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domingo, 21 de novembro de 2021

A COLUNA PRESTES E O REI DO CANGAÇO.

Por Beto Rueda

A Coluna Prestes foi um movimento tenentista que pretendia promover a insurreição contra o governo Arthur Bernardes e o poder das oligarquias ainda no período da República Velha, entre 29 de abril de 1925 a 3 de fevereiro de 1927.

Liderada por Luiz Carlos Prestes, Miguel Costa, Juarez Távora entre outros, foi uma marcha que percorreu 25 mil quilômetros pelo interior do país. Começou pelo Rio Grande do Sul e atravessou mais 12 Estados Brasileiros, encerrando a sua trajetória na Bolívia.

A Coluna, ao entrar no Ceará com estimados 1.500 homens, fez com que as autoridades locais se alarmassem; tinha que ser feito alguma coisa para conter aquele levante.

O Deputado Federal Floro Bartolomeu foi designado ao posto de Comandante Geral das Operações pelo então Presidente do Brasil. Por intermédio do Padre Cícero, convidou Lampião e seu grupo a combater Prestes pois considerava o seu conhecimento de toda região e sua experiência nas táticas de guerrilha, fundamentais para o confronto.

Com a promessa de armamentos novos, isenção dos crimes praticados até então e a patente de capitão a Lampião, primeiro tenente a Antônio Ferreira da Silva e segundo tenente a Sabino Gomes, o chefe dos cangaceiros atendeu o pedido do Padre Cícero do qual era devoto e partiu com seu grupo para o encontro.

Passaram por Barbalha, acamparam na Fazenda Nova que pertencia a Floro enquanto se preparavam para entrar na cidade de Juazeiro do Norte. A presença do famoso sicário nos arredores da cidade causou sensação, todos queriam vê-lo de perto.

No dia 04 de março Lampião e seus cangaceiros entraram na cidade, foi uma enorme algazarra: muitos curiosos se concentraram nas ruas e praças por onde passava o Rei das Caatingas e seus bandoleiros. Rumaram diretamente para a casa de João Mendes, comerciante e poeta popular.

Lampião Recebeu as visitas com cortesia e seu ar imponente. Deu algumas esmolas e jogou moedas para os meninos na rua. Estava gostando da estadia. Concedeu até entrevista ao médico Otacílio Macedo contando as suas aventuras e apresentou os seus homens.

O ponto alto da visita foi o encontro com o Padre Cícero que não gostou do encargo que tinha caído sobre os seus ombros. Mandou chamar o inspetor do Ministério da Agricultura Pedro de Albuquerque Uchôa para formalizar a nomeação. Esse documento em termos gerais concedia ao capitão Virgolino Ferreira da Silva e seus comandados, a "permissão" de viajar livremente, de Estado a Estado, em companhia dos Batalhões Patrióticos, na perseguição aos revoltosos.

Quando deixou Juazeiro no dia 08 de março, Lampião pretendia cumprir o acordo. Foi pelo Sul, em direção à Bahia. No limite do Estado entretanto, ainda em Pernambuco, a polícia não reconheceu a sua patente e perseguiu o contingente. Desiludido, sentindo-se enganado, ele e seus cabras fizeram meia volta e pegaram o caminho para o Norte, voltaram para o Ceará em direção a Juazeiro com intenção de pedir apoio ao Padre Cícero. Antes que chegassem, o padre mandou avisar que não iria mais recebê-los.

Pelo descrédito das patentes e pelas promessas não cumpridas, voltou a praticar crimes como antes, voltou a ser o Rei do Cangaço.

Durante o resto da vida se autodenominou Capitão. Pela força do destino, Lampião e a Coluna Prestes nunca se encontraram.

REFERÊNCIAS:

CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1986. p. 20.

LUCETTI, Hilário. Histórias do cangaço. Crato: Gráfica Encaixe Ltda, 2001.

SOUZA, Anildomá Willans de. Lampião, o comandante das caatingas. Serra Talhada: [s.n.], 2001.

LUSTOSA, Isabel. De olho em Lampião: violência e esperteza. São Paulo: Claro Enigma, 2011.

IRMÃO, José Bezerra Lima. Lampião, a raposa das caatingas. Salvador: JM gráfica e Editora, 2014.

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