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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

POR CIMA DOS TELHADOS

 Clerisvaldo B. Chagas, 6/7de outubro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.593

Quando se aproxima o final do ano, os montes que circundam Santana do Ipanema ficam de vegetação seca e cinza. A ausência de chuvas para os serrotes é sinal seguro para a zona rural. Nesses momentos, árvores como a Craibeira e o pau d’arco exibem as suas belas floradas no campo e na cidade. Da caatinga à vegetação de agreste, entre Santana e Maribondo, a paisagem fica completamente ressequida, mas ilhas de craibeira e pau d’arco ornamentam o cinza com suas floradas amarelas e roxa, respectivamente, como prévio louvor ao Natal e à esperança. Faltando cerca de 20 ou 15 dias para Ano Bom, costuma cair uma chuvada leve pelo entorno de Santana. Rapidamente os serrotes se cobrem de verde e quando chega o NATAL eles estão rigorosamente vestidos para o aniversário de Nosso Senhor. Nem sempre esse fenômeno é registrado.

O encanto da vida está na simplicidade. Do posto de Saúde São José, mais alto, tem-se a paisagem longínqua do sítio Salobinho, a serra da Remetedeira, na zona rural, mas também parte do antigo Bairro Floresta, parte alta, e os telhados do conjunto São João, onde moro. O espetáculo belíssimo da craibeira florida por cima dos telhados, é momento compensativo para qualquer estresse.  A craibeira e filha na murada da Escola Profa. Helena Braga das Chagas, dão um espetáculo antecipado de ornamento natalino. Mais charmosa fica quando se apresenta na moldura saudosista dos telhados, das tintas, dos quintais. O soberbo não enxerga o simples que faz a diferença na felicidade humana.

As garças brancas do Pantanal de Mato Grosso, já estão chegando e fazendo o ninhal no mesmo lugar: na barreira direita do rio Ipanema. Estamos vendo agora mesmo o revoar da tarde, à volta para o ninhal no retorno em grupos. O contraste do branco com o cinza dos serrotes, vai animando o sertanejo santanense nesses primeiros quinze dias de primavera. A floração da craibeira e do pau d’arco saúdam as “noivas” pantaneiras que escolheram o Bairro da Floresta. E o marasmo da tardinha vai rezando o terço na aproximação do Ângelus. Breve, o lençol negro da noite envolverá o corpo sagrado da Natura e, o poeta se recolherá às incertezas noturnas.

Ô SERTÃO!.

FLORADA DA CRAIBEIRA (FOTO: B. CHAGAS).

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