Por: Geraldo Maia do Nascimento
No dia 13 de
maio de 1925, numa quarta-feira, circulou pela primeira vez nas ruas de Mossoró
o jornal “Correio do Povo”, tendo como seu proprietário e diretor José Octávio
e como redatores os intelectuais Jeremias Limeira e Manoel Rodrigues. A gerência
estava a cargo do artista tipográfico Cícero Adeoliveira.
O
jornal nasceu com a proposta de ser independente e dedicado a causa não só do
município de Mossoró como também de todo Oeste potiguar, como anunciou o seu
fundador logo no primeiro número. O seu slogan era: Mossoró acima de tudo. E
realmente, durante o período em que circulou, agitou vários problemas ligados a
comunidade mossoroense como saneamento, hospital, diocese, calçamento,
arborização, costumes, estrada de ferro e principalmente o problema da energia
elétrica de Mossoró.
Naquela
época, Mossoró estava escravizada a um contrato leonino de 99 anos, lavrado em
1916. Segundo as palavras de José Octávio, não havia iluminação pública, e sim
um simulacro, com 120 lâmpadas de 30 Watts, um motor de 40 HP a óleo cru,
fornecendo energia e claridade “igual à luz dos pirilampos”. Nesse caso
específico, o Correio do Povo fez uma dura campanha, através da pena flamejante
de Jeremias Limeira. E em 1926, quando o Cel. Rodolfo Fernandes assumiu a
Prefeitura de Mossoró, encampou para a Prefeitura à velha, inoperante e arcaica
empresa de luz, passando a oferecer um serviço de qualidade muito superior.
Dessa forma o município se livrou das cláusulas de um contrato que o escravizaria
por 99 anos, se não fosse essa campanha encabeçada pelo jornal Correio do Povo.
O
jornal teve, durante o tempo em que circulou, vários redatores. Até 1928, data
da sua temporária e forçada suspensão, segundo o seu proprietário, “motivada
por acontecimentos deploráveis de arbítrio do poder”, escreveram nessa folha
semanalmente: Dr. Abel Coelho, Pe. Paulo Herôncio, Amâncio Leite, professores
Manoel João e Raimundo Nonato, Tenente Luiz Cândido e outros intelectuais da
época.
O
Correio do Povo era o único jornal no Estado que mantinha oficina de
fotogravura. Ilustrava suas páginas com os “clichês” dos acontecimentos
sociais, políticos e esportivos, elevando o seu conceito artístico acima das
folhas congêneres. Foi também o primeiro órgão que circulou como diário em
Mossoró.
Em
1930 ressurgiu o Correio do Povo, mas com uma proposta diferente da inicial.
Reabriu como órgão de apoio a Aliança Liberal, partido político apoiado pelo
advogado e político potiguar Café Filho. Segundo José Octávio, o seu fundador,
“o jornal defendia o programa, a ação e o seu chefe. Todas as diatribes e
verrinas atiradas pelos adversários, o Correio do Povo as revidava com vigor,
chegando até o debate pessoal”. Com essa postura, José Octávio perdeu velhas
amizades e interesses, porque na defesa do partido que o jornal apoiava, não
havia barreiras que não fossem transpostas.
O
jornal Correio do Povo circulou até 2 de dezembro de 1934, quando fechou suas
portas definitivamente.
José
Octávio Pereira Lima, o seu fundador e diretor, nasceu na cidade paraibana de
Araruna, a 8 de setembro de 1894, mas foi em Mossoró onde viveu a maior parte
da sua vida, desempenhando as atividades de comerciante, dono de livraria,
atelier fotográfico e jornalista combativo. Publicou o livro “Terra Nordestina,
problemas, Homens e Falas”, e escreveu um trabalho em versos historiando o
ataque de Lampião a Mossoró. Foi Inspetor Federal do Ensino e primeiro prefeito
provisório de Mossoró, após a Revolução de 30. Governou Mossoró no período de 6
de outubro de 1930 a 17 de outubro de 1930. Foi, portanto, o chefe da edilidade
mossoroenses que menos tempo permaneceu em exercício.
Homem
idealista e cheio de entusiasmo pelos problemas mossoroenses, sendo um dos
obreiros do seu progresso. Faleceu em Niterói/RJ, a 3 de abril de 1958.
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Fonte:
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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
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