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sábado, 6 de julho de 2024

ESCRAVO REPRODUTOR' TEVE MAIS DE 200 FILHOS E VIVEU 130 ANOS, AFIRMA FAMÍLIA

Do acervo da Patrícia F. Gibim

Como era alto - tinha 2,18 m - e, na época, acreditava-se que homens com canelas finas gerariam filhos do sexo masculino, foi escolhido para se deitar com as escravas e gerar mais mão de obra.

Também cuidava dos cavalos e era responsável pelo transporte de correspondência entre a fazenda e a cidade.

Segundo a neta, foi como 'correio' que ele conheceu a esposa. "Ele ia buscar as cartas em São Carlos e, quando passava, via uma moça magrinha, barrendo, barrendo", contou Madalena.

Um dia, ele pediu a mão da moça e, com o "sim", colocou a jovem na garupa e rumou para a fazenda. Foi celebrado o casamento e Roque ganhou dos patrões 20 alqueires de terra. Depois de gerar mais de 200 filhos na senzala, era hora de formar a própria família com Palmira, com quem teve mais nove crianças.

Multitarefa

Sem arame para cercar todo o terreno, Pata Seca acabou perdendo grande parte da propriedade. Para sustentar a família, fazia canecas e assadeiras com lata, criava galinhas, plantava abobrinha e mandioca e preparava rapaduras. Depois, saía para vender os ovos, utensílios e doces por fazendas da região.

"Ele tinha um cavalinho e, como era muito grande, arrastava os pés no chão. Falavam que ele ia acabar matando o animal e ele dizia que não, que era o ganha pão dele", afirmou Madalena.

Amigo de Roque, Marcílio Corrêa Bueno, de 88 anos, se lembra dessa época. "Eu morava na fazenda Grande e, nesse tempo em que eu morei lá, ele ia vender ovo, frango, rapadura. Fazia uma rapadura! De coco, abóbora, mamão, leite, cidra...".

"Se dava com todo mundo, meu pai se dava muito com ele", lembrou o aposentado, recordando ainda que Pata Seca era religioso e costumava realizar festas no sítio em homenagem a São João, sempre recebendo bem os convidados.

Memórias

Madalena também guarda memórias do convívio com o avô e não esconde o orgulho ao falar dele.De pequena, lembra-se de Roque sempre de camisa branca e postura ereta.

Conta que Pata Seca fazia questão de varrer todos os dias a parte ao redor da casa do sítio, cercada por mangueiras, e que o café era preparado por tio Zé. Roque sempre comia fubá mexido na panela com banha de porco e café preto, e levava o café para Palmira, que ficou cega depois de complicações em um dos partos. Já no almoço, costumava comer arroz e feijão com torresmo ou frango.

Para dormir, deitava-se em uma cama de tarimba com colchão de palha de milho. Para os netos, foi dessa cama que caiu o prego que feriu o pé do avô. "Pegou bicheira. Usaram o remédio da senzala - fumo, urina e álcool - e uma moça cuidava, mas ela viajou para Rio Preto e ele piorou", disse Madalena.

Internado na Santa Casa de São Carlos, Roque morreu em fevereiro de 1958, apenas três meses depois de participar do desfile de aniversário da cidade como o homem mais velho do município.

Fatos curiosos

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