Por Geziel Moura
Quando o
cangaceiro Ângelo Roque da Costa, o Labareda, apresentou-se a Lampião (novembro
de 1928), em terras baianas, o Capitão Virgolino não teve dificuldades nenhuma,
em aceitar o cabra em seu grupo, pois Labareda já era "bandido feito"
e procurado pela polícia.
"Anjo
Roque" contou para Estácio Lima (O Mundo Estranho dos Cangaceiros), Paulo
Gil Soares (Memória do Cangaço) e em diversas entrevistas a jornais e revistas,
que a motivação de sua entrada para o cangaço, foi questão familiar, em que o
soldado Horácio Caboclo, apelidado de Couro Seco, estava assediando, Sabina,
irmã de quinze anos de Labareda. Assim, a tentativa de aproximação do militar,
para com ela, não foi bem vista, pelo futuro cangaceiro, pois a fama de
"D. Juan" do pretendente, era conhecida na região.
Labareda,
ainda, tentou resolver o problema, por meio de denúncia ao juiz, e como
resposta recebeu "O soldado também tem uma irmã, faça com a dele o mesmo
que ele fez com a sua". Quem ficou feliz com a sentença do magistrado foi
Horácio Caboclo, e mandou logo avisar, que ela se preparasse que ele iria
buscá-la, para os dois viajarem pelo sertão de Pernambuco. Os escritores
Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena (Lampião e o estado maior do cangaço) nos
fala, que couro Seco até que foi buscar sua amada, mas não voltou, pois
Labareda o matou antes.
O pai do
falecido, André Caboclo, prometeu vingança contra Anjo Roque, e quase cumpri
seu intento, porém a facada que deu no matador de seu filho, pelas costas, não
o levou desse vale de lágrimas, na medida em que, este resistiu ao ferimento.
Quando se
recuperou da lesão provocada por André Caboclo, é chagada a vez dele...Labareda
com um tiro certeiro, despacha o segundo desafeto na própria casa deste, e o
cabra, com dois processos nas costas, por duplo homicídio.Como consequência
disto, a polícia cercou a casa de Labareda, resultando na morte de sua esposa
Ozana e de seu irmão João de Deus. A partir daí Labareda fugiu para Santo
Antônio da Glória (BA), vivendo sob a proteção do coronel João Sá, conhecido coiteiro
de cangaceiros no sertão baiano.
O rosário de
homicídios, imputados a Labareda só fazia crescer, o que levou a procurar
Lampião, e este acabara de chegar à Bahia, e encontrava-se compondo seu grupo,
foi a "fome com a vontade de comer". O certo é que Labareda esteve
vinculado a Lampião, desde então, até quando se tornou chefe de sub grupo, em
1929, sendo sua área de atuação a região do município de Carira (SE), e outros.
Ângelo Roque
não estava em Angico, no dia 28 de julho de 1938 (Quinta - feira), estivera
antes no dia 25 de julho (Segunda - feira), pois segundo ele se retirou por
causa de .gripe, e preferiu se tratar na casa de coiteiro. Após o acontecimento
de Angico, Labareda pensou em se entregar, como tantos outros assim os fizeram,
mas tinha medo de ser traído, durante este período que ficou conhecido como
"as entregas" e continuou operando nos limites da Bahia e Sergipe.
Anjo Roque é
apontado como o assassino, de uma mulher na frente de seus quatro filhos, à
marteladas, na região de Paripiranga (BA), no dia 04 de junho de 1939, a
questão não era com a mulher e sim com o marido dela, ele fora a mando de um
coiteiro "fazer o serviço", não o encontrando fez na mulher. Com este
episódio, é possível pensar que os cangaceiros, poderiam ocupar lugares de
jagunços ou pistoleiros, de fato, não há padrão no cangaço.
Labareda
contou no documentário "Memória do Cangaço" que foi lesionado pela
volante baiana de Odilon Flor, provavelmente, foi no combate do Riacho do Negro
(SE), em que morreram os cangaceiros: Pé-de-Peba, Xofreu (Sofreu) e a esposa do
chefe, Mariquinha, aliás, ela era irmã de Zé de Neném, primeiro companheiro de
Maria Bonita, portanto, sua ex - cunhada.
Labareda
entregou-se no dia 31 de março de 1940, no município baiano de Paripiranga,
juntamente com os cabras, Saracura, Patativa, Deus - te- Guie e Jandaia, além
das mulheres, Flauzina Alves Lima, companheira de Saracura, sua filha, Maria
Eunice com o cangaceiro Zezé, então, falecido, Zefinha, Ana da Conceição
companheira do cangaceiro Deus - te - Guie e Josefa companheira de Jandaia,
sendo condenado a noventa e nove anos, sendo, a punição diminuída para 30 anos.
Em 1950 o velho cangaceiro recebeu indulto, e com a ajuda de Estácio Lima,
diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, veio a trabalhar com ele, no
complexo do Instituto Médico legal, cuja instituição fazia parte daquela
faculdade. (continua).
Fotos:
Revistas O Cruzeiro, `Jornal o Estado da Bahia e internet
https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/?fref=ts
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário