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domingo, 2 de junho de 2013

Qual teria sido o Jararaca? - 1, 2 ou 3?

Por: Cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira

Amigo Mendes,

Uma vez ouvi uma história contada por um cabra daí, das bandas do nordeste, isto é, do Cariri Velho de Baixo, e segundo este homem, o tal cangaceiro por alcunha Jararaca não fazia tanto jus ao apelido recebido, comparando-o ao comportamento super- agressivo e cruel da tal serpente peçonhenta.

Isto aconteceu em Sergipe, numa manhã ensolarada do mês de agosto, mais ou menos nove horas, quando se ouvia ao longe a cantiga dos cocões de um velho carro de bois, carregado de troncos de aroeira, que a passo lento vinha pela estrada estreita, subindo a longa rampa no sopé de uma serra. O aboio do carreiro que conduzindo seis juntas de bois, ecoava à léguas de distâncias, dentro daquele sertão bravio.

Bem adiante, quando o referido carro de bois alcançava o alto do espigão, o carreiro viu à sua frente, sentado sobre uma pedra, à sombra de uma barriguda, um homem negro, alto, cabelos de carapinha, cansado, faminto e com a roupa toda rasgada. Esse estava com um punhal atravessado no cinturão, desprovido de munição e segurava um fuzil que num gesto súbito, se levantou e acenou para o carreiro parar, aproximando-se então do carreiro, pediu-lhe água e comida.

Aproveitando a sombra da árvore, o carreiro deu um descanso aos bois, em seguida pegou uma patrona de couro e também uma cabaça repleta de água fresca, descendo do carretão, sentou-se ao lado do estranho, dando-lhe a porunga com água.

O cabra bebeu gorgolejando e derramando água pelo peito a fora, limpou a boca com a costa da mão, pegando uma cuia com um bocado de farinha e alguns nacos de jabá cozido. Alimentando-se com muita avidez, notava-se que o cabra era um cangaceiro, e estava foragido há dias em meio às caatingas do sertão, e era isto mesmo. Mas mesmo assim, o carreiro não demonstrou medo, nem fez perguntas ao estranho, que lhe pediu uma carona ao carreiro até mais adiante, e assim, durante a viagem, ele adormeceu, vindo a despertar-se assustado com o solavanco do atrito das rodas de madeira com as pedras do caminho. Isto já a algumas léguas de distância. Eles estavam perto de um riacho, dai o cabra pediu para o carreiro parar. Logo após ele apear, perguntou-lhe:

- O senhor é casado?
- Sim.
- E quantos filhos o senhor tem?
- Três.
- O senhor é dono de terras?
- Não. Sou empregado. 

Daí, o cabra tirou de dentro do cinto quatro patacas de ouro maciço e entregou ao velho carreiro dizendo-lhe:

- Isto, meu amigo, é um presente do cangaceiro Jararaca. Vá com Deus,  e que o meu Padim Ciço lhe proteja pelo caminho.

O carreiro agradeceu com um gesto de cabeça e partiu feliz, tangendo os bois pela longa estrada poeirenta.

Já o cangaceiro Jararaca embrenhou-se caatinga à dentro, rumo à uma fazenda por nome "Toca do Mocó", para se abastecer de munição e suprimentos, e se reagrupar com os demais cangaceiros, dispersados pelo confronto com a volante do tenente Zé Rufino.


Esta é mais uma das mil histórias do cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira.

Enviado pelo autor

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo23:42:00

    CARO AMIGO MENDES, DE ACORDO COM O TRABALHO ELABORADO PELOS MAIS COMPETENTES PESQUISADORES E ESCRITORES DESTE FANTÁSTICO MUNDO DO CANGAÇO E SEGUNDO A SEUS RELATOS E ESCLARECIMENTOS SOBRE O ASSUNTO;NÃO SE SABE AO CERTO SE FOI TALVEZ POR UMA TÁTICA DE GUERRILHA OU ALGUMA ESTRATÉGIA PARA CONFUNDIR SEUS PERSEGUIDORES QUE LAMPIÃO USOU A ARTIMANHA DE REPETIR,E OU COLOCAR NOMES DE CANGACEIROS ABATIDOS EM COMBATE PARA BATIZAR OS NOVATOS QUE ENTRAVAM PARA O SEU BANDO. ADOREI SUA CORREÇÃO,AGORA SE É O JARARACA 1,2 OU TRÊS, EU NÃO VOU LHES DIZER MAS, DEIXAREI PARA MOSTRAR AOS LEITORES NA PRÓXIMA HISTÓRIA QUE LHE POSTAREI EM BREVE.VOCÊ VAI GOSTAR, ACREDITO.

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