Por Kennyo Alex - Ascom/UFCG
Estudo aborda uso da medicina alternativa, rezas e crendices no cangaço
O jornal O Globo destacou na edição do último dia 28 de Janeiro, no caderno Ela, uma pesquisa realizada pelo professor e historiador da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Iranilson Buriti, que aborda um aspecto pouco conhecido do cangaço: a criação de alternativas de cura, rezas e crendices.
“Há um silêncio muito grande na historiografia e nas fontes documentais sobre cura no cangaço”, revela o pesquisador, que pretende lançar um livro sobre o tema. Na matéria de página inteira, produzida por Bety Orsini, ele conta que cresceu ouvindo os “causos” contados pelo avô materno, envolvendo Corisco, Lampião e Antônio Silvino.
Mais tarde, já historiador, de vez em quando se deparava, em suas pesquisas, com reportagens sobre o cangaço. “Uma coisa me chamou atenção: todas as reportagens falavam de morte, de violência. Isso deu um estalo dentro de mim e me perguntei: não existe outra coisa no cangaço além da morte?
Com esta pergunta, Iranilson decidiu fazer o caminho inverso ao das reportagens. Ao invés de elaborar novamente uma pesquisa sobre a violência no cangaço, passou a pesquisar o outro lado desse discurso, ou seja, “as identidades construídas a partir do desejo de viver, da vontade de curar”, diz.
Ele descobriu que os bandoleiros eram, sobretudo, peritos em táticas de sobrevivência, e que diante de frequentes situações de desespero e perigo de vida, recorriam a novas alternativas de cura, rezas e superstições.
“Na verdade, eles não criavam novas práticas”, diz. “Elas eram ressignificadas na ausência de determinadas ervas ou remédios. Os cangaceiros já levavam consigo um receituário de curas populares, de rezas, de crendices que aprendiam em casa. Quando iam para o bando, levavam essas ervas com eles e muita coisa era ressignificada a partir do cotidiano deles”, explica o pesquisador, que na infância também teve muitas experiências com remédios caseiros e crendices populares.
“Já usei melão-de-são-caetano em frieiras (micoses), tomei leite-ferrado (com uma pedra fervida dentro) misturado com mastruz para engrossar o sangue, coloquei galho de arruda por trás da orelha para curar azia”, enumera, lembrando os tempos de criança na zona rural de Campina Grande.
Em relação à eficácia dos remédios caseiros, o historiador reconhece que este é um assunto complexo, “pois existem muitas discussões entre a medicina alternativa e a medicina científica”. Já as superstições chamam a atenção principalmente pelo inusitado, como as simpatias para curar verrugas, as quais recomendavam, por exemplo, passar um osso de animal morto por cima da verruga, uma lagartixa viva ou - acreditem - pó da terra por onde pisou um amancebado ou amancebada.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
Mais tarde, já historiador, de vez em quando se deparava, em suas pesquisas, com reportagens sobre o cangaço. “Uma coisa me chamou atenção: todas as reportagens falavam de morte, de violência. Isso deu um estalo dentro de mim e me perguntei: não existe outra coisa no cangaço além da morte?
Com esta pergunta, Iranilson decidiu fazer o caminho inverso ao das reportagens. Ao invés de elaborar novamente uma pesquisa sobre a violência no cangaço, passou a pesquisar o outro lado desse discurso, ou seja, “as identidades construídas a partir do desejo de viver, da vontade de curar”, diz.
Ele descobriu que os bandoleiros eram, sobretudo, peritos em táticas de sobrevivência, e que diante de frequentes situações de desespero e perigo de vida, recorriam a novas alternativas de cura, rezas e superstições.
“Na verdade, eles não criavam novas práticas”, diz. “Elas eram ressignificadas na ausência de determinadas ervas ou remédios. Os cangaceiros já levavam consigo um receituário de curas populares, de rezas, de crendices que aprendiam em casa. Quando iam para o bando, levavam essas ervas com eles e muita coisa era ressignificada a partir do cotidiano deles”, explica o pesquisador, que na infância também teve muitas experiências com remédios caseiros e crendices populares.
“Já usei melão-de-são-caetano em frieiras (micoses), tomei leite-ferrado (com uma pedra fervida dentro) misturado com mastruz para engrossar o sangue, coloquei galho de arruda por trás da orelha para curar azia”, enumera, lembrando os tempos de criança na zona rural de Campina Grande.
Em relação à eficácia dos remédios caseiros, o historiador reconhece que este é um assunto complexo, “pois existem muitas discussões entre a medicina alternativa e a medicina científica”. Já as superstições chamam a atenção principalmente pelo inusitado, como as simpatias para curar verrugas, as quais recomendavam, por exemplo, passar um osso de animal morto por cima da verruga, uma lagartixa viva ou - acreditem - pó da terra por onde pisou um amancebado ou amancebada.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
“Pegava-se o pó da pisada do sujeito e passava por cima da verruga. Logicamente que nada disso servia”, relata bem humorado, lembrando que a mãe o proibia de contar as estrelas do céu. Segundo ela, cada estrela contada era uma verruga nascida. “Mas eu nunca obedeci. Amava contar as estrelas”, finaliza.
A matéria foi sugerida por Kydelmir Dantas
Fonte PBagora
CLIQUE AQUI e confira um resumo da pesquisa de Iranilson Buriti em arquivo PDF.
Extraído do blog: "Lampião Aceso"
Nenhum comentário:
Postar um comentário