Publicado em 20/08/2014 por Rostand Medeiros
Em uma edição
do 42º Festival de Cinema de Gramado que dividiu os Kikitos entre diversos
concorrentes e o grande vencedor da noite foi A Estrada 47, de Vicente
Ferraz, que levou o troféu de melhor longa-metragem brasileiro.
Na Segunda
Guerra Mundial, 25 mil soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) foram
enviados para combater as forças do Eixo na Itália. Quase todos os homens
encaminhados eram de origem pobre e, em sua maioria, despreparados para o
combate. Agora uma película de produção brasileira, italiana e português e
rodado na Itália, busca trazer ao público um lado mais humano desta história.
A Estrada 47,
do diretor e roteirista Vicente Ferraz conta a história de quatro pracinhas
que, repentinamente, foram parar no epicentro da guerra, no rigoroso inverno de
1944 e tiveram de se superar em todos os sentidos. Após um ataque de pânico,
eles se perdem na neve e acabam encontrando um correspondente de guerra e dois
soldados desertores: um italiano que quer se juntar à resistência do seu país
contra os exércitos de Hitler e um alemão cansado da guerra.
Assim, passam
a formar um estranho grupo de deserdados de várias nacionalidades. Com ajuda
dos dois ex-inimigos, os pracinhas tentarão desarmar o campo minado mais temido
da Itália: A Estrada 47.
Para viver
estes heróis anônimos, foi escalado os atores Daniel de Oliveira é Guima, Julio
Andrade é Tenente, Thogun Teixeira é Sargento Laurindo, Francisco Gaspar é
Piauí. Na tropa internacional, o filme conta com o italiano Sergio Rubini, o
alemão Richard Sammel e o português Ivo Canelas. Para que a guerra cotidiana
vivida pelos pracinhas tivesse na tela a veracidade necessária, Ferraz e a
equipe de produtores fizeram questão que A Estrada 47 fosse rodado
nas mesmas paisagens em que a guerra ocorreu. O projeto tem produção das
brasileiras Três Mundos Produções e da Primo Filmes, da italiana Verdeoro e da
portuguesa Stopline Films.
A II Guerra
não mudou somente o destino da humanidade no século 20, mas transformou para
sempre as vidas desses brasileiros. Mais que os conflitos que toda guerra
oferece, os protagonistas, assim como as tropas brasileiras, precisaram
transpor as barreiras da língua, do preconceito, do despreparo e do medo. São
as pequenas-grandes histórias desta guerra e de nossos soldados que revela A
Estrada 47. Mais que grandes conquistas e fatos que entraram para os relatos
oficiais, Vicente Ferraz revela os bastidores da participação do Brasil no
conflito.
Além da versão
oficial baseada em uma detalhada pesquisa de época, Ferraz contou com a
contribuição valorosa dos depoimentos dos próprios pracinhas e
ex-correspondentes de guerra. Sem cair na armadilha do chamado “filme de
gênero”, A Estrada 47 não é um Filme de Guerra e vai muito além de um relato
histórico. “Mais que os livros de história que li, o que mais me interessou
foram os relatos dos próprios pracinhas. Vários escreveram livros de memória.
Independentemente do valor literário, foi por meio daqueles relatos que entendi
finalmente a dimensão daquela aventura: jovens, humildes, caboclos, mulatos,
filhos do Brasil que estavam lá. A emoção, a coragem, o medo, o frio, a saudade
humanizaram muito a ideia que eu tinha daquela guerra. Vi o melhor do
brasileiro naqueles relatos”, declara o diretor.
Mas
aparentemente a crítica não tratou de forma tão positiva A Estrada 47. Rubens
Edwald Filho, o crítico cinematográfico mais conhecido do Brasil sequer tece
palavras para o ganhador de Gramado em 2014, em uma entrevista concedida ao
jornal gaúcho Zero Hora. Para o jornalista e crítico de cinema Luiz Carlos
Merten, em uma análise sobre os filmes exibidos no Festival de Gramado de 2014,
comentou após assistir este filme pela segunda; “Continuei não gostando de A
Estrada 47, mas tivemos um debate muito interessante sobre a campanha da FEB na
Itália, sobre o filme de guerra no cinema brasileiro”. Merten aponta que
Vicente Ferraz contou como, a partir das crônicas de Rubem Braga, começou a ter
uma outra percepção dessa história. Mais intimista, mais humana. Mas o roteiro
do diretor é considerado por este crítico “muito demonstrativo, com cinco ou
seis personagens brasileiros e dois desertores estrangeiros, um alemão e um
italiano. Cada um parece estar ali como porta-voz de alguma coisa”.
Já o
jornalista Francisco Carbone viu que em Estrada 47 “há uma óbvia intenção de
acertar e fazer bem feito”. Ele considera o filme realizado tecnicamente com
cuidado e até um certo requinte, de direção de arte principalmente. Mas Carbone
aponta que o problema é o roteiro que em certos momentos possuí limitações e em
outros tenta alçar voos muito maiores que as suas asas suportam. Mas completa
comentando que “se a intenção era entreter e fazer um passatempo palatável para
o grande público, o filme acerta e ganha pontos”.
Apesar das
críticas e opiniões divergentes, eu concordo com Francisco Carbone quando ele
aponta que é tão difícil vermos produções assim que vale dar uma chance a essa
estrada e ver onde ela termina.
Fontes –
http://blogs.estadao.com.br/luiz-carlos-merten/gramado-6/ / http://www.portalfeb.com.br/a-estrada-47/ /http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/08/acho-que-foi-a-melhor-selecao-que-ja-fizemos-diz-critico-de-cinema-4577067.html
/http://www.vertentesdocinema.com.br/2013/10/critica-estrada-47-por-francisco-carbone.html
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.com.br/2014/08/20/filme-ganhador-do-festival-de-cinema-de-gramado-de-2014-mostra-os-dramas-dos-pracinhas-brasileiros-na-ii-guerra/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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