Por Evandro da
Nóbrega
Dona Hermosa
Pereira Góis Sitônio, prestes a completar 103 anos de idade, no maior papo com
o degas aqui, isto é, com o escriba que vos tecla — o qual, em compensação, às
vésperas de completar 70 anos, tem "coincidentemente" 103 kg de peso.
A escritora,
crítica da Cultura e professora doutora Maria Ângela Sitônio Wanderley, uma das
três filhas de Dona Hermosa e Zacarias Sitônio, está hoje aposentada da UFPB,
onde exerceu vários cargos importantes, inclusive o de Diretora do CCHLA -
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.
Casamento
realizado em 1900 e lá vai fumaça, na mui leal cidade de Princesa, durante
reunião de partidários socialistas então atuantes no município; Dona Hermosa
Pereira Góis Sitônio está nesta foto — ficando com o leitor o não muito fácil
desafio de apontar quem é ela, dentre as 14 personagens femininas enfocadas
pelo autor do retrato.
O poeta,
cronista, escritor, acadêmico e jornalista Otávio Sitônio Pinto: primo de Dona
Hermosa e sobrinho-neto do "coronel" princesense Zé Pereira, escreveu
inesquecível crônica-poema sobre ela — melhor, sobre como ela resistiu a tantas
guerras nos séculos XX e XXI.
O
"coronel" José Pereira Lima, chefe político de Princesa e mentor do
movimento surgido em Princesa no ano de 1930.Era tio de Dona Hermosa Pereira
Góis Sitônio e tio-avô do poeta e escritor Otávio Sitônio Pinto.
DONA HERMOSA
PEREIRA GÓIS SITÔNIO PRONTA PARA COMEMORAR, NO PRÓXIMO MÊS DE FEVEREIRO, SEUS
103 ANOS DE EXISTÊNCIA
por Evandro
da Nóbrega
A foto
principal desta página (a lá do topo mesmo!) mostra o degas aqui conversando
com sua grande amiga Hermosa Pereira Góis Sitônio. Toda lépida e fagueira,
lampeira e, claro, formosa, ela me comunicava estar em ai de completar os 103
anos de idade. Eu disse CENTO E TRÊS ANOS, ouviram?
É a
castelhanamente formosa Hermosa mãe de outra diletíssima amiga-irmã deste
escriba que vos tecla: a professora-doutora e grande intelectual paraibana
Maria Ângela Sitônio Wanderley, conhecida como Mallanja na intimidade.
Também há uma
foto da Mallanja nesta página, para que Vocês conjuguem a imagem da pessoa ao
som do nome ou apelido.
Uma terceira
foto desta página foi clicada na primeira metade do século passado, na cidade
de Princesa (ainda não era Princesa Isabel) — e Dona Hermosa está no grupo
fotografado. Desafio Você a dizer quem é ela, no retrato!...
Família
Princesense
E, sendo
princesense da gema praticamente toda a família, é Dona Hermosa também viúva do
grande político e administrador que foi Zacarias Sitônio, tabelião em Princesa
(Isabel), depois Prefeito e finalmente deputado estadual por aquela região
serrana dos Sertões paraibanos.
O venerável
Zacarias Sitônio, homem de fibra com quem ainda tive a ventura de conviver por
alguns anos, acordava para a vida, todas as madrugadas, muito antes de o Sol
nascer — desconfio que para dispor de mais tempo de fazer o bem ao próximo
antes que os vizinhos e demais amigos se dessem conta.
Da Grei dos
Cardoso
Zacarias
Sitônio era para ter também no nome completo o sobrenome Cardoso, mas com ele
não foi registrado — o que não deixou de se constituir numa por assim dizer
injustiça genealógica, vez que, de fato, descendia dessa importante família de
Limoeiro (PE). E Limoeiro não deixa de pertencer à área de influência de
Princesa Isabel.
Os Cardosos
pululam na História de Pernambuco e na História da Paraíba. E não esquecer que
tanto os Cardoso como os Cardozo têm sangue de cristãos-novos, seja aqui, seja
em qualquer outra parte, inclusive nos Estados Unidos.
Cardozo e
Cardoso
Internacionalmente,
e neste particular dos Cardoso, a primeira pessoa de quem a gente se lembra é o
Benjamin Nathan Cardozo, nascido em Nova York em 24 de maio de 1870 e falecido
em Port Chester a 9 de julho de 1938. Benjamin Cardozo foi sucessivamente
advogado, jurista e um dos mais destacados juízes da Corte Suprema dos
Estados Unidos, de 1932 até 1938 — isto é, até sua morte.
Aliás, esse
Ben Cardozo (comprovado parente de Fernando Henrique Cardozo, perdão, Cardoso,
como descendente de judeus sefarditas de extração lusitana) teve decisivo papel
e superior influência, no Século XX, para o desenvolvimento do chamado
"Direito Comum", a Common law norte-americana.
Common Law e
Fotografias
Em tempo:
a Common Law é o Direito que evolveu em determinadas nações por
intermédio de decisões tomadas por tribunais e não pela via de atos do
Legislativo ou do Executivo. É sistemática diversa da utilizada em nações de
tradição latina e não anglo-americana, como o Brasil, que adota as orientações
do Direito romano-germânico, com preponderância de atos provindos do
Legislativo.
Agora,
voltando ao tema principal da página: se Você atentar numa foto do juiz
Benjamin Cardozo e, depois, der uma boa olhada num retrato de Zacarias Sitônio,
vai pensar que os dois eram irmãos, tal a semelhança física.
Na Casa de
Luiz Nunes
A dama com quem
Zacarias Sitônio se casou foi justamente aquela que serve de Leitmotiv a
esta página e que, au grand complet, ostenta o belo nome de Hermosa
Pereira Góis Sitônio.
Fui
reencontrá-la semana passada, mais propriamente no dia 24 do corrente mês de
outubro de 2015, na recepção pelos 80 anos de nascimento da Sra. Bernadeth
(Berna), esposa do Dr. Luiz Nunes Alves — que é o mesmo que dizer o poeta
Severino Sertanejo (Luiz Nunes Nunes no Facebook).
E o Degas Com
103 Quilos
A amiga Dona
Hermosa, minha leitora desde a década de 1960, está toda hermosa mesmo,
na foto desta página.
Vejam as
“coincidências” da vida.
Enquanto o
sujeito que posa ao lado dela, no mesmo retrato, amarga a inconveniente
circunstância de estar pesando nada menos que 103 kg, ela, Dona Hermosa,
prepara-se — com bonomia e espírito leve e solto — para comemorar, como já sabe
toda a imensa legião de meus seis leitores, os seus 103 anos de vida bem
pensada e melhor vivida.
Será no
próximo dia 9 de fevereiro de 2016.
E o degas aqui
(que, com toda probabilidade, continuará com os 103 kg de peso corporal) terá
feito no dia 15 de janeiro anterior, nada menos que 70 anos de existência — 55
dos quais inteiramente dedicados aos mais diversos aspectos da Cultura
paraibana, do Jornalismo à Literatura, passando pelas Ciências e Artes.
Filhas de
Zacarias e Hermosa
Com o amado
Zacarias Sitônio, Dona Hermosa trouxe ao mundo três abençoadas filhas:
1) Marta
Sitônio Coutinho, esposa de Cleanto Lemos Coutinho;
2) Maria
Ângela Sitônio Wanderley (Mallanja), emérita professora da UFPB e
operosíssima ex-diretora do CCHLA, além de viúva do saudoso psiquiatra e
intelectual pessoense Marcos Alberto Peixoto Wanderley, um dos fundadores, com
a esposa e amigos (inclusive o mecenas Odilon Ribeiro Coutinho e o crítico João
Batista de Brito, do inesquecível Clube 604, cenáculo que discutia os
principais problemas filosóficos, políticos e sociais da contemporaneidade; e
3) Berta
Margarete Sitônio Souto, esposa de Manuel Souto Neto.
Marias ao Pé
de Jesus
Outro
princesense, o grande tribuno, poeta e intelectual Alcides Carneiro, amigo e
hóspede habitual do casal Zacarias-Hermosa Sitônio, criou certa vez uma imagem
e um símile bem adequado para descrever estas três irmãs.
À época, elas
eram ainda umas meninotas. Balançando-se na acolhedora rede da varanda e tendo
junto a si, no bem cuidado assoalho de lajes, as filhas de tão querido casal,
exclamou o iluminado Alcides Carneiro:
— Parecem as
três Marias fiando aos pés de Jesus...
Sete Netos e
Dez Bisnetos
Estas três
filhas (Marta, Maria Ângela e Berta Margarete) deram a Dona Hermosa e a
Zacarias Sitônio, até agora, sete netos e 10 bisnetos. Sendo de Princesa Isabel
e tendo Pereira nos sobrenomes, claro que Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio é
parente do famoso líder princesense José Pereira Lima (Zèpereira).
Em verdade, é
sua sobrinha — e se casou com um grande amigo dele, o já tantas vezes citado
Zacarias Sitônio. E se o cito a torto e a direito é porque não me canso de
dizer que Zacarias atuou, de início, como tabelião naquela brava urbe; depois,
elegeu-se seu Prefeito, realizando memorável administração; e, por fim, firmou
seu nome como respeitado parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado,
representando toda a região de Princesa, São José de Princesa, Triunfo e outras
cidades em que seu nome serve hoje para batizar ruas.
Mas Zacarias
Sitônio não é nome de ruas em vão; é que, reconhecidamente, foi por muitos anos
um grande parlamentar, um político de merecido destaque na vida pública de
nosso Estado.
Hermosa e
Sitônio Pinto
Gregos e
troianos gostaram a não mais poder, gostaram mesmo pra caramba de um texto do
escritor, poeta, jornalista, acadêmico da APL e prosador/estilista da maior
categoria, Otávio Sitônio Pinto, primo de Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio.
O texto
intitulou-se "As guerras passam, Hermosa fica" e foi publicado tanto
na Imprensa convencional como na Internet, em fevereiro de 2014, quando a
veneranda princesense completava 102 anos de idade.
Resumindo o
que escreveu Sitônio Pinto no artigo-crônica, Dona Hermosa "sobreviveu à
Guerra de 30, quando as tropas da Paraíba tentaram avançar contra
Princesa".
Tio-Avô de
Sitônio
O
"coronel" José Pereira de Lima, chefe do movimento independentista de
Princesa, era tio-avô de Otávio Sitônio Pinto, que do passado princesense
resgata coisas desconhecidas dos próprios historiadores.
Por exemplo,
o locomóvel de propriedade desse líder político, que "movia o
gerador de energia elétrica da cidade", além de suas atribuições normais
de máquina destinada a desfiar algodão e moer canas.
Em tempo: para
os poucos que não sabem o que é um locomóvel (ou uma locomóvel), basta dizer
que o termo pode ser um adjetivo de dois gêneros (com o sentido de "que
pode mudar de lugar") ou um substantivo, geralmente usado no feminino, mas
podendo também ser empregado como termo masculino ("uma máquina a vapor
montada sobre rodas e capaz de produzir força motriz").
Hermosa
Sobreviveu a Tudo
Mas, como diz
ainda o cronista-poeta Otávio Sitônio Pinto, "voltando à Hermosa: ela
sobreviveu à Guerra de 30 e à Guerra de 38”. [...]
— Quando soube
que Hermosa era sobrinha do coronel Zèpereira, Lampião matou o gado da menina
para se vingar da surra de Flores. Era o começo de sua derrocada. No Fogo de
Flores, ele perdeu o olho direito (olho diretor do tiro) e um irmão [...] A
prima Hermosa sobreviveu ainda à Primeira e à Segunda Guerras Mundiais, à
Guerra da Coréia e à Guerra do Vietnã [...] Zacarias Sitônio, esposo de
Hermosa, era quem sabia dessas histórias. Tinha fé, pois foi tabelião e
prefeito do município [de Princesa]. [...] Um dia, Zacarias subiu a Serra do
Gavião, ao norte da Eternidade, e levou a verdade no livro da alma...
[Se Você quer
ler na íntegra este ou outros artigos de Otávio Sitônio Pinto, fará bem se
visitar este link:http://www.giropb.com.br ou
o site do jornal A UNIÃO]
"No mais,
Hermosa está lúcida e saudável como sempre", como arremata o poeta Sitônio
Pinto. E vamos nós também arrematar suscitando que, além do mais, Dona Hermosa
pode até servir de prova e demonstração viva para a seguinte afirmativa:
"Ler os escritos do veeeeelho Druzz de guerra faz muito bem. Vejam o
exemplo de Dona Hermosa, sua fiel leitora desde a década de 1960 — e que
continua não somente sua fã-leitora, como ostenta saúde de ferro"...
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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