Por Emerson Monteiro
Archimedes
Marques, Emerson Monteiro, Manoel Severo, Cristina Couto, Jorge e Reclus de Pla
no Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira 2014
Por volta das
12h do dia 09 de janeiro de 1922, se registrara em Lavras da Mangabeira, no
pleno centro da cidade, uma luta armada que redundaria na morte de Simplício
Augusto Leite, José Leite Filho e do major Eusébio Tomás de Aquino, restando
ferido o prefeito municipal coronel Raimundo Augusto Lima. Essa data vincou a
tradição do lugar como o dia do barulho, pela monstruosidade e repercussão que
produziu na política cearense, vistos os detalhes a seguir consignados.
Eram as primeiras décadas do século XX e nas comunas do Nordeste interior famílias de senhores feudais detinham o poderio de mando, arrebanhando tropas de cabras armados de rifles, mosquetões, bacamartes e fuzis, impondo, à força bruta, seus domínios. Em Lavras, as coisas não se dariam de outro modo. A hegemonia política da localidade coubera a dona Fideralina Augusto Lima, que mandara e desmandara, no sabor de seus humores, até sua morte em 1919, cuja herança contemplou, sobretudo, aos filhos, genros e outros parentes próximos.
Eram as primeiras décadas do século XX e nas comunas do Nordeste interior famílias de senhores feudais detinham o poderio de mando, arrebanhando tropas de cabras armados de rifles, mosquetões, bacamartes e fuzis, impondo, à força bruta, seus domínios. Em Lavras, as coisas não se dariam de outro modo. A hegemonia política da localidade coubera a dona Fideralina Augusto Lima, que mandara e desmandara, no sabor de seus humores, até sua morte em 1919, cuja herança contemplou, sobretudo, aos filhos, genros e outros parentes próximos.
Gustavo
Augusto Lima
O prefeito
Raimundo Augusto Lima, neto da matriarca, no dia aziago, instigado pela
agressividade de um irmão, Gentil, viu-se face a face com os mentores
principais da facção rival, de armas em punho. Por pouco escapou de ser
fulminado de morte nas escaramuças, recebendo balaço de raspão no curso das
costas ao crânio, em disparo de rifle, depois de negacear o corpo ao contato do
cano da arma adversária. Dentre outros que participaram do tiroteio
figuravam Anselmo, Dori e Luiz Teixeira Férrer, vulgo Lela, este que depois
contrairia núpcias com Maria, filha de Gustavo Augusto e viúva de José Leite
Filho, tombado no conflito.
Apesar das
perdas em vida registradas, o grande perdedor da refrega, no entanto, seria, a
posteriori, o coronel Gustavo Augusto Lima, filho de Fideralina e pai dos dois
envolvidos Raimundo e Gentil Augusto, então deputado estadual e presidente da
Assembléia Legislativa do Estado, ausente da cidade naquele dia
sangrento. Devido à morte do major Eusébio Tomás de Aquino, seus filhos
Roldão e Raimundo Augusto de Aquino, vulgo Raimundo de Eusébio, juraram
vingança ainda sobre o corpo do pai. Escolhido por objeto da vindita, o coronel
Gustavo era também o padrinho de batismo de Roldão, um dos filhos de Eusébio.
Visto isso, restou a Raimundo o papel de perpetrar o ato premeditado.
Dona
Fideralina Augusto Lima
Passados,
pois, um ano e dias do ocorrido no centro de Lavras, a 28 de janeiro de 1923,
em Fortaleza, na Praça do Ferreira, ocasião em que o coronel Gustavo, ao lado
de duas filhas, Luisinha e Maria Luísa, tomava assento no bonde do Outeiro para
se deslocar à sua residência na Avenida Dom Manuel, e tombaria vítima de
disparos de revólver deflagrados por Raimundo de Eusébio.
A data
lavraria greve golpe na família Augusto pelas sérias consequências impostas ao
mando político, abalo multiplicado logo adiante na história com as ações
desarmamentistas da Revolução de 30 e outras providências de dissolução dos
feudos estabelecidos desde os primórdios da colonização.
Emerson
Monteiro - Crato, Ceara
Fonte:
http://blogdocrato.blogspot.com.br
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/01/o-dia-do-barulho-poremerson-monteiro.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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