Por José Mendes Pereira
Maria Bonita como já é do conhecimento de todos nasceu no dia 17 de janeiro de 1910 ou possivelmente no dia 08 de março de 1011, no município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Viveu sua infância e adolescência no sítio dos pais. Aos quinze anos casou-se com o sapateiro José de Neném e não estando satisfeita com o matrimônio, abandonou o seu cônjuge de uma vez por toda e decidiu acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei Lampião, para fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde permaneceu até a sua morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe.
Em 1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses Setembro e Outubro publicou uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca, afirmando ele que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas.
O encontro da futura cangaceira com Lampião se deu quando certo dia o bando havia se hospedado na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora conhecida por Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria Gomes de Oliveira (a futura Maria Bonita), e foi de encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. Lampião se sentindo orgulhoso, disse-lhe que para ela o conhecer não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria Déia, perguntou-lhe onde ela morava. Ela o respondeu que a filha era casada e residia em Santa Brígida.
Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, pois estaria até a manhã do dia seguinte, e não comunicasse mais a ninguém da sua presença naquele lugar.
Dona Maria Déia querendo que a filha o conhecesse, já que era um dos desejos dela, mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. E ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram palestrando.
Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira, e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranquilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava.
Disse-lhe ainda que muitas vezes eles passavam dias sem se banharem, e não era justo uma mulher tão linda quanto ela, levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus, para viverem a vida até que a morte os separassem. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto, que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo, para as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira.
Minhas Inquietações
O que disse Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:
O jornalista do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:
- Ela atirava também?
E ele o respondeu:
- Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito.
A resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade. Veja:
- Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada.
Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a pistola mauser?
Na minha opinião eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.
Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa.
Somente o pai de Maria Bonita disse aos repórteres do jornal Periódica Carioca na edição de domingo, 7 de setembro de 1958, que Maria Bonita era tão má quanto Lampião. - https://tokdehistoria.com.br/.../familiares-narram-a.../. Mas talvez ela era má com ele, porque vez por outra filha não se afina bem com o seu pai.
Mesmo eu discordando algumas respostas do cangaceiro Balão na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.
Embora não tenha se casado oficialmente com Maria Bonita, mas ela foi e é considerada a sua primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário