Por Clerisvaldo B.
Chagas, 25 de agosto de 2014 - Crônica Nº
1.246
Ultimamente a
juventude brasileira vem sendo dizimada pelas drogas e pela violência das
balas. Houve tempo em que as doenças tomavam conta do país, pois a Medicina
andava em passos de jumento. As comunicações também não eram fáceis, sem falar
nas péssimas estradas que cortavam a nação, baseadas no chamado barro ou terra.
Não havia profissionais médicos o suficiente e nunca aconteceu um planejamento
desses profissionais pelo interior, sempre relegado ao segundo plano.
Até
papagaio tem medo, em Santana (Foto: Clerisvaldo).
Quem não se
lembra moradores desse estado de Alagoas, das constantes viagens que se fazia
transportando doentes para Palmeira dos Índios ou Maceió que, para o interior
representavam o fim de mundo, em estrada de terra?
Lembro-me
perfeitamente que a cerca de 20 anos atrás, o comércio santanense começava a se
preocupar com os pequenos roubos no comércio. Advertências foram feitas que
seria preciso cuidar da juventude periférica, sempre abandonada pelo pode
público. Mas também a sociedade tinha sua parcela de culpa porque se isolava
nos seus eventos particulares e coletivos e não chegava junto com nenhuma
enxada para passar na erva daninha que crescia bastante.
Foi construída
pela sociedade civil organizada um abrigo para velhinhos que lutando sempre
ainda se encontra de pé. A rede de caridade que havia no Colégio Instituto
Sagrada Família, trazida por irmãs holandesas, foi destruído por um padre que
se julgava rei.
Continuou a
sociedade aguardando apenas a assistência do poder público, como se ela
existisse e fosse perfeita em toda sua plenitude. E o resultado é esse que
lemos nos jornais de cada dia. Abandonada completamente, em todas as áreas, a
erva daninha proliferou e hoje mostra o resultado do abandono, do descaso, do
olhar enviesado que o centro lhe envia.
O bairro
Maniçoba/Bebedouro dá o toque de recolher a partir das 18 horas. Todas as
portas são fechadas e ninguém transita por ali. Bairro Lajeiro Grande, Rua da
Praia, Santa Luzia, Cajarana, conjunto Marinho, Bairro Domingos Acácio, Lagoa
do Junco, Cohab Velha e mais, são lugares que vão ficando assombrados pela
noite, onde pessoas de outras regiões procuram evitar. Até mesmo para se
conduzir um doente ao Hospital, durante a noite, o receio toma conta de
qualquer um que se aventure, mesmo de carro.
Enquanto isso,
a droga, o assalto, o roubo, os tiroteios vão fazendo à cidade refém da
insegurança e do medo.
Certamente,
com tudo isso, Santana do Ipanema ainda é uma das melhores cidades de Alagoas
para se viver. Mas já começou, de fato, a pagar a falta de mobilização pela
vida e que sozinho o poder público não consegue resolver. Talvez ainda seja
possível deixar de olhar para dentro de si mesmo e se organizar em mutirão
permanente pela juventude pobre, paupérrima, faminta e sem opções das
periferias.
CLERISVALDO B.
CHAGAS
Romancista –
Historiador – Poeta – Cronista.
Autobiografia
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo (Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antônio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da
professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove
irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental
menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o
Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase
em 1966. Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol. Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Regressou novamente a sua terra onde foi pesquisador do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística ─ IBGE. Casou em 30 de março de 1974 com a
professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas:
Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação
de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na Faculdade de
Formação de Professores de Arcoverde ─ AESA, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió ─
CESMAC, (2003).
Nesse período
de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e Geografia no Ginásio Santana,
Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto Sagrada Família. Aprovado em
1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e passou a lecionar no, então,
Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da
Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado também em mais dois concursos
públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias escolas tendo a Geografia como
base. Também ensinou História, Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e
Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários outros estabelecimentos de
ensino, além dos mencionados acima como as escolas estaduais: Ormindo Barros,
Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas e, nas escolas
municipais: São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro
Branco lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro
fundador — e ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e
Rei.
Sua vida
social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro de Santana
(Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em Santana,
Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio do Sertão
(Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor à
Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário
Jornal do Sertão (encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia
Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL. Membro fundador da Associação
Guardiões do Rio Ipanema (atual vice-presidente).
Em sua
trajetória literária, Clerisvaldo Braga das Chagas, escreveu seu primeiro
livro, o romance Ribeira do Panema (1977). Daí em diante adotou o nome
artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos
Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu
trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista:
Ribeira do Panema (romance -1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático –
1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance –
1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido?
(documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico
em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados); Santana do Ipanema,
conhecimentos gerais do município (didático – 2011); Ipanema, um rio macho
(paradidático – 2011); Sebo nas canelas, Lampião vem aí (peça teatral – 2011);
Negros em Santana (paradidático – 2012); Lampião em Alagoas (história
nordestina brasileira – 2012).
Em breve: O
boi a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema (história); 227
(história iconográfica de Santana do Ipanema); Fazenda Lajeado (romance);
Deuses de Mandacaru (romance); Colibris do Camoxinga (poesia selvagem); 100
milagres do padre Cícero (história e fé).
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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