Por
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2013. - Crônica Nº 1095
Desde as
décadas mais distantes no Nordeste que os entendidos já diziam que Sertão só
prestava para polícia e cangaceiro. Não sabemos amigos, se alguém perguntou
isso aos chefes de volantes como Aniceto, João Bezerra, Manoel Neto, Zé Rufino
ou ao bandido Lampião.
O certo é que sempre fomos pródigos em ditados populares no Brasil, especialmente na Região Nordeste, onde a filosofia corre na boca de todos, inclusive dos analfabetos. Foi assim também que filosofou o repentista quando o companheiro de cantoria falava na brabeza da seca:
“Eu tava me sustentando
De fruta de
macaúba
Mas o galho
ficou alto
Eu não conheço
quem suba
De vara
ninguém alcança
De pedra
ninguém derruba”.
E por falar em
seca, inventaram também outro adágio interessante a respeito do assunto: “Da
seca do Sertão só escapa jumento e padre”. Padre porque sempre gozou de
mordomia alimentar nas caatingas sertanejas; jumento porque quanto mais seco
fica o tempo, mas o bicho engorda comendo tudo que aparece à frente, inclusive
casca de pau.
Agora nesse Sertão velho de meu Deus, o progresso anda a cavalo, mas os assaltos chegam de supersônicos. Virou moda em Santana assaltar mercadinhos, porém, ao perder a graça, fizeram novo lançamento migrando para as lojas do Comércio, calçadas residenciais e escolas do governo. Ninguém tem mais lugar seguro em Santana do Ipanema. O cão tá solto e a população há muito reclama do desarmamento para pessoas decentes. A conversa de ouvido a ouvido é uma só: é preciso um governo forte que faça uma limpeza geral no país inteiro, para começar tudo do zero. Ninguém sabe até quando a população vai aguentar sem agir em bloco como no Velho Oeste americano. Uma coisa apenas sabemos: isso estar ficando cada vez mais perto. Enquanto a limpeza geral não vem, o que se pode fazer ainda é filosofar como nossos avós. Dessa violência que tomou conta da capital e do interior, não escapa ninguém, nem mesmo JUMENTO E PADRE.
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