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sábado, 16 de janeiro de 2021

PADRE PEIXOTO E O ENCONTRO COM LAMPIÃO.

Por Beto Rueda

A religiosidade e o banditismo no Sertão nordestino sempre tiveram uma estreita relação. O sentimento religioso do sertanejo era especialmente voltado para a penitência e muitas vezes, ao fanatismo. A ligação entre padres e cangaceiros sempre foi muito forte, despertando em ambos respeito, admiração e ódio.

Joaquim de Alencar Peixoto nasceu na cidade do Crato, Ceará em 26 de abril de 1871. Oriundo de tradicionais famílias do sertão cearense e pernambucano – Alencar e Peixoto. Seus pais foram Felismino de Alencar Peixoto e Hortulana de Alencar Peixoto. Seus avós paternos, Teodósio Marques de Abreu Peixoto (pernambucano) e Joaquina Xavier de Jesus (de Missão Velha, Ceará); os maternos foram Francisco Leão da França Alencar e Maria Leopoldina do Monte (de Exu).

Iniciou os seus estudos primários com os professores Raymundo Duarte de Moura e Manoel da Penha de Carvalho Brito. No Colégio Venerável Ibiapina aprendeu português, francês, latim e grego com o padre Joaquim José Teles Marrocos.

Passou pelos Seminários de São José do Crato a 17 de Março de 1891, Fortaleza, 1893, e no Estado da Paraíba em 1895, onde ordenou-se em 1897.

Foi nomeado pároco das cidades de Saboeiros e Arneiroz - CE. em 1898 onde exerceu importantes funções.

De volta a sua terra natal, funda o "Ginásio Cratense", em 1903, e mais tarde o "Sul do Ceará".

Em 15 de agosto de 1907, mudou-se para Juazeiro do Norte onde substitui na capela de N. S. das Dores ao Pe. Agio Maia.

Em 1909, funda o primeiro jornal juazeirense que tinha o título de “O Rebate”. As publicações davam-se aos domingos, até o dia 03 de setembro de 1911, data de seu último exemplar.

Provavelmente pelo forte e combativo envolvimento político não obteve permissão para confessar e foi suspenso de todas as ordens da igreja.

A partir de então se insere na luta em prol da independência de Juazeiro e a criação do município, o que aconteceu em 22 de julho de 1911. Depois da vitória em Juazeiro, por divergências com o padre Cícero, deixou a cidade.

Foi pároco de Belmonte - PE. no período de 02 de janeiro de 1917 a 23 de novembro de 1919. Foi nomeado como Pároco Encomendado de Granito - PE. em 16 de dezembro de 1919.

Em setembro de 1926, Lampião entra em Granito, acompanhado por mais de cem homens. A população em pânico procura a casa paroquial como refúgio. Padre Peixoto procura Lampião e chama o chefe dos cangaceiros para uma conversa. Depois do diálogo, os invasores vão embora da cidade em paz, inclusive pagando as contas das bodegas.

O comportamento crítico do padre Peixoto em relação às ações do padre Cícero e, distante das brigas enciumadas de intelectuais e do poder financeiro, fez com que se afastasse, como se fugindo de algo, morando pelo resto da vida em lugares diferentes; Sabe-se que esteve morando num lugar chamado Sena Madureira, no Acre, na Amazônia, em Mangas - MG. e Rubiataba - GO.

Com o tempo, adquiriu problemas renais dos quais se queixava muito. Em 1950 quando visitou Juazeiro do Norte era um homem pobre, velho, quase cego, desiludido e por poucos reconhecido.

O padre Peixoto permaneceu lúcido até a madrugada de 24 de fevereiro de 1957 quando faleceu em Rubiataba - GO. aos 85 anos. Teve atestada a causa mortis como “bronco pneumonia derivada de diversas causas”. Foi sepultado no Cemitério Público da mesma cidade.

Sacerdote, intelectual, político, grande orador, jornalista, poliglota, escritor de textos em prosa e poesia, escritor de livros dentre os quais: “Juazeiro do Cariri” e “À Margem de um Livro”, destemido e polemista exaltado, fez história.

Mais uma figura importante que cruzou o caminho do Rei do Cangaço.

REFERÊNCIAS:

JUNIOR, José Peixoto. Padre Peixoto - intelectual, político, sacerdote. Goiânia: Kelps, 2007.

CAVALCANTE, Francisco José Pereira. Padres do interior II - os padres da paróquia de nossa senhora do bom conselho de Granito. Petrolina: Diocese de Petrolina, 2010.

CRUZ, Maria do Rosário Lustosa da. Padre Joaquim de Alencar Peixoto: o baluarte da emancipação política de Juazeiro. Fortaleza: IMEPH, 2012.

BARRETO, Ângelo Osmiro. Misto de guerra e paz. Lampião Aceso, 02 nov. 2009. Disponível em:<http://lampiaoaceso.blogspot.com/…/padres-e-cangaceiros.htm…>. Acesso em: 25 mar.2020.

SEVERO, Manoel. Padre Cícero e Virgulino. Cariri Cangaço, dez.2015. Disponível em:<http://xn--cariricangao-udb.blogspot.com/…/padre-cicero-e-virgulin…

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