Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, nasceu em 25 agosto de 1803, na fazenda de São Paulo, no Taquaru, Vila de Porto da Estrela, na Capitania do Rio de Janeiro, quando o Brasil era Vice-Reino de Portugal. Hoje, é o local do Parque Histórico Duque de Caxias, no município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro.
Filho do Marechal de Campo Francisco de Lima e Silva e de D. Mariana Cândida de Oliveira Belo. Ao seu pai, veador da Imperatriz Leopoldina, coube a honra de apresentar em seus braços à Corte, no dia 2 de dezembro de 1825, no Paço de São Cristóvão, o recém-nascido que, mais tarde, viria a ser o Imperador D. Pedro II.
Em 22 de maio de 1808, época em que a Família Real portuguesa transfere-se para o Brasil, Luiz Alves é titulado Cadete de 1ª Classe, aos 5 anos de idade.
Pouco se sabe da infância de Caxias. Pelos almanaques do Rio de Janeiro da época e publicados pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que davam o nome das ruas em que moravam as autoridades governamentais, sabe-se que seu pai, desde capitão, em 1811, residia na rua das Violas, atual rua Teófilo Otoni. Esta rua das Violas, onde existiam fabricantes de violas e violões e onde se reuniam trovadores e compositores, foi o cenário principal da infância de Caxias.
Sabe-se que estudou no Convento São Joaquim, onde hoje se localiza o Colégio D.Pedro II, e próximo do Quartel do Campo de Santana, que ele viu ser construído e que hoje é o Palácio Duque de Caxias, onde está instalado o Comando Militar do Leste.
Em 1818, aos quinze anos de idade, matriculou-se na Academia Real Militar, de onde egressou promovido a Tenente, em 1821, para servir no 1º Batalhão de Fuzileiros, Unidade de elite do Exército do Rei.
O retorno da Família Real e as consequências que daí advieram concorreram para a almejada emancipação do país. D. Pedro proclamou a independência do Brasil e organizou, ele próprio, em outubro de 1822, no Campo de Santana, a Imperial Guarda de Honra e o Batalhão do Imperador, integrado por 800 guapos militares, tipos atléticos e oficiais de valor excepcional, escolhidos da tropa estendida a sua frente. Coube ao Tenente Luiz Alves de Lima e Silva receber das mãos do Imperador D. Pedro I a bandeira do Império recém-criada, na Capela Imperial, em 10 de novembro de 1822.
No dia 3 de junho de 1823, o jovem militar tem seu batismo de fogo, quando o Batalhão do Imperador foi destacado para a Bahia, onde pacificaria um movimento contra a independência comandado pelo General Madeira de Melo. No retorno dessa campanha, recebeu o título que mais prezou durante a sua vida – o de Veterano da Independência.
Em 1825, iniciou-se a Campanha da Cisplatina e o então Capitão Luiz Alves desloca-se para os pampas, junto com o Batalhão do Imperador. Sua bravura e competência como comandante e líder o fazem merecedor de condecorações e comandos sucessivos, retornando da campanha no posto de major.
A 6 de janeiro de 1833, no Rio de Janeiro, o Major Luiz Alves casava-se com a senhorita Ana Luiza de Loreto Carneiro Viana, que contava, na época, com dezesseis anos de idade.
Em 1837, já promovido a Tenente-Coronel, Caxias é escolhido, por seus descortino administrativo e elevado espírito disciplinador, para pacificar a província do Maranhão, onde havia iniciado o movimento da Balaiada.
Em 2 de dezembro de 1839, é promovido a Coronel e, por Carta Imperial, nomeado presidente da província do Maranhão e Comandante-Geral das Forças em operações, para que as providências civis e militares emanassem de uma única autoridade.
Em agosto de 1840, mercê de seus magníficos feitos em pleno campo de batalha, Caxias foi nomeado Veador de Suas Altezas Imperiais.
Em 18 de julho de 1841, em atenção aos serviços prestados na pacificação do Maranhão, foi-lhe conferido o título nobiliárquico de Barão de Caxias. Por quê Caxias? "Caxias simbolizava a revolução subjugada. Essa princesa do Itapicuru havia sido mais que outra algema afligida dos horrores de uma guerra de bandidos; tomada e retomada pelas forças imperiais, e dos rebeldes várias vezes, foi quase ali que a insurreição começou, ali que se encarniçou tremenda; ali que o Coronel Luiz Alves de Lima e Silva entrou, expedindo a última intimação aos sediciosos para que depusessem as armas; ali que libertou a província da horda de assassinos. O título de Caxias significava, portanto: – disciplina, administração, vitória, justiça, igualdade e glória", explica o seu biógrafo Padre Joaquim Pinto de Campos.
Em 1841, Caxias é promovido a Brigadeiro e, em seguida, eleito unanimemente deputado à Assembléia Legislativa pela província do Maranhão e, já em março de 1842, é investido no cargo de Comandante das Armas da Corte.
Em maio de 1842, iniciava-se um levante na província de São Paulo, suscitado pelo Partido Liberal. D. Pedro II, com receio de que esse movimento, alastrando-se, viesse fundir-se com a revolta farroupilha, que se desenvolvia no sul do Império, resolve chamar Caxias para pacificar a região. Assim, o Brigadeiro Lima e Silva é nomeado Comandante-Chefe das Forças em operações da província de São Paulo e, ainda, Vice-Presidente dessa província.
Cumprida a missão em pouco mais de um mês, o Governo, temeroso que a revolta envolvesse a província das Minas Gerais, nomeia Caxias Comandante do Exército pacificador naquela região, ainda no ano de 1842. Já no início do mês de setembro, a revolta estava abafada e a província, pacificada.
No dia 30 de julho de 1842, "pelos relevantes serviços prestados nas províncias de São Paulo e Minas", é promovido ao posto de Marechal de Campo graduado, quando não contava sequer quarenta anos de idade.
Ainda grassava no sul a revolta dos farrapos. Mais de dez presidentes de província e generais se haviam sucedido desde o início da luta, sempre sem êxito. Mister da capacidade administrativa, técnico-militar e pacificadora de Caxias, o Governo Imperial nomeou-o, em 1842, Comandante-Chefe do Exército em operações e Presidente da província do Rio Grande do Sul.
Logo ao chegar a Porto Alegre, Caxias fez apelo aos sentimentos patrióticos dos insurretos através de um manifesto cívico. A certo passo, dizia: "Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós – o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribes e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe comum".
Mesmo com carta branca para agir contra os revoltosos, marcou sua presença pela simplicidade, humanidade e altruísmo com que conduzia suas ações. Assim ocorreu quando da captura de dez chefes rebeldes aprisionados no combate de Santa Luzia, quando, sem arrogância, com urbanidade e nobreza, dirigiu-se a eles dizendo: "Meus senhores, isso são conseqüências do movimento, mas podem contar comigo para quanto estiver em meu alcance, exceto para soltá-los".
Se no honroso campo da luta, a firmeza de seus lances militares lhe granjeava o rosário de triunfos que viria despertar nos rebeldes a ideia de pacificação, paralelamente, seu descortino administrativo, seus atos de bravura, de magnanimidade e de respeito à vida humana, conquistaram a estima e o reconhecimento dos adversários. Por essas razões é que os chefes revolucionários passaram a entender-se com o Marechal Barão de Caxias, em busca da ambicionada paz. E, em 1º de março de 1845, é assinada a paz de Ponche Verde, dando fim à revolta farroupilha.
É, pois, com justa razão que o proclamam não só Conselheiro da Paz, senão também o Pacificador do Brasil – epíteto perpetuado em venera nobilitante.
Em 1845, Caxias é efetivado no posto de Marechal de Campo e é elevado a Conde. Em seguida, mesmo sem ter se apresentado como candidato, teve a satisfação de ter seu nome indicado para Senador do Império pela província que pacificara há pouco. Em 1847, assume efetivamente a cadeira de Senador pela província do Rio Grande do Sul.
A aproximação das chamas de uma nova guerra na fronteira sul do Império acabaram por exigir novamente a presença de Caxias no Rio Grande do Sul e, em junho de 1851, foi nomeado presidente da província e Comandante-Chefe do Exército do Sul, ainda não organizado. Essa era a sua principal missão: preparar o Império para uma luta nas fronteiras dos pampas gaúchos.
Assim, em 5 de setembro de 1851, Caxias adentra o Uruguai, batendo as tropas de Manoel Oribe, diminuindo as tensões que existiam naquela parte da fronteira.
Em 1852, é promovido ao posto de Tenente-General e recebe a elevação ao título Marquês de Caxias.
Em 1853, uma Carta Imperial lhe confere a Carta de Conselho, dando-lhe o direito de tomar parte direta na elevada administração do Estado e, em 1855, é investido no cargo de Ministro da Guerra.
Em 1857, por moléstia do Marquês de Paraná, assume a presidência do Conselho de Ministros do Império, cargo que voltaria a ocupar em 1861, cumulativamente com o de Ministro da Guerra.
Em 1862, foi graduado Marechal do Exército, assumindo novamente a função de Senador no ano de 1863.
Em 1865, inicia-se a Campanha da Tríplice Aliança, reunindo Brasil, Argentina e Uruguai contra as Forças paraguaias de Solano Lopez.
Em 1866, Caxias é nomeado Comandante-Chefe das Forças do Império em operações contra o Paraguai, mesma época em que é efetivado Marechal do Exército. Cabe destacar que, comprovando o seu elevado descortínio de chefe militar, Caxias utiliza, pela primeira vez no continente americano, a aeroestação (balão) em operações militares, para fazer a vigilância e obter informações sobre a área de operações.
O tino militar de Caxias atinge seu ápice nas batalhas dessa Campanha. Sua determinação ao Marechal Alexandre Gomes Argolo Ferrão para que fosse construída a famosa estrada do Grão-Chaco, permitindo que as Forças brasileiras executassem a célebre marcha de flanco através do chaco paraguaio, imortalizou seu nome na literatura militar. Da mesma forma, sua liderança atinge a plenitude no seu esforço para concitar seus homens à luta na travessia da ponte sobre o arroio Itororó – "Sigam-me os que forem brasileiros".
Caxias só deu por finda sua gloriosa jornada ao ser tomada a cidade de Assunção, capital do Paraguai, em 1º de janeiro de 1869.
Em 1869, Caxias tem seu título nobiliárquico elevado a Duque, mercê de seus relevantes serviços prestados na Campanha contra o Paraguai.
Em 1875, pela terceira vez, é nomeado Ministro da Guerra e presidente do Conselho de Ministros.
Caxias ainda participaria de fatos marcantes da história do Brasil, como a Questão Religiosa, o afastamento de D. Pedro II e a Regência da Princesa Isabel. Já com idade avançada, Caxias resolve retirar-se para sua terra natal, a província do Rio de Janeiro, na Fazenda Santa Mônica, na estação ferroviária do "Desengano", hoje Juparaná, próximo a Vassouras.
No dia 7 de maio de 1880, às 20 horas e 30 minutos, fechava os olhos para sempre aquele bravo militar e cidadão que vivera no seio do Exército para glória do próprio Exército.
No dia seguinte, em trem especial, chegava na Estação do Campo de Santana o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de Marechal de Exército, trazendo ao peito apenas duas das suas numerosas coondecoraçõoes, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai, tudo consoante suas derradeiras vontades expressas.
Outros desejos testamentários são respeitados: enterro sem pompa; dispensa de honras militares; o féretro conduzido por seis soldados da Guarnição da Corte, dos mais antigos e de bom comportamento, aos quais deveria ser dada a quantia de trinta cruzeiros (cujos nomes foram imortalizados no pedestal de seu busto, no passadiço do Conjunto Principal antigo da Academia Militar das Agulhas Negras); o enterro custeado pela Irmandade da Santa Cruz dos Militares; e seu corpo não embalsamado.
Quantas vezes o caixão foi transportado, suas alças foram seguras por seis Praças de Pré do 1º e do 10º Batalhão de Infantaria.
No ato do sepultamento, o grande literato Visconde de Taunay, então Major do Exército, proferiu alocução assim concluída: "Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextinguível que nós militares, de norte a sul deste vasto Império, vimos render ao nosso velho Marechal, que nos guiou como General, como protetor, quase como pai, durante 40 anos; soldados e orador, humilde todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor".
Em 25 de agosto de 1923, a data de seu aniversário natalício passou a ser considerada como o Dia do Soldado do Exército Brasileiro, Instituição que o forjou e de cujo seio emergiu como um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Ele prestou ao Brasil mais de 60 anos de excepcionais e relevantes serviços como político e administrador público de contingência e, inigualados, como soldado de vocação e de tradição familiar, a serviço da unidade, da paz social, da integridade e da soberania do Brasil Império.
Em mais uma justa homenagem ao maior dos soldados do Brasil, desde 1931, os Cadetes do Exército, da Academia Militar das Agulhas Negras, portam como arma privativa, o Espadim de Caxias, cópia fiel, em escala, do glorioso e invicto sabre de campanha de Caxias, que desde 1925 é guardado como relíquia pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que o Duque de Caxias integrou como sócio honorário a partir de 11 de maio 1847.
O Decreto do Governo Federal de 13 de março de 1962 imortalizou o nome do invicto Duque de Caxias como o Patrono do Exército Brasileiro.
Atualmente, os restos mortais do Duque de Caxias, de sua esposa e de seu filho, repousam no Panteon a Caxias, construído em frente ao Palácio Duque de Caxias, na cidade do Rio de Janeiro.
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