Por Beto Rueda
Influência
política e posse de terras eram os principais pontos de conflito entre famílias
tradicionais e colonizadoras na região do Pajeú do sertão nordestino.
Oriundo de um
importante clã do semiárido, descendente de Andrelino Pereira da Silva o Barão
de Pajeú, Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), nasceu em Vila Bela
Pernambuco(hoje Serra Talhada), no dia 20 de janeiro de 1896. Filho de Manoel
Pereira da Silva e Constância Pereira da Silva.
Durante um
longo período, os Pereira estavam envolvidos em disputas acirradas com outros
grupos políticos e econômicos da região, em especial a família Carvalho. Esses
conflitos desencadearam em uma série de assassinatos e desmandos. Algumas
dessas mortes, em especial a do irmão de Sebastião, Né Pereira, fizeram com que
ele e o primo Luiz Padre fossem atrás de vingança contra a impunidade, pelo
cangaço, em 1916.
Sinhô Pereira
formou um grupo que costumava atuar principalmente em Pernambuco. Rapidamente
ganhou destaque na atuação em batalhas, por sua coragem e habilidades de
guerrilha.
Mesmo com fama
de justiceiro, Sebastião não se sentia bem à margem da lei. Isso o levou a se
afastar do cangaço por um tempo, em 1918, e buscar uma vida comum. Aconselhado
por parentes e com uma carta de recomendação do padre Cícero para um trabalho
no Maranhão, sua intenção era refazer a vida em Goiás. Partiu do Barro, Ceará,
onde morava, com o primo Luiz Padre e mais seis homens de confiança. No Piauí,
nas imediações de Caracol, foi perseguido pelo tenente Zeca Rubens. Sem
conseguir reagir pois as armas estavam guardadas nas malas, escapou de ser
preso. Na confusão, os dois primos resolveram se separar. Luis Padre e mais
dois companheiros atingiram o Estado de Goiás. Sinhô Pereira sem conseguir
atravessar, perseguido novamente e perdendo o companheiro Caracol, enfurecido,
resolveu voltar para Pernambuco.
Estabelecido
novamente na sua terra natal, reuniu o grupo com 23 cabras e voltou a agir como
antigamente.
Os
Ferreira(Antônio, Levino, Virgolino) e Antônio Rosa, procuraram Sinhô Pereira e
se incorporaram ao bando. Foi um assombro, praticaram muitas ações juntos.
Sinhô ficou impressionado com a inteligência e o espírito de liderança de
Virgolino.
Acossado por
todos os lados, arquitetou e determinou a execução de uma última empreitada na
Paraíba: o ataque ao povoado de Jericó em Catolé do Rocha e o assalto a três
coronéis: Valdevino Lobo(fazenda Dois Riachos) Adolfo Maia(Curralinho) e
Rochael Maia(Arruda). Roubaram muito dinheiro e ouro.
Em 08 de
agosto 1922, Sinhô Pereira decidiu abandonar definitivamente a vida errante do
cangaço. Acompanhado dos cangaceiros Vicente e Lavandeira partiu para Dianópolis
(na época em Goiás, hoje Tocantins). Seu primo Luiz Padre o esperava. O grupo
composto por Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Gato, Elias, Antônio Rosa, Meia
Noite, Coqueiro, Plínio, Bem te Vi, Patrício, Raimundo, Agostinho, João
Genoveva, Pedrão, Zé Dedé, José Melão, Laurindo, João Mariano, Antônio Mariano,
tinha um novo comandante: Virgolino Ferreira, o Lampião. Apagava-se uma
fogueira e acendia-se outra.
Muitos anos a
frente, estabeleceu morada em Minas Gerais: Patos de Minas, Mata dos Fernandes
e Lagoa Grande. Trabalhava nessa época como farmacêutico e atendia pelo nome de
Chico Maranhão.
Depois de
muitas histórias em terras do cerrado e montanhas, Sinhô Pereira retornou ao
Pajeú somente em junho de 1971, para visitar os familiares em Serra Talhada.
Faleceu de
causas naturais no dia 21 de agosto de 1979, no distrito de Lagoa Grande,
município de Presidente Olegário, aos 83 anos.
Terminava ali
a jornada do velho cangaceiro que um dia foi o comandante de Lampião.
REFERÊNCIAS:
MACEDO,
Nertan. Sinhô Pereira: o comandante de Lampião. 2.ed. Rio de janeiro: Renes,
1980.
SOUZA,
Anildomá Willans de. Nas pegadas de Lampião. Serra Talhada: Esdras Graphic,
2004.
ARAÚJO,
Antônio Amaury Corrêa de; ARAÚJO, Carlos Elydio Corrêa de. Lampião: herói ou
bandido? São Paulo: Claridade, 2009.
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: segredos e confidências do tempo do cangaço. 3.ed. São Paulo: Traço, 2011.
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