Por Di
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A Rota do
Cangaço foi um dos principais motivos da minha visita à cidade de Piranhas. O
passeio é uma imersão na cultura do Brasil e isso não tem preço!
A cidade
colonial de Piranhas (Alagoas) é o ponto de partida para o roteiro e, além
disso, é uma cidade cheia de charme, bem diferente das cidades da redondeza.
Recomendo hospedar-se por lá para explorar a região banhada pelo Rio São
Francisco. Um dos passeios mais famosos da região é o passeio os Cânions do Xingó e vale muito a pena.
1) PONTO
DE PARTIDA
O ponto de
partida do tour é na beira do rio, no povoado deEntremontes, que fica na parte
histórica de Piranhas. Essa região recebe esse nome por ficar em um vale. A
cidade se expandiu na parte superior, mas não é charmosa como a cidade antiga.
Aproveite para
chegar um pouco antes do horário marcado e mergulhar nas águas do velho
Chico. A população local também aproveita bem esses cantinhos.
2) BARCO
O tour é
realizado por dois restaurantes que funcionam como ponto de apoio para o
caminho que leva até a Grota de Angicos (Sergipe), local onde Lampião e
seu bando teriam sido mortos.
Ambos
restaurantes possuem catamarãs que levam os turistas e os trazem de
volta ao porto de Piranhas. O preço do passeio é de R$ 50,00 e não está
incluído o almoço e nem o guia para a trilha até a Grota, pelo qual é cobrado
mais R$5,00.
Os horários
são pré-definidos e a maioria dos catamarãs sai em torno de 9:00 às 10:30hs e
tem um período de permanência de 4 horas.
O que você tem
que fazer é conversar na recepção do seu hotel, pois a maioria vende os
ingressos. Se não conseguir no seu hotel, siga para o povoado de
Entremontes e lá você encontrará diversas operadoras de turismo, que vendem o
ingresso.
Outra opção,
que foi a adotada por mim, foi ir de voadeira, que são embarcações que
ficam na beira do rio. É só conversar com os barqueiros, eles te levam até
qualquer um dos dois restaurantes e te buscam no horário combinado. Achei muito
melhor devido a liberdade e maior exclusividade. A média de preços, para
duas pessoas, é de R$60,00 por pessoa e se forem pelo menos três, fica
por R$50,00. Para a voadeira há um limite de pessoas, o grupo no máximo
poderá ter 6 pessoas.
3) RESTAURANTES
Como falei
anteriormente existem dois restaurantes, que funcionam como ponto de apoio para
a propriamente dita Rota do Cangaço. Esses dois restaurantes tem uma
infraestrutura que permite que você tenha uma área de lazer, descanso e
refeição, dando todo o suporte necessário para quem vai realizar a trilha.
Um restaurante
é o Cangaço
Eco Parque, que tem uma área de lazer bem bonita, com gramado, colchões e
redes para as pessoas ficarem relaxando. A área de banho no Rio São Francisco
não é muito grande e a distância da trilha para a Grota de Angicos é de, em
média, 1500 m. Não posso dar maiores informações sobre o almoço, pois não
fiquei nesse restaurante.
O outro é o Angicos, que foi o escolhido por mim para
almoçar. Não sei se existem grandes diferenças entre os restaurantes, mas essa
foi minha opção, pois a área de banho era bem maior, tinha um tobogã, redes
para descansar e se você chegar cedo pode conseguir algumas das mesas que ficam
na água e ficar lá no bem bom curtindo horas.
Outro ponto
positivo foi a menor distância para a Grota de Anjicos, de 700m e a
presença da antiga casa de taipa do coiteiro de Lampião, Pedro de Cândido.
Essa casa contém um pequeno museu da história do cangaço e é tão linda e
charmosa que tirei várias fotos nela. Ela tem inclusive uma pequena namoradeira
na janela.
O almoço, nos
dois restaurantes é pago a parte, o preço do tour somente contempla mesmo o
transporte pelo Rio. No Angicos havia a opção de almoço buffet, por mais R$
25,00 sem a bebida, com comidas típicas. Mas nós que não estávamos com muita
fome, achamos que não valeria a pena, então pedimos um peixe frito com
acompanhamentos, uma comida com preço justo e vou te falar, esse foi o
peixe frito mais gosto que comemos em toda essa viagem! Outra iguaria que
aprovamos foi uma bala de leite deliciosa, a qual eles apelidam de “A bala que
matou Lampião”.
Havia também
um loja com lembranças, livros e filmes da história do sertão e do cangaço.
Havia bastante coisa interessante.
4) ROTA
DO CANGAÇO
As guias do
passeio são contratadas nos próprios restaurantes por R$5,00. Não é obrigatório
fazer a trilha, mas qual é ponto de ir até lá e não realizar a trilha não é
mesmo? Mas uma informação importante, se vocês estiverem acompanhados de
alguma pessoa com problemas de mobilidade, ela pode ficar no restaurante
aguardando o retorno.
No período do
horário do almoço, não há saídas, pois o sol está muito alto. As guias ficam
vestidas de Maria Bonita e você pode pedir para tirar fotos com elas.
A rota do
cangaço na verdade é uma trilha, a mesma que seria realizada pela volante
para chegar no ponto de abrigo do bando de Lampião Lampião há tantos anos, a
Grota de Angicos. As volantes eram grupos de soldados ou mercenários que
percorriam as caatingas em busca dos cangaceiros.
A trilha pode
parecer fácil, mas quando você começa a realizar se cansa rápido, devido ao
tempo seco e quente da região. Nessa hora você fica imaginando como seria a
vida dos cangaceiros, que se deslocavam pelos sertões nordestinos com tamanha
habilidade. Durante o trajeto, para-se em alguns pontos para que a guia vá
detalhando os fatos acontecidos nos diversos locais.
Não deixe de
passar filtro solar, levar água e se puder usar um boné ou chapéu realmente
será bom. Na lojinha do restaurante alugam chapéus por R$2,00.
Depois de um
longo percurso através de vários trechos de vegetação típica do
sertão, uma região tão seca que até os cactos ficam queimados,
chega-se à Grota de Angico.
A Grota de
Angicos foi a área escolhida por Lampião e seu bando
para esconderijo, pois seria uma área segura e teriam o apoio do
seu coiteiro Pedro Cândido. Porém esse acabou sendo um dos motivos para o
trágico fim do grupo, depois de tantos anos sob a liderança de Virgulino
Ferreira.
As guias
contaram que as volantes desconfiaram da grande quantidade de mantimentos
comprados em uma mercearia daquele município pelo coiteiro, que foi então
capturado e acabou contando o esconderijo do grupo.
O dia da
tragédia foi 28 de julho de 1938, dia em que 11 cangaceiros foram emboscados na
Grota de Angicos, mortos e decapitados, incluindo Maria Bonita, que de acordo
com o que os foi contado havia sido decapitada ainda viva. Como
o ataque aconteceu de madrugada, muitos do bando ainda estavam dormindo e não
tiveram condições de reagir.
O mais irônico
é que pelo que a guia nos contou, Lampião planejava se aposentar logo e passar
o comando para Corisco.
As cabeças
foram expostas nas escadarias da Prefeitura da cidade de Piranhas.
Na Grota
haviam duas placas e três cruzes, com escrituras e os nomes de Lampião,
Maria Bonita e também do soldado da volante que teria morrido no embate, Adrião
Pedro de Souza, como forma de homenagem e memória histórica. As placas estão no
local onde o grupo estaria acampado e a guia nos mostrou locais aonde haveria
marcas de tiro.
Beijos da Di.
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