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segunda-feira, 3 de março de 2014

Os foliões Gonzaga e Chapita no carnaval de Mossoró - 02 de Março de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento


No final da década de cinquenta, o país se emocionava com a radionovela “O Direito de Nascer”. O sucesso da novela era tão grande que acabou virando marchinha de carnaval.

Em Mossoró, Luís Gonzaga da Rocha, um jovem folião, humilde mas de grande criatividade, resolveu inovar naquele carnaval de 1957. Idealizou uma boneca gigante, feita com armação de arame e aspas, coberta com papel de saco de cimento. Depois da estrutura pronta, pintou a boneca de preto e cobriu seu corpo com um grande vestido de estampa colorida. Na hora de escolher o nome da boneca, não teve dúvida: o resultado do seu trabalho tinha ficado semelhante a descrição de uma das personagens da telenovela que era Mamãe Dolores. Nascia assim a primeira boneca gigante do carnaval de Mossoró.

De 1957 até 1976, aproximadamente, a boneca saiu todos os anos sob o comando do próprio Gonzaga, que reunindo um grupo de amigos, percorria os diversos bairros da cidade, entoando a marchinha “O Direito de Nascer” acompanhada por batucada de bombos e taróis, para o deleite dos adultos e o terror das crianças que corriam com medo da boneca.

Em 1977 morre o folião Luís Gonzaga da Rocha. Mas para não deixar morrer a tradição, o seu filho, Luís Gonzaga Filho, volta a botar a Mamãe Dolores nas ruas, em homenagem a memória do seu pai e para a alegria dos foliões que amam o verdadeiro carnaval de rua.

A iniciativa de Luís Gonzaga de criar a Mamãe Dolores fez escola em Mossoró, tanto assim que em 1967 um outro folião, o mecânico de automóveis Edmilson Cassiano da Silva, mais conhecido por Chapita, resolveu também criar uma boneca gigante para brincar o carnaval. Nascia assim a “Maria Manda Brasa”, que saiu pela primeira vez no carnaval de 1967, ao som de um fole tocado pelo próprio Chapita, acompanhado por bombos, taróis e reco-reco, tocados pelos amigos.

Chapita era uma pessoa muito alegre e extrovertida, que no período de carnaval enchia a casa de amigos, principalmente crianças, de onde saiam com a boneca, todos os dias de carnaval, cada dia em um bairro diferente. Com o tempo, Chapita foi criando outros bonecos como o Boi e o Jaraguá, este último um misto de corpo de homem e cabeça de animal.

Chapita morreu em 1979 deixando saudades, pois com sua morte desapareciam seus bonecos do carnaval de Mossoró.

A fase áurea dos grandes carnavais mossoroenses perdurou até o final dos anos setenta. A rivalidade existente entre os clubes Associação Cultural e Desportiva Potiguar (ACDP) e Ypiranga deixaram saudades. Eram clubes frequentados pela elite, onde mesas cativas eram disponibilizadas às famílias mais tradicionais. Nas ruas, blocos carnavalescos eram organizados, cada bloco trabalhando suas alegorias de modo a superar seus concorrentes. Marcaram época nos anos setenta os blocos Hi Fi, composto pela elite da sociedade mossoroense, o bloco Sky, Ciganas Zíngaras, que era formado só por garotas, o Carmafeu de Oxossi, que era composto por moradores do Alto da Conceição e os Falcões, formado por moradores do bairro Doze Anos.

Hoje já não existe mais carnaval em Mossoró. Apenas algumas manifestações isoladas, fruto da obstinação de velhos foliões, nos lembra a folia de momo.

Autor: 
Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte: 

http://www.blogdogemaia.com 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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