem sendo substituído pelo boné. Mas a muito que se dizia ao encontrar um cabra com chapéu desse tipo: “Homem de boné, ou corno ou chofer”.
Quem vai desaparecendo é o coqueiro ouricuri, matéria-prima do chapéu, fruto do desmatamento.
Mesmo assim o chapéu de palha de vários formatos atinge seu alto grau de popularidade com os romeiros do padre Cícero, em Juazeiro do Norte, quando acontece a famosa bênção do chapéu.
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