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quinta-feira, 28 de maio de 2020

O CANGACEIRO CHICO PEREIRA

Por José Mendes Pereira
Colorido pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Diz o pesquisador e colecionador do cangaço Ivanildo  Alves Silveira   que o coronel João Pereira, pai do cangaceiro Chico Pereira, morava em Nazarezinho, no Estado da Paraíba. Casara-se com dona Maria Egilda e era proprietário de um sítio que ele mesmo o nomeou de fazenda Jacu. E além deste, era dono de um barracão, onde vendia produtos alimentícios à vizinhança.
              
Do casal nasceram sete filhos, três mulheres e quatro homens, sendo os homens: Aproniano, Abdon, Abidias (faleceu em 2004 com 1003 anos). e o Francisco Pereira Dantas, o Chico Pereira. Como o coronel tinha mania de permanecer em seu comércio, mesmo depois do dia, nessa noite, o patenteado João Pereira ainda se encontrava de portas abertas, mas prestes a fechá-las. E sem menos esperar, recebeu a visita de três homens armados. Ao atendê-los, como sendo autoridade do lugar, sem usar autoritarismo, amigavelmente chamou a atenção deles, explicando-lhes que o uso de armas estava sendo proibido por uma lei municipal, aprovada em assembléia, que não permitia mais as pessoas perambularem armadas pelas ruas do lugar. Como o município havia criado essa lei, ele achava que os homens deveriam obedecê-la.
            
E sem imaginar que o seu conselho lhe custaria a vida, causou uma discussão acirrada, seguida de tiroteio dentro do seu barracão. No momento, a bagunça foi desastrosa, onde facadas, pancadarias e gritaria aconteceram no local, deixando alguns mortos e outros feridos. Inclusive o coronel João Pereira, que tendo sido atingido por balas, foi conduzido às pressas para ser socorrido em sua residência, na fazenda Jacu, numa distância de mais ou menos cinco quilômetros. Como o socorro demorou, devido à distância entre o lugar onde ocorreu o crime e a sua residência, em consequência dos graves ferimentos, veio a falecer diante de sua família. Mas antes do último suspiro, ele fez um pedido aos filhos: que não fizessem vingança. Entregassem o caso às mãos de Deus. Estas foram as suas últimas palavras.                    
            
E já que ele estava caminhando para a eternidade, e não teria mais volta ao mundo, todos os seus filhos perdoassem o erro do seu agressor. Com certeza, o medo e a intenção do patriarca, era que os seus filhos não sofressem nas mãos da polícia, se caso tentar a sua morte.                     
            
Após o enterro, como o coronel tinha boas amizades, a população revoltou-se contra o assassino do patenteado, e passou a exigir justiçaurgente.              

A polícia tomara conhecimento do assassinato, mas não se interessou de trancafiar o criminoso, chamado Zé Dias. Sentindo-se pressionado pela população, pedindo-lhe justiça, Chico Pereira que nessa época, ainda não era cangaceiro, sendo ele o filho mais velho do coronel, de vinte e dois anos de idade, deu início à procura de Zé Dias.            
            
O criminoso temendo ser justiçado pela morte que fizera, procurou se ocultar nas serras. Mas depois de muita procura, dentro dos cerrados, finalmente Chico Pereira o encontrou. Prendeu-o e o levou à presença da polícia. Com essa façanha, ele foi considerado pelo povo do município como herói, que era o desejo de todos verem Zé Dias entre as grades, para pagar o que fizera com o coronel João Pereira. Mas para a tristeza da população, e o desgosto de Chico Pereira, por ter levado o criminoso à presença das autoridades para puni-lo, e não sendo justiçado, dias depois, o assassino já se encontrava em total liberdade, passeando livremente pelas ruas de Nazarezinho.                                 
            
A população que não se conformara com a atitude da justiça, colocando o criminoso em liberdade, iniciou um protesto, uma espécie de cobrança, e passou a exigir que o próprio Chico Pereira, como sendo ele o filho mais velho do coronel, com urgência, fizesse a vingança, assassinando àquele que havia exterminado a vida do seu pai.                  
            
Este, sentindo-se exigido pela população, e sem outra opção, se viu obrigado a não cumprir o pedido do pai. E partiu para fazer o contrário de João Pereira, a vingança, como era costume na época, honra familiar do sertão.                                 
            
Passado alguns dias, o criminoso Zé Dias foi encontrado morto nas terras paraibanas. Infelizmente, Maria Egilda ouviu do seu próprio filho, uma frase que mãe nenhuma deseja ouvir: "Mamãe, fizeram-me criminoso”.        
            
Ivanildo diz em seu texto que: Chico Pereira após ter feito a vingança, temendo ser preso, com agilidade, fugiu para as caatingas do nordeste, passando a viver embrenhado às matas da região.                                                            
            
Como não queria pagar pela sua vingança, que para ele era além de justa, foi astucioso: pensou e  criou um bando de cangaceiros, e o pôs em prática, para se tornar fortalecido diante daquelas perigosas feras, o que na época, era um dos movimentos que os jovens muito se interessavam, praticando assaltos, mortes por onde passavam.                           

Chico Pereira, antes, talvez, não sei, não tivesse vontade de se tornar assassino. Mas depois que mataram o seu pai, no ano de 1922 (período em que Lampião recebeu das mãos do Sinhô Pereira o seu afamado bando), deu início a sua vida de bandoleiro, que segurou por seis anos, que dominava os sertões e fugia da polícia. No dia 27 de Julho de 1924, juntou-se a Lampião para atacar a cidade de Sousa, dando continuidade até o ano de 1928, quando foi assassinado.
            
Chico Pereira não usava chapéu quebrado na testa, nem gibão,... Seu jeito de ser, diz Ivanildo Silveira, é provável que tenha se expirado em Tom Mix, em revistas norte-americanas que vez por outra chegavam às caatingas.  
            
Segundo José Romero Cardoso, o Jornal do Recife de 22 de novembro de 1927, citado por Frederico Pernambucano de Mello, disse que Chico Pereira não usava cabacinha d'água, chapéu de couro, preferindo um traje assim a herói do Far West, usando chapéu de massa, de abas largas, lenço vermelho ao pescoço, pesadas cartucheiras, calças colote e clássico punhal nortista traspassado à cinta. E que muito exigiu que seu código de honra fosse respeitado e conservado. Quando qualquer indivíduo tentava desrespeitar, com certeza, estava assinando uma sentença de morte.
            
Mas Chico Pereira tinha algo para cumprir. Apesar de já estar com mais de vinte anos de idade, mesmo diante de tantas decepções na vida e perseguições por parte das volantes, por ele ter matado o assassino do seu pai, estava uma moça chamada Jardelina de Nóbrega, com apenas doze anos de idade. E aos quatorze anos, já muito apaixonada, jardelina de Nóbrega noivara-se com o bandido. 

Como Chico Pereira não podia estar presente à recepção matrimonial, devido às perseguições da polícia, que não lhe davam trégua, o seu casamento foi realizado na igreja católica, através de procuração, autorizada em cartório local. 

Apesar de ser  cangaceiro, vivendo exclusivamente dentro das caatingas nordestinas, livrando-se da polícia, Chico Pereira ainda deu de presente à Jardelina de Nóbrega, três filhos, os quais não chegaram a conhecê-lo, pois Jarda, como era carinhosamente chamada pela população, viuvara no dia 28 de outubro de 1928, com apenas dezessete anos de idade, quando o seu esposo foi barbaramente assassinado, no Rio Grande do Norte pelos próprios policiais que os recambiaram para o Fórum de Currais Novos.            
            
Chico Pereira iria ser julgado em Acari, e um dia antes de sua morte, a escolta já estava pronta para recambiá-lo até Currais Novos. E mais ou menos no início dos primeiros minutos do dia 28, as autoridades partiram da capital, levando o criminoso para ser julgado naquela comarca.   
            
Café Filho que na época era o seu advogado (este, posteriormente chegou a ser vice-presidente da república, e com a morte de Getúlio Vargas, assumiu a presidência do Brasil), percebera que o seu cliente poderia ser morto, por suspeitar que o tenente Moura, chefe da escolta que transportava o preso, poderia arquitetar algo contra ele, resolveu acompanhá-lo em seu carro próprio. Mas um dos seus amigos o aconselhou que desistisse, pois onde eles matassem Chico Pereira, ele também seria morto como queima de arquivo. Temendo o que lhe dissera o amigo, Café Filho desistiu da viagem, só viajando no dia seguinte.  Assim que o dia surgiu, Café Filho preparou os seus documentos, isto é, material que seria usado na hora do julgamento, e quando já estava pronto para partir até o Fórum de Currais Novos, foi informado através de um telegrama, que o seu cliente havia falecido num desastre automobilístico, no mesmo carro que o levava para o fórum municipal, lá de Currais Novos.                                                                                 
O começo da injusta morte do cangaceiro Chico Pereira, deu-se quando entre o ano de 1926 (ou possivelmente no ano de 1927), uma fazenda de nome “Rajada”, localizada nas adjacências de Currais Novos, patrimônio que pertencia a um dos mais renomados coronéis da região, um senhor chamado Joaquim Paulino de Medeiros, conhecido nas redondezas por “Quincó da Ramada”, esta tendo sido invadida e assaltada por um grupo de vândalos. Como a polícia há meses que andava nos rastros de Chico Pereira, não tinha dúvida que o assalto tinha sido praticado por ele.  
Mas o não feito pelo cangaceiro, foi confirmado pela esposa do próprio coronel assaltado, afirmando aos homens da lei, que aquele homem que se achava preso (o Chico Pereira), nunca estivera em sua fazenda. Ainda lhes disse que o mais justo, seria libertar o rapaz do castigo.                                                                                                 
               
Mas   os justiceiros não aceitaram a sua confirmação, reafirmando que a invasão tinha sido feita mesmo pelo cangaceiro. Como não aceitaram as palavras da esposa do coronel, foi o suficiente para deixarem-no entre as grades.           
            
O cangaceiro em depoimento às autoridades, dissera que as acusações contra a sua pessoa eram falsas, pois em toda sua vida, inclusive a de bandoleiro, jamais tivera colocado os seus pés naquele município.  E também não conhecia as terras de Currais Novos, e não tinha amizades com pessoas daquele lugar. Mas infelizmente, o Chico Pereira foi deixar a sua amada e gostosa vida naquelas terras que o condenara como invasor da Fazenda Rajada. 
             
Quando a notícia chegou ao conhecimento do advogado Café Filho, e posteriormente aos ouvidos da população, não acreditaram, e imaginaram logo que a morte do cangaceiro Chico Pereira havia sido premeditada.
            
A noite do dia 27 de outubro de 1928, já havia ido embora. E o sol mandava os seus primeiros raios para iluminarem a terra. O vivente que logo perderia a sua amada vida, não desconfiava que poderia ser alvo de uma traição. Ao chegar ao local, cuidadosamente observou o abismo, que lá seria a sua última instância na terra. A sua morte antecipada estava para acontecer naquele momento. Ninguém o evitaria conhecer o outro lado da vida. Nem o próprio Deus, que lá de cima, assistia tudo, mas não se manifestou em seu favor

Finalmente chegou o momento do seu sofrimento.  Nunca tinha pensado em passar por coisa tão horrorosa assim. Por uma estrada cheia de altos e baixos, que em nenhum momento ela mostrou-se adversária aos homens do carrasco. Além da estrada de barro, tinha a outra, que não tem regresso. Chico Pereira a ganhou de presente.                                        

Infelizmente viajou para o outro mundo, aos 28 anos de idade, deixando para trás, mãe, irmãos, esposa, filhos, parentes e aderentes, e uma história marcadas de angústia, dores e vontade de viver ao lado dos que muito o amavam.                                        

O cangaceiro jamais fora atingido por bala, faca, nem mesmo no momento em que estava pronto para morrer, porque o crime foi premeditado em virada de carro.  Este foi morto a pancadas de coices de carabina, dadas com o infeliz algemado, sem nenhuma maneira de se defender.                                   

Depois ainda, por brutalidade e vingança, viraram o carro por cima. O rosto ficou esmagado, que mesmo os próprios justiceiros, não o reconheceram após a chacina, pois havia ficado totalmente irreconhecível. A cabeça e a parte tórax ficaram estraçalhadas.                         

O cineasta Volney Liberato, diz que o motorista de nome Genésio Cabral de Lima, tenente coronel da reserva, da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, vazou pela primeira vez, o segredo que há anos escondia deste horroroso crime.                                                     

Disse o depoente ao escritor, que em 1928 ele era sargento da Polícia Militar, e ainda gozava da juventude, quando foi designado para seguir até a cidade de Acari, conduzindo o Chico Pereira. Ele viu o criminoso pela primeira vez, no momento da chacina. Não tinha lembrança da fisionomia do facínora, mas disse que o criminoso era de estatura mediana. Da escolta, além da sua pessoa, participaram os seguintes policiais: o tenente Joaquim de Moura, responsável pela escolta. O sargento Luís Auspício e ainda Feliciano Tertulino, mas os subordinados policiais.
        
Enquanto caminhavam, Joaquim de Moura perguntou-lhe se conhecia bem a estrada que percorria. O patenteado, isto é, o motorista, respondeu-lhe que sim. Em seguida, pediu que ao chegar a um aterro bem alto, parasse o carro, no que foi atendido. Ao chegarem a um lugar chamado “Ligação”, aproximadamente três léguas separando da cidade de Currais Novos, o motorista obedecendo à solicitação do tenente, parou o carro bem próximo de um aterro. E lá, todos foram ordenados para descerem do automóvel.                                   

Assim que saíram do carro, o tenente Joaquim de Moura fez algumas perguntas ao bandido, relacionadas com as suas aventuras vividas no cangaço. O depoente disse que Chico Pereira foi respondendo uma por uma, ao que lhe deu a entender que o rapaz se orgulhava das suas bravuras, e era um criminoso de sangue frio, e despreocupado com o bem estar de qualquer ser humano, ou mesmo dele. Após as suas respostas, orgulhosamente, e não imaginando de outra atitude, por parte dos patenteados, foi o bastante para começarem a execução do que estava preparado.  

A primeira pancada aplicada na vítima, o depoente não se lembrou quem na verdade principiou. Mas disse ao cineasta que não tinha certeza quem havia dado início à chacina.  Mas mesmo assim, optou que teria sido Feliciano Tertuliano, ou o sargento Luiz Auspício, deixando o preso desnorteado e cambaleando no meio do nada. 

O criminoso só morreu quando o carro foi virado por cima do seu cadáver. E não havia mais dúvida. Finalmente o Chico Pereira deixou de brilhar nos sertões nordestinos. Não querendo ser o único responsável pela chacina, o tenente Joaquim de Moura pediu que cada um aplicasse-lhe uma pancada de coice de carabina, para que o crime ficasse distribuído em igualdade. Assim que fizeram essa tamanha maldade contra o cangaceiro, para completar mais ainda a brutalidade, Chico Pereira foi jogado dentro do carro, e em seguida, determinaram que virasse o automóvel no abismo. O motorista informou ao cineasta que foi a sua maior tarefa, isto é, no abismo, tangeu o carro com o criminoso dentro. 

Concluída a primeira maldade contra o cangaceiro, o tenente Joaquim de Moura disse que ninguém iria ficar sã, pois todos os participantes da chacina teriam que ferirem a si mesmos, propositalmente, para justificar o desastre e impressionarem as autoridades.  

Esse maldoso trabalho foi feito com as próprias mãos dos agentes. Cada um deles aplicou golpes terríveis ao seu corpo, pancada na cabeça com pedras de gumes afiadíssimas e fazendo escoriações pelo corpo.

Agora, sim, parece que deu certa a trama dos agentes. Todos sangravam muito, já que haviam feito cortes nos seus corpos. Terminada a trama da virada do carro sobre o corpo de Chico Pereira, os patenteados se apressaram em comunicar o desastre para Currais Novos. E com um tempo depois, chegou o socorro para conduzir todas as vítimas do desastre para a cidade. Inclusive o corpo do bandido. 

Em Currais Novos, instauraram o inquérito para apurarem a causa da virada do carro sobre o bandoleiro. Mas os demais culpados foram absorvidos. 

O corpo de Chico Pereira foi levado para a Cadeia, na Rua do Rosário (diz Volney Liberato que hoje é Vivaldo Pereira), onde permaneceu exposto para o público ver pela primeira e última vez o delinquente cangaceiro, permanecendo até a hora do seu sepultamento que ocorreu lá pelas nove horas da noite, no Cemitério Público de Santana. E diz ainda o cineasta que: o facínora foi enterrado em cova, que nos dias de hoje, não se tem idéia onde os seus restos mortais se encontram. Mas a verdade é que quando se deve a Deus, não ficará impune, principalmente quando se sabe que é devedor.  

O justiceiro de Chico Pereira, o tenente Joaquim de Moura, que se sentindo o dono da verdade, lá nas terras de Currais Novos, por ironia do destino, já nos anos 40, foi participar de uma festa numa fazenda avizinhada à cidade. Lá, havia deixado um amor proibido, sendo a amante, casada, de uma família considerada notável. Como o patenteado, havia se apaixonado pela mulher, foi reativar o seu amor, que mesmo não sendo a sua esposa, enciumado, ameaçou de morte o marido da amante, caso ela não o quisesse. Nesse dia, ao entardecer, Joaquim de Moura sentiu-se mal, a causa, ataque cardíaco, que sem demora, faleceu. 

Chico Pereira e o tenente Joaquim de Moura tiveram os mesmos caminhos da eternidade, e talvez os mesmos destinos, em terras currais-novenses, em anos diferentes, que os dois, jamais tiveram antes do ano de 1928. 

Meses depois, o único que foi penalizado, foi o coronel Genésio Cabral de Lima, depoente desta entrevista, cedido ao cineasta Volney Liberato, por crime culposo. Mas, posteriormente foi absolvido pelo Tribunal.

Diz Ivanildo Alves Silveira, que Chico Pereira foi um dos homens mais destemido do sertão paraibano, que fez justiça com as próprias mãos e tornando-se cangaceiro. Quando foi julgado pela morte do assassino do seu pai, foi absolvido em júri popular, no Estado da Paraíba, sua terra natal. Mas, para sua infelizmente, foi acusado pelas autoridades de um crime que não cometeu, e em especial, no Rio Grande do Norte, que jamais havia colocado os seus pés. 

Apesar de sempre cair em falha contra as autoridades, e geralmente apadrinhado pelo governador da Paraíba, através de um irmão deste, infelizmente foi trazido para o nosso Estado, e aqui, impiedosamente, foi entregue à justiça para ser julgado, coisa que não chegou a acontecer.  No período em que Chico Pereira foi morto, já havia completado vinte e oito anos de idade. Dona Maria Egilda, sua mãe, não teve pelo menos o desprazer de enterrar o seu filho, tendo recebido orientação do advogado da família, Doutor João Café Filho, fazendo grande alerta aos familiares do marginal, que não fossem pisar em terras do Estado do Rio Grande do Norte, para ser apanhado como vingança por parte das autoridades que chacinaram Chico Pereira. 

Conta  Ivanildo Silveira, que a tragédia continuou com o assassinato inesperado do irmão de Chico Pereira, o Aproniano. (Não encontrei a causa da morte deste irmão de Chico Pereira). E a morte do outro irmão, Abdon, que estudava medicina no Rio de Janeiro. (Este foi visitado pela tuberculose, faleceu nos braços de sua amada e sofrida mãe, Dona Maria Egilda, na fazenda Jacu, propriedade da família).  

Conversas entre os dentes, diziam que os mandantes da morte do coronel João Pereira, o pai de Chico Pereira, eram pessoas importantes da sociedade de Sousa. Um deles, um senhor que era destacado cidadão de nome Otávio Mariz.    Dos quatro filhos do coronel João Pereira, o único que sobreviveu e viveu muito, foi o Abdias, que veio a falecer no dia 28 de julho de 2004, com cento e três anos de idade.

Fonte de Pesquisa: 
Texto de Ivanildo Alves da Silveira
Volney Liberato
José Romero Cardoso

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