José Romero
Araújo Cardoso
O antigo termo de Passagem do Pedro, São Sebastião, Sebastianóplis, atual
município potiguar de Governador Dix-sept Rosado, destacou-se de forma
extraordinária, décadas atrás, na produção de alho e cebola.
A experiência pioneira de plantios teve inicio na década de setenta do século
XIX na localidade de Gangorrinha, situada às margens do rio Apodi-Mossoró, onde
os campesinos resolveram utilizar as vazantes do importante curso d´água para
plantar espécies do gênero Allium, adubando-as com mufumbo macerado.
Logo a produção de alho e cebola passou a integrar indelevelmente a economia
local, graças à excelência do valor comercial, devido ao tamanho dos bulbos,
razão pela qual o atual município de Governador Dix-sept Rosado tornou-se
conhecido como a “capital do alho”.
A zona urbana, quase por completa, foi tomada por tranças de alho e cebola,
expostas para que os compradores de várias partes do Brasil escolhessem as
melhores. Vendedores de alho e cebola saiam em busca de
melhores preços pelo interior do Estado do Rio Grande do Norte, bem como com
destinos às unidades federativas vizinhas, ou mesmo distantes.
A chegada do trem, no ano de 1925, viabilizou o escoamento da produção,
inicialmente com destino a Mossoró, e, a partir da expansão da linha férrea, em
direção aos outros municípios potiguares que foram beneficiados com o percurso
da Estrada de Ferro, tendo chegado no inicio da década de cinqüenta do século
passado em Sousa, no vizinho Estado da Paraíba.
Quando o trem chegava em Governador Dix-sept Rosado, quando do período da safra
do alho e da cebola, eram inúmeras as ofertas da produção farta e abundante,
pois a estação ficava cheia de tranças à espera de compradores, bem como
destinadas ao embarque.
Pequenos pedaços de vazantes à beira do rio Apodi-Mossoró eram valorizados de
forma exponencial, pois a certeza de boas colheitas estavam garantidas pela
fertilidade do aluvião, bem como das técnicas originais de adubação.
Festas em torno do alho e da cebola foram organizadas, contando com a coroação
de rainhas com alusão aos produtos que faziam a fama do município potiguar,
distrito de Mossoró até quatro de abril de 1963.
Gesso, algodão, cal, alho e cebola, consorciados com o plantio de batata-doce,
eram os alicerces da economia dixseptiense há pouco tempo, época que
mostrava-se favorecedora à qualidade de vida da população, a qual podia contar
com importantes recursos no processo de
geração de emprego e renda.
Desestruturado na segunda metade da década de oitenta do século passado, o
plantio de alho e cebola, vitima do mal-de-sete-voltas, praga que arruinou uma
das bases da economia dixseptiense, tornou-se uma página virada na memória da
população do aprazível município norte-riograndense.
José Romero
Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto do Departamento de Geografia da
faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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