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sábado, 23 de agosto de 2014

Indústria do banditismo


Enquanto Lampião e seus subordinados, nos idos de 1936, transitavam livremente pelas terras sergipanas, este pequeno e sofrido rincão nordestino, berço dos geniais Tobias Barreto, Gumercindo Bessa e Sílvio Romero, homiziando-se e refestelando-se em fazendas dos Brito e de 

Eronildes de Carvalho e Antonio Caixeiro - Fonte: Antônio Corrêa Sobrinho

Antônio Caixeiro, este, pai do então governador e, depois, interventor federal em Sergipe, Eronildes de carvalho, os deputados situacionistas, Amando Fontes, Barreto Filho e Deodato Maia, requeriam, na câmara federal, a liberação de trezentos contos de réis, para auxiliar o governo de Eronides a defender Sergipe de Lampião, projeto este que teve o parecer favorável do seu relator, o notável deputado e jornalista Barbosa Lima Sobrinho. 


Segundo consta, o pedido foi aceito, mas para constituir projeto separado, e que, pelo visto, com a instalação do chamado Estado novo, pouco mais de um ano depois, em Novembro de 1937, a solicitação não foi deferida, salvo melhor informação. 

Getúlio Vargas

Penso que o ditador Vargas utilizou-se de outra estratégia de combate ao banditismo, que foi a de fortalecer politicamente os governos estaduais, com isso, diminuir a influência e o poder dos “coronéis”, do que resultou, em menos de um ano depois do golpe, na morte de Lampião e, por assim dizer, do próprio cangaço.

“O ESTADO DE SERGIPE” – 04/08/1936 PARA REPRESSÃO AO BANDITISMO


Damos hoje mais um importante projeto firmado pela bancada sergipana e da autoria do deputado Amando Fontes, cujos comentários deixamos ao critério do leitor que, por certo, saberá fazer justiça aos propósitos de bem servir a sua terra dos nossos ilustres representantes na Câmara Federal.

Onde convier: Para auxiliar o Governo de Sergipe no combate ao banditismo – 300.000$000

JUSTIFICAÇÃO

A repressão ao banditismo, problema vital para as populações do Nordeste, não pode ser feita com a necessária eficiência, em estados que dispõem de pequenos recursos orçamentários, sem o auxílio da União. Com efeito, exigindo grandes despesas com armamento, pessoal e seu abastecimento, as chamadas “forças volantes”, encarregadas da caça permanente e incansável aos grupos de bandoleiros que assolam o sertão, são verdadeiras expedições, que absorveriam e absorvem parcelas vultosas, num orçamento como o de Sergipe.

Em todos os países em que o banditismo, por circunstâncias varias, pôde se organizar, de sorte a transformar a sua ação maléfica em verdadeira calamidade pública, tem sido impotente a atuação dos poderes locais para exterminá-lo. Assim foi na Itália, onde a máfia, enquistada na Sicília, somente pôde se eliminada devido à ação direta e enérgica de Mussolini; e tal também se deu de referência aos gângsteres e kidnappers dos Estados Unidos da América do Norte, que somente vieram esmorecer em seu poder agressivo quando a Polícia Federal passou a combatê-los em toda a União.


Ideal seria que, em nosso País, também o governo da União tomasse a si o encargo de combater o banditismo organizado do Nordeste, que constitui uma verdadeira calamidade pública, pois, além de ceifar vidas, de atentar contra a propriedade e a honra dos sertanejos, ainda condena o estiolamento econômico as regiões em que impera, visto como ninguém se anima a cultivá-las, receoso sempre da investida dos bandoleiros.

Enquanto, porém, o Poder Legislativo não autorizar o Executivo a agir em tal sentido, mister se faz que pelo menos a União auxilie os Estados de mais parcos recursos financeiros a combater o terrível mal.

Sala de Sessões, 17/07/1936 – Amando Fontes – Barreto Filho – Deodato Maia 
Fac-símiles e imagens de Eronides de Carvalho, Antônio Caixeiro, Amado Fontes, Deodato Maia e Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).



Fonte: facebook

Ilustrado por José Mendes Pereira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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