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domingo, 22 de maio de 2016

O ÚLTIMO COMBATE DE LAMPIÃO


Virgolino Ferreira da Silva, Lampião, o “Rei dos Cangaceiros”, sempre destaca-se, em sua vida no cangaço, pela esperteza, agilidade e rapidez empunhada antes, durante e depois dos embates com as volantes.

Nesse combate que narraremos, os amigos vão notar a mudança, chego a dizer, total em seu habitual modos operante.

Foto Benjamin Abrahão colorizada por Rubens Antonio

Lampião com seu bando, junto ao grupo de Zé Sereno, chefe de subgrupo, que respondia ao chefe mor. Estávamos, já em 1937, acoitados nas terras da fazenda Crauá.

O sol há muito já havia pendido e a noite começava a dar sinais que iria estender seu negro manto naquela ribeira.

Nos coitos, tendo ou não mulheres, quem cozinhava eram os caganceiros. Naquela boca da noite, o encarregado dessa tarefa era o cangaceiro Barra Nova.

Sabonete, Barra Nova e Luiz Pedro

O restante do grupo, uns conversavam, outros jogavam cartas, outros lubrificavam sua armas e etc...

De repente escutam um tropel de patas batendo rápido e com força no chão seco da caatinga que os protegia.

Era um coiteiro, Rosalvo Marinho, que vinha em disparada em um cavalo gesticulando e gritando para que o Capitão e seus comandados dessem no pé dali.

O coiteiro sabia que nas terras da citada fazenda estavam soldados volantes comandados por o mais astuto dos chefes volantes na caça aos cangaceiros, o pernambucano, que era da Força baiana, José Osório Farias, mais conhecido como Zé Rufino.

Volante comandada por Zé Rufino

O chefe de sub grupo Zé Sereno manda, nesse momento, que seus cabras se aprontem para darem o pé. Contrariando a tudo e a todos que sempre conviveram com lampião, ele toma e comanda uma atitude estranhamente ‘nova’, para todos. 

“- Se a Força vier, nós vamos brigar; se não vier nós vamos comer. A comida já está no fogo, e não vamos deixar para os macacos. Ou brigamos ou comemos.” ( “De Virgolino a Lampião” – Vera Ferreira e Antônio Amaury)

Juriti e Mergulhão

Além do alarma do coiteiro, em instantes, chega ao acampamento o cangaceiro Juriti com alguns cangaceiros, que tinham ido a certa missão, e é logo indagado pelo coiteiro:

“- Você não notou que Zé Rufino vem em seu rastro?” (Pergunta)

“- Quando eu vinha vindo de viagem, vi uma volante que bem pode ser a dele.” (disse Juriti)(Ob. Ct.)

Mesmo com toda essa informação, não se sabe o porquê, Lampião ordena que permaneçam onde estão e preparem-se para comer.

O sol, pela hora, não havia se escondido por completo, porém, nuvens carregadas fizeram com o que escurecesse mais cedo.

O cangaceiro Barra Nova continuou a cuidar do jantar dos companheiros. Colocava temperos, água, atiçava o fogo e assim prosseguia nos afazeres quando, de repente o silêncio do ocaso sertanejo é quebrado por um enorme barulho de estampidos de tiros...

O tiroteio começa, tendo uma metralhada dando suporte a volante, a coisa, desde o início que não fica boa pras bandas dos cangaceiros.

Barra Nova, por estar próximo ao fogo, torna-se um alvo visível, e é atingido nas costas.

Marinheiro, Novo Tempo e Mergulhão também são baleados.

Os cabras, acostumados com os embates, rapidamente fazem o contra-ataque e a coisa engrossa o caldo ainda mais.

Da Força volante, o soldado Antônio Izidoro é ferido no braço.

Naquela agonia, os cabras fazem uma barreira para darem cobertura para que as cangaceiras Maria Gomes (Maria Bonita), Sila e Dulce, assim como, dois deles carregaram Barra Nova, que poucos instantes depois, morre.

Foi cangaceiro correndo em várias direções para depois encontrarem-se em determinado lugar, nisso, Novo Tempo perde o ‘prumo’ da orientação e perde-se na caatinga, só sendo encontrado dias depois. Rosalvo marinho, o coiteiro, lasca-se no meio do mundo assim que a bala come, mas, a pé, deixando a montaria que é encontrada pelos soldados e, por ela, descobrem o dono, o qual é preso. A história não nos conta outro, se não esse, o último combate do “Rei dos Cangaceiros”. O comandante Zé Rufino, tempos mais tarde, em entrevista, diz ter sido a maior das brigadas que deu com Lampião... a do Caruá, nas quebradas do Sertão.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Ofício das Espingardas
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/permalink/636167706547349

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