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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O SANFONEIRO QUE ABOMINOU O CANGAÇO.


Por João Filho de Paula Pessoa

Zé Rufino era um modesto e humilde sanfoneiro, um sertanejo comum e pacato de Pernambuco que tocava forró e xaxado pelos sertões nordestinos. Certo dia de 1934 estava em Pernambuco tocando sanfona numa bodega, quando chega o bando de Lampião, come, bebe, aprecia sua música, se agrada do sanfoneiro e o convida a acompanhar o bando. Zé Rufino agradece o convite mas recusa dizendo que não tem pretensão daquela vida, de pegar em armas, derramar sangue, pois não queria ser nem cangaceiro, nem soldado, Lampião ficou contrariado mas se foi. Algum tempo depois Zé Rufino tocava em Salgueiro/Pe quando novamente chegou Lampião e seu bando e novamente o convidou para lhe acompanhar, tendo Zé Rufino novamente agradecido e recusado o convite. Pouco tempo depois, Zé Rufino tocava numa festa na fazenda Algodões em Belém de Cabrobó e Lampião, de novo, apareceu no local, quando a música silenciou, Lampião, já irritado, manda chamar o sanfoneiro, que comparece perante Lampião e percebe uns quatro cabras o circundando, hora em que teve medo de morrer, Lampião pela terceira vez lhe convida a acompanhar o bando, Zé Rufino pensa que terá que lutar para não morrer, mas consegue persuadir Lampião e se esquivar do bando naquele momento e fugiu para a Bahia. Sentido-se ameaçado, perseguido e encurralado, decide, mesmo a contra gosto, mas como meio de sobrevivência, ingressar nas fileiras das Tropas Volantes da Bahia e logo virou um implacável caçador de cangaceiro e obstinado perseguidor de Lampião, criou fama e respeito, ascendeu rapidamente na corporação militar, tendo matado mais de vinte cangaceiros, o que lhe deu a fama de “Matador de Cangaceiro”, dentre os cangaceiros mortos por ele, está Corisco. Zé Rufino poupou a vida de Dadá e sua integridade física perante os outros soldados em sua captura, após acertar-lhe um tiro na perna, que levou a amputação da mesma. Em seu leito de morte, muitos anos depois, Zé Rufino foi visitado por Dadá, oportunidade em que relembraram, choraram e se desculparam. J

oão Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 08/01/2020.
Foto: Painel de rua em Jericoacoara/Ce.


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