*Rangel Alves da Costa
Já se disse –
e com razão – que o verdadeiro amor é o de mãe. O ventre materno que nunca
desaparta, o seio materno que nunca abandona, o afeto que enlaça e se entrelaça
para toda vida. Sofre o sofrimento do filho, sorri a felicidade do filho.
Somente a mãe
para deixar de ser em si, para ser o que foi gestado em sua cria. Para amar e
perdoar, para compreender e ensinar. Para adoecer a enfermidade que o filho
sinta, para preferir morrer a perder o que brotou.
Em 1884, o
pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944), retratou em pintura a óleo uma
realidade triste e angustiante, mas também amorosa e de profunda ternura. Na
pintura, intitulada “A Menina Doente” (ou “A Mãe à Cabeceira da Criança
Doente”), está traduzido o sentimento da dor e da aflição.
Sobre uma cadeira
e com parte do corpo envolto em lençóis, uma menina doente (cabelos ruivos, de
pele clara, ainda na flor da idade), de feições já tomadas pela enfermidade,
tendo ao lado sua mãe. A menina, de cabeça levemente voltada para o lado,
apenas sente as carícias e o afago das mãos de sua mãe.
Esta, de
cabeça baixa, certamente chora, mas aquele choro represado, mais por dentro do
que pelo lacrimejar, ante a angústia da filha. Na pintura, Munch retratava a
doença de sua irmã de apenas quinze anos e o sofrimento de sua mãe perante tão
desesperadora situação, eis que a menina realmente não suportou a enfermidade e
faleceu de tuberculose. Ademais, uma pintura que fielmente traduz o amor de uma
mãe.
A pintura
comove pela beleza e pela situação de angústia e de dor tão bem expressada. Mas
uma realidade constante perante o amor de mãe, perante a devoção de mãe,
perante a abnegação de uma mãe e os desalentados instantes que envolvem os
seus.
Mãe que sofre
o mesmo sofrimento do filho, mãe que chora a mesma dor do filho, mãe que seria
de se doar à morte para salvar a vida de um filho. Não apenas em leitos de
enfermidades, mas em todas as situações e instantes de vida.
O amor de mãe
é tamanho e seu coração tão protetor, que somente sua alma para traduzir seu
real sentimento. Assim perante uma doença ou mesmo outra situação difícil
passada pelo filho, mas que se imagine o tamanho do sofrimento perante a morte
de sua cria desde o mais profundo do ventre.
Um amor tão verdadeiro que se torna impossível ao ser humano discernir sua dimensão. E somente Deus para compreender tal amor e igualmente amá-la em plenitude.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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