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terça-feira, 10 de maio de 2016

LAMPIÃO E A COLUNA COSTA – PRESTES

Por Geziel Moura

Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, ao conceder entrevista ao médico, Otacílio Macedo, por ocasião de sua visita a Juazeiro (CE), em 06 de março de 1926, para compor o batalhão patriótico, comentou o seguinte:

"Tive um combate com os revoltosos da coluna Prestes, entre São Miguel e Alto de Areias. Informado de que eles passavam por ali, e sendo eu um legalista, fui atacá-los, havendo forte tiroteio. Depois de grande luta, e estando com apenas dezoito companheiros, vi-me forçado a recuar, deixando diversos inimigos feridos". (Jornal Pequeno 29.03.1926)

É recorrente em textos, sobre o cangaço lampiônico, que aquele cangaceiro, nunca combateu a coluna Costa – Prestes, mesmo que algum grupo destacado, de tais revoltosos. Entretanto, na falta de argumentações contrárias ao combate, farei movimento diferente, na tentativa de produzir contraponto deste discurso oficial, isto é, tentarei apontar possibilidades, da existência deste encontro, e buscando isentar-me, não de parcialidade do pensamento, mas de qualquer “teoria da conspiração”, que levaria a excentricidade do acontecimento histórico. Ressalto, ainda, que este ensaio visa fazer pensar, não se constitui um entendimento cristalizado, sobre o fato exposto.

Em sua obra, A Coluna Prestes: Marchas e Combates, Lourenço Moreira Lima, que se destacou, como secretário da coluna, afirmou que no amanhecer do dia 24 de fevereiro de 1926, próximo ao Riacho do Navio, em lugar denominado Rochedo, no estado de Pernambuco, a retaguarda da coluna, foi atacada por tiros oriundos da caatinga.

Sobre este episódio, Lima (1979) que participou ativamente, na crônica do movimento da Coluna Costa – Prestes, diz:

"Saindo da fazenda Buenos Aires, na manhã de 23, fomos sestear na fazenda Jatobá, continuamos a marcha, chegando às 6 horas ao sítio Rochedo, junto ao rio Navio, na estrada de autos de Vila Bela a Floresta. [...] Sabíamos que aquele lugar era um dos pousos de Lampião". (LIMA, 1997, p.271).

Ainda, podemos inferir que se tratava de cangaceiros, pela seguinte manifestação de Lima:

"Desconfiei que ali se achavam por nos apodarem de “macacos”, alcunha que os cangaceiros do nordeste dão aos soldados de polícia com os quais, provavelmente nos confundiram". (Idem)

Logo, é possível pensar, que o grupo de Lampião, não era desconhecido pela tropa de revoltosos, nem tampouco, o lugar de sua operação, ou seja, a região do Pajeú.

Ainda sobre o suposto ataque do grupo de Lampião, a coluna Costa – Prestes, Lima menciona:

"Cerca de uma légua, adiante de Rochedo, a retaguarda foi atacada, partindo os tiros da caatinga [...] Soubemos, mais tarde, que esse ataque fora feito pelo grupo de Lampião". (Idem)

Segundo, Frederico Pernambucano de Mello, na seção de notas e referências, de sua obra: Benjamin Abrahão: Entre Anjos e Cangaceiros, e baseado em entrevista, concedida por Luiz Carlos Prestes, em 1983, afirma que este declarou, que o fogo na fazenda Cipó, nesta região de Rochedo, foi o único que ocorreu entre Lampião e a Coluna, corroborando com o entendimento de Lourenço Moreira Lima.

As datas do combate na fazenda Cipó e a entrevista com Otacílio Macedo, são compatíveis. Assim, caso tal entrevero, tenha mesmo ocorrido, conforme relatou Prestes e Moreira Lima, Lampião não mentiu em Juazeiro.

Existe, ainda, hipótese, que o choque do grupo de Lampião, ocorreu, na região da Chapada Diamantina, comandado pelo Coronel Horácio Mattos, o que carece, de mais subsídios, para pensar, nesta direção.

Sobre o suposto ataca, na região da Chapada Diamantina, por Lampião, vejam a revista Memória da Bahia, publicada em 02.2004, que passo a compartilhar com os amigos. PDF no arquivos.

Fonte: facebok
Página: Geziel Moura
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
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