Por José Mendes Pereira
Esta foto é a única que
existe da cangaceira Enedina esposa do cangaceiro Cajazeira, e pertence ao acervo do saudoso escritor Alcino Alves Costa. Se usá-la em seus trabalhos não se esqueça de citar o seu nome.
Enedina era cangaceira e esposa do facínora José de Aleixo alcunhado no mundo do crime por Cajazeira. Ambos faziam parte da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia" do afamado, perverso e sanguinário capitão Lampião.
https://www.youtube.com/watch?v=XyCO3uaEriU
Na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, terras que antes pertenciam a Porto da Folha e posteriormente passou a fazer parte da área territorial de Poço Redondo Enedina foi assassinada no momento da chacina aos cangaceiros, mas o seu esposo José de Julião conseguiu escapar e fugiu até alcançar lugar seguro para se proteger.
ENEDINA ERA ALEGRE
Enedina nasceu em Poço Redondo no Estado de Sergipe, que fica bem perto da Grota do Angico, onde o bando de Lampião foi atacado e morto na madrugada de 28 de julho de 1938.
Segundo pesquisadores Enedina sempre estava afogada no meio da alegria, e bastante risonha, bonita e prestativa. Casada civilmente com o cangaceiro Zé Julião ou Cajazeira.
Zé de Julião havia se metido em questões e foi obrigado fugir da sua residência devido as perseguições policiais. Como estava sem rumo entrou no bando do capitão Lampião. E assim que ele armou a sua rede no coito do capitão Enedina foi também, porque lá já já haviam outras mulheres no bando. O casal de cangaceiros gostava mais de acompanhar o grupo do facínora Zé Sereno que era um braço de Virgolino.
A alegria da Enedina desapareceu com o massacre da volante do tenente João Bezerra da Silva. Ela foi atingida por uma rajada de balas na cabeça que chegou a estourar os “miolos” e ainda a massa cefálica colou no vestido da companheira Sila que era esposa do Zé Sereno. Sila e Zé Sereno não foram atingidos e se salvaram daquela querra de balas.
Cangaceiro Zé de Juliaõ esposo da Enedina.
ZÉ JULIÃO O
CANGACEIRO CAJAZEIRA
José Francisco
do Nascimento era o nome de pia do cangaceiro Zé Julião, que no cangaço ganhou
a alcunha de Cajazeira. Nasceu em Poço Redondo, município Sergipano, situado no
micro região do baixo São Francisco e onde fica a nascente do rio Sergipe.
Filho do fazendeiro Julião Nascimento e Constância. Cresceu em meio a um sertão
de exploradores e explorados, soldados desumanos e jagunços atrevidos, nesse
quadro, faria brotar no jovem um destino do que ser simplesmente herdeiro da
riqueza de seus pais.
Naqueles idos
de 1928, ter qualquer coisa que se afeiçoasse a riqueza era também
involuntariamente submeter-se à exploração da volante e dos bandos cangaceiros.
Ora, era sempre mais confiável garantir a vida doando ou outros bens. Contudo,
foram as continuas explorações que fizeram com que o pai de Zé Julião se
mudasse para outra localidade. Mesmo casado com Enedina ele segue o pai.
De certa vez,
foi reconhecido por soldados da volante quando jogava baralho e que era
acostumado a extorquir seu pai, a mesma pratica tentaram com ele,isto o
revoltou profundamente; passou a ter profundo oóio por aquele tipo de
gente.Porém,o fato mais marcante foi a decisão que tomou diante daquilo que
tinha por absurdo: criou impulso e encorajamento para entrar no bando de lampião,
acompanhado por Enedina. Ao ser aceito no bando de Virgulino, ganhou o apelido
de Cajazeira. Ao lado da fiel companheira na aridez das caatingas, faziam
planos para conquistas maiores, vez que imbatível naquela guerra sertaneja.
E talvez por
isso mesmo jamais passou pela cabeça o que viria acontecer naquela manhã triste
e sonolenta de 28 de julho de 1938,na gruta do Angico.Quando a volante comandada
pelo cabo João Bezerra atacou e matou Lampião e Maria Bonita e mais nove
cangaceiros,sua querida Enedina prostou-se como uma das vitimas.
Desesperado,conseguiu romper o cerco e fugir. Lampião, o líder estava morto; o
verdadeiro cangaço tinha morrido ali também. Nesse contexto de tristeza e luta
com o outro lado da realidade, o que faz Cajazeira é fugir, passando a viver na
clandestinidade. Vagueou algum tempo pela Bahia até voltar a sua terra querida,
Poço redondo. Lá, casou novamente com a irmã de Enedina.
A tão sonhada
paz não o acompanha, continuou a perseguição da volante, não teve alternativa a
não ser partir prá outras terras, foi morar em Nova Iguaçu, no então estado da
Guanabara. Por lá tinha parentes e conhecidos, fixou residência e não tinha maiores
problemas. Mas, como bom sertanejo não aguentou a saudade e voltou às terras
Sergipanas para residir em uma das tantas fazendas herdadas do pai. Conhecido
como era ver sua influência política crescer na região. Com o desmembramento de
Poço Redondo de Porto da Folha em 1953, o ex cangaceiro lança-se candidato a
prefeito pelo PSD nas eleições de 3 de outubro1954, tal era sua influência que
ele não acreditava em opositor,as forças políticas do novo município estava
unida em torno do seu nome e aquela eleição seria apenas um ato confirmatório.
Contudo como
sempre acontece em política,ledo engano. Eis que aparece um político de Porto
da Folha, Artur Moreira de Sá, como candidato pelo PR. apoiado por alguns
políticos da esfera estadual. Havia ainda um candidato da UDN, porém ouve a
polarização entre Zé Julião e Artur. A grande surpresa veio com a abertura das
urnas, resultado 134 x 134. Todavia, sendo Artur Moreira de Sá mais velho do
que Zé de Julião, o candidato foi aclamado vitorioso e nessa condição toma posso
como primeiro prefeito de Poço Redondo. Contaminado pela febre da política, seu
nome ficou fortalecido para o próximo pleito. Porém, o judiciário buscava
deliberadamente dificultar a vida do ex-cangaceiro. As manobras que foram sendo
verificadas, todas elas no sentido de favorecer o opositor. Tal situação
indignou parte da população e principalmente de Zé de Julião.
E foi nesse
contexto que o tino do cangaceiro tomou o lugar do político. O que fazer se as
ações fraudulentas estavam escancaradas e nenhuma autoridade séria se
posicionava diante daquela vergonha toda? Não tinha jeito era derrota na certa.
Pensou, se seus eleitores estavam impedidos de votar, os corregionários do
outro candidato sería impedido também, e assim articulou no dia da eleição acompanhado
de afamados vaqueiros, roubaram as urnas da sede do município e do distrito de
Bonsucesso. a ação não era mais obra de um candidato indignado,mas do
cangaceiro cajazeiras. Tamanha ousadia soa como uma bomba no meio político e na
justiça eleitoral Sergipana. Agora como vitima o candidato Eliezer tinha tudo
nas mãos para ser declarado eleito. E assim foi declarado prefeito pela segunda
vez de Poço Redondo.
As ações
perpretadas por Zé de Julião naquela revolta sertaneja lhe trouxeram duas
consequencia, foi preso e colocado em liberdade alguns meses depois. Nova
Iguaçu é novamente seu rumo, ao menos sería, se ao chegar em Salvador não
resolvesse retornar.Não se sabe as circustâncias, as intenções ou motivo desse
retorno. São muitas as suposições, e se confirmadas estas, os motivos seriam
outros senão vingança. Tinha motivações para isso. Sabe-se apenas que esta foi
sua última aventura,pois na manhã de 1961 foi encontrado morto,assassinado, nas
terras do seu Poço Redondo. A tragédia da gruta do Angico, para ele, foi apenas
adiada. http://blogsolvermelho.blogspot.com/2011/01/
A foto acima de Enedina foi encontrada pelo saudoso escritor Alcino Alves Costa que a adquiriu através de um dos seus amigos pois até então não existia foto da cangaceira Enedina. Leia o que ele falou sobre a foto:
(...)
"Pois bem! Meus
amigos e companheiros dizia Alcino Alves no rastejar a história dos povos sertanejos, em especial
a história do cangaço e de Lampião, neste mês de fevereiro de 2011, eu tive uma
grandiosa surpresa. Surpresa que me deixou pleno de felicidade. Emocionado
mesmo. Conversando com Antônio Neto, um grande artista de Poço Redondo, neto da
falecida Maninha, que era irmã de Enedina, a Enedina de Zé de Julião, a Enedina
que morreu em Angico ao lado de Lampião, ele me disse que sua mãe, dona
Antonieta, tinha uma foto da esposa do cangaceiro Cajazeira de pouco antes dela
ter ido para o cangaço. Ainda mais. Que aquela foto havia sido tirada no dia de
seu casamento que aconteceu na igrejinha de Poço Redondo, em 15 de Agosto
de 1937.
Fiquei atarantado com aquela inesperada novidade. Ter esta foto em minhas mãos
era algo de um valor extraordinário. Tonho Neto se comprometeu em ir buscá-la
na Pia do Boi, fazendinha do município onde a sua mãe reside. A minha
expectativa era enorme. Eis que no dia 20 deste mês, este meu querido amigo me
entregou a foto, esta foto que tenho a felicidade de mostrá-la a todos os que
pesquisam e estudam o cangaço.
Vejam meus
companheiros o quanto Enedina era bela. Uma menina-moça que carregava em seu
corpo e em seu espírito uma lindeza incomparável. E saber que uma jovem e linda
mulher, como Enedina, no fulgor de sua mocidade, perdeu a vida, com a sua
cabeça esbagaçada por uma infeliz bala, na subida de uma das serras de Angico,
é um acontecimento que ainda hoje, após tantos anos, nos deixa tristes e
desconsolados". - http://cariricangaco.blogspot.com/2011/02/beleza-da-mulher-cangaceira-poralcino.html
Alcino Alves Costa sendo entrevistado pelo Cariri Cangaço
Esta foto acima é a única que existe da cangaceira Enedina esposa do cangaceiro Cajazeira.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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