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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Ceará de Nogueira Accioly: O poder em Fortaleza Parte 3

Por: Manoel Severo

Voltemos a janeiro de 1912, mês em que se consagraria o movimento de derrubada da oligarquia acciolina, comandada por vinte anos (1892 a 1912) com punhos de aço pelo senador e presidente do Ceará, Nogueira Accioly, cabe um capítulo interessante para comentarmos a base de apoio de Accioly na capital cearense: Interventor Guilherme Rocha.

Passeata das Crianças: Revolta Urbana de 1912 pelas ruas de Fortaleza

Guilherme Rocha era natural de Fortaleza, coronel da Guarda Nacional, chegou a ser presidente da Câmara Municipal e vice-presidente do estado do Ceará; por todo o período em que Nogueira Accioly mandava no estado, Guilherme Rocha se manteve no poder, inclusive se perpetuando como interventor da capital entre os de 1892 a 1912, exato período da absoluta supremacia acciolina do Ceará.


Interventor Guilherme Rocha 

Se por um lado o governo de Accioly foi marcado por desmandos e descasos de toda sorte, a passagem de Guilherme Rocha pelo governo de Fortaleza foi marcado por um conjunto de obras físicas que se consagraram até os dias de hoje. A preocupação do interventor em embelezar a cidade acabou proporcionando a construção de prédios públicos e praças que marcariam a capital cearense por muito tempo, como os jardins das praças do Ferreira, Sé, Coração de Jesus e do Carmo, igrejas com o "Pequeno Grande" e do "Carmo" sem falar no majestoso e famoso Teatro José de Alencar, na antiga praça Marques de Herval, hoje praça José de Alencar. Dizia-se que o governante queria imprimir um "jeito europeu" de viver, na capital cearense.

Teatro José de Alencar, uma das fantásticas obras de Guilherme Rocha  

Apesar de nomeado intendente já na época da república (1892) , Guilherme Rocha, copiando seu chefe político; Nogueira Accioly; também teve sua vida pública iniciada bem antes, quando no império já era Cônsul da Bélgica, além de vereador e presidente da câmara municipal .  Com a proclamação da república assumiu o cargo de agente do Loyde Brasileiro em Fortaleza além de Comandante Superior da Guarda Nacional, sendo um dos sustentáculos do Partido Republicano Federal liderado por Accioly, que haveria de eleger toda a bancada para a Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa. 


Fuga de Nogueira Accioly após levante de 1912

Ao final dos três dias em que a capital cearense tornou um verdadeiro campo de batalha, de 21 a 24 de janeiro de 1912,  dois dos principais alvos dos oposicionistas foram as casa de Nogueira Accioly ; localizada na esquina das ruas 24 de maio e Tv Municipal (hoje rua Guilherme Rocha) ; e a do intendente da capital, Guilherme Rocha que ficava na praça do Liceu. Ambas foram incendiadas pela população enfurecida. 

Guilherme Rocha caiu junto com seu líder Nogueira Accioly em Janeiro de 1912, caia ali o mais longo governo que a capital cearense iria conhecer: 20 anos. Guilherme Rocha, nascido em 1846 viria a morrer 16 anos após a revolta de 1912, em Fortaleza em julho de 1928.
 
Continua...

 
Manoel Severo
Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo13:07:00

    O que tenho procurado observar caro Mendes e Professor Severo, é que, no nosso Nordeste nos velhos tempos existiam seus rebuliços, começando por Cidade Princesa e outros lugares. Nos tempos dessas lutas o jovem Virgolino Ferreira estava em plena adolescência, e acho que muitos desses conflitos influenciaram na vida do futuro rei do cangaço. Parece que tudo isso impulsionou a coragem do MENINO VIRGOLINO.
    Abraços Severo e Mendes.
    Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista Serrinha Bahia

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