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terça-feira, 3 de agosto de 2021

CANGAÇO - DADÁ : A ÚLTIMA SOBREVIVENTE DO CANGAÇO

 

A vida de Dadá mudaria, novamente, numa tarde de verão no início de 1939 na localidade próxima ao município de Miguel Calmon, interior da Bahia.

Lampião fora morto no ano anterior; Corisco, já aleijado, foi denunciado por Velocidade – um ex-companheiro de cangaço. Dadá não esquece: “Corisco nem tinha mais condições de pegar numa arma, tinha montado uma lojinha e vivia honestamente. Veio a denúncia e começaram as perseguições, do mesmo jeito que tinham feito com Lampião. A gente já tinha abandonado o cangaço. Mesmo assim, a gente fugiu – mas foi em vão. Fomos atacados e meu marido morreu varado por vários tiros de metralhadora. Eu também fui baleada. Com a perna estraçalhada, me botaram na carroceria de um caminhão. Nem gosto de falar naquela viagem. Tudo o que eu tinha desapareceu”.

Hoje, com a perna amputada, Dadá foi obrigada a trocar as caatingas e serras do Nordeste por uma modesta casa em Salvador onde mora com seu segundo marido – um velho pintor de paredes aposentado – e passa os dias pedalando numa velha máquina de costura. Com a mesma técnica complicada, e ainda asando lona – material forte também utilizando nos embornais em que os cangaceiros colocavam balas e munições – continua produzindo as mesmas coisas. Só que, agora, seus embornais se transformaram em peças elegantes nas mãos de moças e senhoras da sociedade baiana. Em seus olhos cansados, só existe um sonho – aposentar-se como costureira – enquanto por seus dedos desfila uma verdadeira memória do cangaço.

Reportagem de Reynivaldo Brito / Fotos de Lázaro Torres.

https://reynivaldobrito.blogspot.com/2012/03/dada-ultima-sobrevivente-do-cangaco.html?m=1&fbclid=IwAR0_MqbRG9ak6kY98cwwbD3UU9iPaxChiOA0uKd4Ow8y79xxQ7L_c4mnbMk

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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