O
livro “Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre
Cícero” de Francisco Sales Cartaxo, será lançado em Cajazeiras no dia 19 de
maio, quinta-feira, no Centro Cultural Zé do Norte, anexo à Biblioteca
Municipal Castro Pinto.
Prefácio do livro ‘Guerra
ao Fanatismo’
Francisco Frassales Cartaxo
O
livro, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre
Cícero, está pronto. Chegou a 175 páginas, com cinco capítulos, além do
prefácio, da apresentação, introdução e de considerações finais.
O prefácio foi
preparado pelo doutor, Carlos André Cavalcanti, professor da Universidade
Federal da Paraíba, onde ensina História das Religiões e Diversidade Religiosa,
e desenvolve intensa atividade como orientador de alunos na feitura de
dissertações e teses. Do prefácio, de cinco páginas, selecionei os trechos
a seguir como um aperitivo intelectual a possíveis (e por mim desejados)
leitores e leitoras do ensaio acerca da diocese de Cajazeiras.
“Se há um tema
fascinante na História das Religiões no Brasil é o cerco ao Padre Cícero pela
reação conservadora do alto clero católico, cuja mentalidade neocolonialista se
traduziu no desprezo ao catolicismo popular alcunhado de fanatismo. O livro que
você, nosso prezado leitor ou leitora, tem em mãos agora é um presente para a
historiografia livre escrita sobre o tema. Prefaciá-lo é uma alegria e uma
honra para mim como acadêmico e como cidadão.
Diga-se,
aliás, que esta pesquisa vem no exato momento em que o Papa Francisco
reconcilia a memória de Cícero com a Igreja, abrindo o caminho para a
beatificação do mesmo. Não poderia vir em momento melhor, pois é hora de
conhecer mais e de refletir com qualidade sobre a figura do padre.
Cartaxo
pesquisa aqui um dos episódios mais densos deste divórcio que o Papa Francisco
tenta anular com o perdão a Cícero post mortem. Este cenário torna este livro
muito precioso, pois não sabemos nem se nem até quando esta singularidade
brasileira sobreviverá à modernização dos sertões, aos hábitos trazidos pela
mídia e ao forte discurso neopentecostal/carismático, que se opõe, em geral, ao
culto dos santos sertanejos que o povo escolheu de coração.
Para chegar
aqui, este livro teve uma densa trajetória. Pesquisador atento e eficiente, o
autor lidou com a documentação digitalizada da imprensa católica da época com a
mesma profundidade com que lidou com arquivos convencionais. Deduziu daí e do
seu vasto conhecimento historiográfico toda uma conjuntura histórica e promoveu
a crítica documental de forma serena e independente. É ousado em várias de suas
assertivas e conclusões, o que me leva a afirmar que a obra nasce com vocação
para clássico da historiografia.
Sobre
historiografia, aliás, duas palavras rápidas por falta de espaço aqui para
maiores considerações. Primeiro, desconsiderar a noção de historiografia
regional imposta pelo Sudeste quando da consolidação da História acadêmica no
Brasil. Este é um livro de História do Brasil, da mesma forma que livros de
história do Rio ou de São Paulo o são…Segundo, afirmar nosso respeito pela
História feita por não historiadores de profissão, mas de fato. Destes, são
exemplos contundentes Raymundo Faoro e Evaldo Cabral de Mello. Cartaxo
está nesta historiografia que gosto de chamar de livre, como um elogio
carregado de uma certa dose de inveja aqui confessada. É historiografia
livre por ser produzida sem os ditames produtivistas que a academia impõe. É
livre por não estar presa a considerações de carreira!”
http://destaquepb.com.br/?p=1880
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