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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

GRANDES ENCONTROS OPINIÃO - CORONÉIS E O CANGAÇO: RELAÇÕES PERIGOSAS !

Por Manoel Severo

 

Para todos que estudam a temática cangaço, é praticamente obrigatório o estudo também do tema "coronelismo". Ambos fazem parte de um recorte importante da memória e da história do sertão nordestino. Homens nascidos no mesmo chão, talhados pelo sol escaldante da caatinga, trilhando caminhos diversos que consolidaram a imagem de povo forte nordestino. Cangaceiro e Coronel. Que tipo de relações os mantinham tão próximos e tão distantes?

Tornou-se natural conviver com o poder quase "imperial" do coronel nos mais distantes rincões das terras do sertão, poder herdado da época das capitanias hereditárias, há quem diga que a própria figura do "coronel" se confunde com a figura dos senhores feudais de outrora, quando de suas "vastas capitanias"; fazendas, comandavam as famílias, agregados, empregados, capangas, jagunços... escravos, enfim; dando o norte de como deveria ser seguido o destino da politica e da vida das pessoas, cidades e ate de estados; confundindo e estabelecendo ligações fortes e indissociáveis entre o poder publico e o forte poder privado, representado por estas castas sertanejas. 

Coronel Santana, poderoso mandatário da Serra do Mato no Ceará
Seu "Toim da Piçarra" o coronel coiteiro

A história sertaneja foi pontuada pela presença marcante desses dois personagens: Cangaceiros e Coronéis, que ao lado de jagunços, contratados, pistoleiros, beatos e fanáticos, povoaram as terras e o imaginário da gente desse lado do Brasil.

É imperioso deitar um  olhar zeloso sobre a ligação entre os coronéis e o cangaço para nos ajudar a compreender esse que foi um dos períodos mais conturbados da historia recente de nosso nordeste. As áridas terras de nosso sertão; entre o Piauí até as Minas Gerais, aprenderam e sofreram desde os tempos da colonização, passando pelo império e desaguando nos tempos da velha república, com as intempéries do clima, a pobreza e desigualdade, a ausência do Estado e com a força e o poder desse mesmo "coronelismo".

Marconino Diniz, o "Caboco Marcolino"
O Poderoso coronel José Pereira, de Princesa

Nascido das casas abastardas e herdeiras do poder colonial, esses personagens tinham na grande maioria a imagem de patriarcas intocáveis, protetores de sua gente de seus domínios, admirados e exaltados; a esses era garantida também muitas vezes, a administração das "coisas do estado", uma vez que o mesmo se mantinha distante dos rincões intermináveis da nação. Ali começava a se formar a essência do que décadas depois viria a ser conhecido como o "Coronel". A Figura basicamente surge inicialmente com a criação da Guarda Nacional, ainda na época das Regências, e se consolida ate o final da velha república.

A Guarda Nacional foi criada para manter a ordem nas mãos dos que tinham força e poder. Homens entre 21 e 60 anos que tivessem renda de 200 mil-réis nas quatro maiores cidades e 100 mil-réis no resto do país estavam credenciados para fazer parte da tropa, já os cargos superiores, o oficialato era nomeado pelo ministro da Justiça com a indicação dos mandatários das províncias, seus presidentes; nasciam os Coronéis ! 

Podemos destacar os presidentes, Campos Sales; entre 1898 e 1902; e seu sucessor Rodrigues Alves; entre 1902 a 1906; consolidadores da famigerada “políticas dos governadores”, instituto que ensejou por todo o país a expansão e fortalecimento das oligarquias rurais, daí viríamos a conhecer um dos mais sombrios e violentos períodos da história de nosso sertão, do norte a sul, de leste a oeste. 

Coronel Veramundo Soares; o poder em Salgueiro

O mandatário principal tornar-se-ia coronel, esse era o cargo e posto mais elevado da Guarda Nacional, depois por ordem de hierarquia o poder passava pelo tenente-coronel, a seguir o major e  e assim por diante. A Guarda que havia nascido para compor um poder ligado à segurança acabou produzindo na verdade chefes e chefetes políticos com amplo poder diante das esferas estaduais e federais, dai a ligação com os destinos do sertão e com tudo que lhes dizia respeito passou a ser uma constante, inclusive diante da mais polêmica e perigosa de todas as ligações: Coronéis e o Cangaço.

Nomes como Coronel Santana, da Serra do Mato, no cariri cearense; Antônio da Piçarra, também do sul cearense; Zé Pereira, de Princesa e Marcolino Diniz de Patos de Irerê na Paraíba e Veramundo Soares de Salgueiro em Pernambuco são os nomes dos personagens principais dos Grandes Encontros Cariri Cangaço OPINIÃO e para entendermos melhor essa relação supostamente simbiótica, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço recebe os pesquisadores: Vilson da Piçarra, do Ceará; José Tavares de Araújo Neto, da Paraíba e Cícero Aguiar de Pernambuco nesta próxima quarta-feira, dia 15 de setembro de 2021, AO VIVO, ÁS 19H30 no canal do YouTube do Cariri Cangaço. 

Imagens da prévia do programa realizada na tarde desta terça-feira, 14 de setembro


https://cariricangaco.blogspot.com/2021/09/grandes-encontros-opiniao-coroneis-e-o.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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