Por Antonio Morais
Bom de Veras
era um cabra disposto, inteligente e matreiro - disse Taveira. Era homem que se
aconselhava ao Capitão Virgulino Ferreira na astucia e nos planos estratégicos
de ação do grupo. Por isto estava se tornando uma ameaça a Lampião como
chefe-supremo do famigerado e temível agrupamento de cangaceiros. Por esta
razão, se separaram. A decisão foi do próprio Virgulino, tomada em Poço
Cercado.
Corria o ano de 1926. Bom de veras rumava tranquino com destino a Caririzinho.
Com ele os manos João Vinte e Dois e Lua Branca e mais quanto a cinco
companheiros. Era chegado o momento da vingança ao seu mais odiado inimigo:
Ioiô Peixoto. Na sua chegada ao distrito de Caririzinho, matou Zé Pretinho, que
levava carta de Nicanô Peixoto ao seu parente Ioiô, avisando da vinda de Bom de
veras. Mandou que o Zé Pretinho corresse e atirou pelas costas. Um irmão, um
filho, e o genro de Ioiô foram, neste mesmo dia, vitimas da sanha criminosa do
perigoso grupo.
Chegaram, finalmente, à rua, Ioiô não se encontrava em casa. Tinha ido ao
bebedouro de gado, em cujo local foi travado o seguinte dialogo, após a
resolução de Bom de Veras de que iria, como realmente fez, sozinho, fazer o
serviço.
Levanta, cabra velho safado. Não diz que é valente...que briga...que tem
autoridade? Não diz que os Marcelino são uns cagões? Eu sei que você não é
capaz de fazer isso, Manuel. Você não é capaz de matar-me...toda vida fomos
amigos...Conversa, velho safado e frouxo... Trés tiros de rifle puseram termo
ao dialogo fatal. Contorcendo-se e se esvaindo em sangue, com três balaços na
testa, Ioiô Peixoto tombou sobre as raízes de frondosa baraúna, em cujo tronco
ainda hoje existe, solitária e esquia uma enorme cruz.
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