No início do ano de 1926, Virgolino Ferreira da Silva o já famoso cangaceiro Lampião (ainda não era capitão, mas foi logo patenteado nesta visita), esteve na presença do Padre Cícero Romão Batista, na cidade do Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, para honrar "convite" feito pelo soteropolitano deputado federal Floro Bartolomeu da Costa, quando este havia o convidado para combater a Coluna Prestes, e no momento da recepção, receberia armas, munições e fardamentos para ele e seu respeitado bando de cangaceiros, além do mais, Lampião receberia a patente de capitão do exército brasileiro.
De lá até a sua morte, foram mais ou menos 12 anos passados, e depois de ter sido abatido, juntamente com a sua amada rainha Maria Bonita, posteriormente, todos os cangaceiros remanescentes da sua empresa, que a partir dali ficaria extinta, foram agraciados pelo presidente Getúlio Vargas, quando o ditador bateu o martelo, com a finalidade de acabar de uma vez por toda com o "Movimento Social de Cangaceiros", principalmente da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", que teimosamente, ainda restavam alguns grupos de delinquentes pelos cerrados da caatinga, que tentavam preservar o cangaço do velho e companheiro guerreiro assassinado. E assim fez o Getúlio Dornelles Vargas. Perdoou todos os erros praticados pelos facínoras no cangaço, mas o perdão seria com uma condição: "Aquele que não se entregasse às autoridades, e caso fosse pego, com certeza, cruelmente receberia a sua punição, como também, depois de liberado para recomeçar uma nova vida, certamente estaria condenado a responder pelos seus atos".
Mas todos eles obedeceram o que propôs o presidente Getúlio Vargas, e não quiseram recomeçar tudo de novo. Somente o ex-cangaceiro Relâmpago foi que depois de velho, tentou assassinar um senhor no Rio de Janeiro.
Segundo O Globo - "19 de Abril de 1991 - Apesar de sua
idade, há um ano Relâmpago fora preso por esfaquear o agente de trânsito do
Detran Jorge de Oliveira Ribas, de 66 anos, após uma discussão sobre o preço de
uma cabeça de peixe num bar na Praça Tiradentes. Na época, o ex-cangaceiro se
vangloriara dizendo que, quando vivia no sertão, tivera 12 mulheres e matara
mais de 20 pessoas com Lampião". Fonte - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2013/11/o-globo-19-de-abril-de-1991-ex_2.html
E se em 1926, já patenteado, após a sua saída do Juazeiro do Norte, em busca de sua terra natal que é Pernambuco, e este Estado tivesse recebido o seu filho Lampião do "Pajeú", como um capitão do exército, e quem sabe, ele teria se regenerado e organizado a sua vida como qualquer outro que erra e é perdoado, ou até mesmo, mudado a sua camisa, e em vez de ser perseguido, iria ser perseguidor de bandidos, juntamente com as autoridades militares. Mas é aquele velho ditado: "Santo de casa não obra milagre".
Mas o grande desejo de quem perseguia o afamado e sanguinário capitão Lampião na caatinga, na época, era poder colocar as mãos sobre as suas riquezas, mesmo sabendo que não tinham procedências legais. Também não queriam se humilhar a um simples delinguente que invadia os sítios, fazendas..., simplesmente para roubar, e acumular riquezas, como foi o caso de alguns facínoras (Zé Baiano...) que se tornara rico, segundo os estudos cangaceiros, e muitos deles, foram assassinados em perseguições policiais, ou covardemente por populares que às vezes os protegiam, servindo como coiteiros. Mas o que eles traziam em seus embornais falia muito mais do que protegê-los.
Mesmo que a sua patente não era legalizada e reconhecida pelo o exército brasileiro, porque ela foi feita para que Lampião protegesse o sertão contra a Coluna Prestes; e Pernambuco, tivesse o recebido com calor humano, com respeito, como se ele fosse uma autoridade de verdade, uma negociação entre governantes e Lampião, para que ele deixasse a vida que levava, teriam o conquistado, e um monte de vidas tinha se salvado das mãos do bandoleiro e dos seus algozes.
Mas o que o seu Estado o fez, foi, atacá-lo com constantes perseguições e tudo mais. Se tivesse negociado com ele para desfazer do seu grupo de cangaceiros, intercalando-o a uma corporação militar qualquer, Lampião tinha aceitado a proposta e entraria para a história como um militar de verdade.
Mas sem Lampião fazendo as suas estripulias, no meio dos sertanejos, o nordeste não tinha alegria, pelo menos para aqueles que não tentaram negociar com ele a abandonar aquela vida selvagem. aquele mundo de desordem, onde deixava rios de sangue escarlate por onde passava.
Mas parece que o que as autoridades militares e os governantes queriam mesmo era o bom engodo da procura ao velho guerreiro nos cerrados, que não se rendeu a nenhum, mortrando que era ele quem mandava na sua vida e na caatinga nordestina.
Também pudera! Lampião se sentia como sendo o homem que divertia a caatinga. Tanto ele fazia chorar, como também fazia rir ao mesmo tempo, usando as suas astúcias, e que geralmente, era ele o vitorioso. Finalmente, Lampião era uma grande fonte de empregos, tanto para coiteiros como para militares, e também para voluntários que queriam participar dos quinhões dos governos.
Naquela época, ainda não existiam drogas que, atualmente manobram muito bem um marginal. E sem elas, um bom papo de poderosos com Lampião teria sido fácil mudar o seu destino, o seu caminho e o seu pensamento para o bem, e intercalavam-no novamente na sociedade dos homens que amam o bem. Ou será que os homens da lei tinham medo do capitão Lampião?
Ainda teria dado tempo. Nos anos 30 o capitão Lampião já estava cansado, e um convite para deixar a vida sofrida, seria um bom prato para ele. porque, conduzia o seu bando com dificuldades, e as suas forças e atitudes, já não eram mais como as de antigamente.
Quando ele foi entrevistado pelo então cratense médico e jornalista Dr. Otacílio Macêdo, ao fazer esta pergunta:
- O que imagina
do futuro dentro do cangaço?
E ele respondeu:
– “Estou me
dando bem no cangaço e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida
toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos. Tenho que visitar alguns
amigos, o que ainda não fiz por falta de oportunidade. Depois talvez me torne
comerciante.”
Quer dizer, que ele já tinha planos para o futuro, e nota-se que não queria viver a vida toda no cangaço. Ele não afirma isso, mas viveu por falta de oportunidade, e ele sabia, que se fosse pego, a sua cabeça seria arrancada. Então não deixaria o cangaço sem um acordão de poderosos. Talvez, temeu se entregar. Mas veja leitor, que não existiam indícios de que Lampião queria se entregar às autoridades militares. Apenas imagino eu.
Mas se tivessem convidado ele para uma proposta, com certeza. tinha aceito, desde que fosse para perdoar os seus erros e beneficiá-lo. Mas o bom mesmo para a polícia da época, era se divertir e ganhar o seu ordenado com as travessuras do capitão Lampião.
Foi falha total de todos aqueles que nos governam. Foi falta de interess daqueles delinguentes. Quantas vítimas passaram pelas mãos vingativas do capitão Lampião, hein? E assim caminha a humanidade desprezada e rejeitada pelos governantes, que só se lembram deles e mais ninguém.
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