*Rangel Alves da Costa
Já se faz quase dois anos que tenho Levy ao meu lado como se fosse um filho meu. E assim é, pois verdadeiramente Levy é um filho meu, pois o mesmo amor de um filho para com um pai e o mesmo amor de um pai para com o filho.
E tenho Levy como filho por diversas outras razões. Ele “adotou-me” como pai e eu o adotei como filho. Que bom que seja assim. Sempre que deseja um brinquedo, logo pede à mãe para me telefonar. E comigo fala na certeza que será atendido. Lindo isso, não?!
Levy gosta de estar comigo, de continuar na minha presença, de andar e passear ao meu lado. Levy gosta de me dar à mão e ir comprar “chimbra”, como ele chama bola de gude. Levy gosta que eu sente ao lado dele e coloque vídeos para ficar assistindo e comentando. Pergunta e pergunta.
Levy sente saudade de mim e eu sinto saudade dele. Sempre pede à mãe para telefonar e falar comigo. Conversa e conversa e de vez em quando cisma que eu devo comprar um cavalo (que ante ele chamava “caralo”) pra ele ou um “tratorzão bem grandão”. Ou simplesmente diz que “o pneu de minha biciqueta tá furado”. Isso é lindo, não?!
Sinto saudade dele e do jeitinho todo especial de ser dele. Pequenino ainda, todo miudinho ainda, mas já crescido o suficiente para compreender e dialogar com muitas realidades da vida. Atento, observador, instigante, nada lhe foge da atenção. Por isso que de vez em quando surge com cada uma de espantar.
Algumas vezes já escrevi sobre ele, principalmente para dizer de sua fala engraçada e do seu jeitinho tão próprio de nomear as coisas e animais: “caralo” para cavalo, “bererrerinho” para bezerro, e outro que ainda não descobri o que realmente seja: “coló”. Já não fala mais assim, já sabe dizer corretamente o nome de tudo e do mundo inteiro.
Também já escrevi sobre o seu jeito de ser: “Desconfiado, cismado, não gosta de fazer amizades à primeira vista. Sempre chega um tanto taciturno, silencioso, fechado, sem qualquer palavra ou sorriso. Mas daí em diante, acaso encontre alguma oportunidade, começa a se soltar de vez, principalmente se não estiver sob os olhares nem a atenção da mãe. Então o Pequeno Levy desanda de vez, começa com traquinagens sem fim, se solta de não mais parar. Curioso, querendo saber de tudo e conhecer de tudo, pergunta e mais pergunta, repete, nunca se contenta. Um amor de criança, lindo, com voz toda especial, pois pronuncia palavras ao seu modo e com um jeitinho bem sertanejo. É também o meu Pequeno Levy, pois já nos acostumamos a nos gostar, a sermos amigos, a nos amar. De vez em quando ele chega pra mim e diz: gosto de você não. Mas é prova do quanto gosta. Não sai do meu lado, sente segurança ao meu lado, brinca e reina comigo, me tem como um verdadeiro pai e o tenho como um verdadeiro e querido filho. Amo meu Pequeno Levy”.
Hoje Levy completa cinco anos de idade. O próprio Levy estava tão ansioso para que esse dia chegasse que até parecia se tratar de uma idade em que alcançaria a maioridade. Vivia dizendo que ia completar cinco anos e depois disso ia mudar de escola. Desde muito que já convidava amigos para comer do bolo de seu aniversário. Aliás, seu jeitinho humano e compartilhador de ser é um dos aspectos mais bonitos que pode existir.
Nada do que tem Levy se nega a dividir. Se é um doce, um bolo ou uma brincadeira, logo ele oferece ou convida os seus amiguinhos. E perante os seus avôs então. Chega à casa da avó com qualquer dinheiro e logo oferece para comprar pão ou outra comida. Não para ele, mas para a família. Com seu avô Badinho a mesma coisa. Pergunta se aquele dinheiro dá pra comprar ração para o gado, coisa que ele tanto ama.
Diz ainda que quando crescer vai trabalhar muito e ter dinheiro para que não falte nada para os bichos, para que não falte ração nem água. Tudo isso nascido de um menininho que no dia de hoje completou cinco anos. E já de um coração tão imenso quanto o seu jeito tão bonito e tão especial de ser.
Parabéns, meu Pequeno Levy. Agora mesmo telefonei e ele me perguntou se quer que guarde um pedaço de bolo. E ai de Mylla, sua mãe, se não guardar. Sei que ele terá o maior prazer do mundo em chegar pertinho de mim e oferecer o pedaço de bolo. Que lindo, meu rapazinho. Saiba que você é todo imensamente lindo ao meu coração!
Escritor
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