Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
O arrulhar tristonho, saudoso e agradável das pombas sertanejas, também acontece na cidade. O canto que se houve às manhãs na minha rua, junta-se a outros ruídos do despertar matutino do trecho. É nosso o canto da rolinha branca no médio sertão alagoano e rara a presença de outras espécies como a rolinha fogo-pagou, caldo-de-feijão e azul, privilégio do sertão mais distante. Pois, além da raridade da rolinha caldo-de-feijão nessa área, sua presença nas ruas do Bairro São José, é uma grata surpresa para a vista e para os ouvidos. As pombas arrulham pelos arredores, surgem como casais na fiação da rua, defronte a minha casa, mergulham para o calçamento a catar pedrinhas, cujos pardais, donos do território, já se acostumaram à presença das rolinhas caldo-de-feijão e não mais as agridem.
Eu fico de boca aberta contemplando as rolinhas caldo-de-feijão diante da natureza. Dóceis, mas também cismadas, não demoram muito cantando nos fios e nem catando pedrinhas. Mas a presença dessa ave é o suficiente para limpar os olhos e ornar as acácias e pau-brasil da rua. A belíssima cor do caldo de feijão da sua plumagem, faz um bem danado ao observador. A paisagem citadina se Santana do Ipanema se enriquece quando os bichos selvagens procuram a companhia dos humanos, atraídos pela arborização.
As rolinhas urbanizadas estão ajudando a louvar o nosso santo padroeiro São José, com seus cânticos. É que está havendo a festa do pai de Jesus aqui no bairro, na avenida principal Castelo Branco onde está armado um parque de diversões, mesmo nessa pandemia.
Não tem espingarda, não tem peteca, não tem arapuca, apenas os registros sutis das câmeras curiosas e sedentas do seu dono pela Natureza. E apesar de tantas escolas não temos notícias de nenhum pesquisador do fenômeno nas ruas da cidade.
Obrigado a Mãe Natureza em deixar mais perto de nós o som “a-uuu”, “a-uuu” e a cor original e bela da rolinha-caldo-de-feijão.
O padroeiro agradece.
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