Volta Seca, um dos primeiros cangaceiros a ser preso, cumpriu pena nesta cadeia por 20 anos, talvez uns dos poucos brasileiros a ficar tanto tempo preso.
A chegada do jovem membro do bando de Lampião, causou enorme reboliço em Salvador. A cidade quase parou, a espera na estação de trem no bairro da Calçada, foi antecipada em Paripe, subúrbio ferroviário, distante da outra cerca de 60km, devido ao tumulto da população. Exibido como uma fera selvagem, um troféu de guerra, ficou isolado e incomunicável. Na primeira semana só falava com a imprensa amarrado e fortemente vigiado. A única pessoa que esteve frente à frente com o temido monstro, desprovida de medo, foi Irmã Dulce. A freira cantava muito bem e tocava acordeom como poucos, e foi com a música que ganhou a confiança e a simpatia do acuado guerrilheiro. Não o acusava de nada, não o interrogava e acima de tudo não tinha medo. Volta Seca era praticamente uma criança, tinha só 14 anos e sobre ele pesava as mortes, todas as invasões e todos os crimes de todos os cangaceiros. Por diversas vezes a religiosa esteve com o cangaceiro. Ele ouvia atentamente as palavras de conforto e fé, até se permitia a cantar com a religiosa. Por Volta Seca, Irmã Dulce, tinha muita afeição. Era um menino vítima do seu meio, que precisava de atenção e cuidados. Este encontro inusitado está no enredo da peça O Cangaceiro Volta Seca. Outros cangaceiros ouviram as palavras de candura de Irmã Dulce: Bananeira, Labareda, Deus-te-cuide, Saracura e Cacheado, presos com Volta Seca após a tocaia em Angicos, onde tombou morto o rei do cangaço.
FONTE:
COLABORAÇÃO: JOSÉ JOÃO SOUZA
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