Por Manoel
Belarmino Belarmino
Depois da
morte do cangaceiro Zepelin naquele fatídico combate da Fazenda Araras, em Poço
Redondo, entre a volante de Zé Rufino e o subgrupo de cangaceiros de Mané
Moreno, ocorrido em abril de 1937, os cangaceiros juraram vingar a morte do
companheiro.
Naquele ano de
1937, o inverno começou com muita chuva. A caatinga estava verde, brejos, lama
e as mutucas atacavam até no rosto dos cangaceiros e volantes. Costumeiramente,
nesses tempos de inverno frio, as volantes se recolhiam na Serra Negra e os
cangaceiros nas redes das fazendas. Mas aquele combate da Fazenda Araras
martelava na cabeça dos cangaceiros que teria sido coisas de coiteiro
dedo-duro.
Os cangaceiros
já estavam na fazenda Alto Bonito, uma propriedade do pai da cangaceira Áurea
Soares, lamentando a inconformada morte de Zepelin, e tentando entender qual
coiteiro teria traído Mané Moreno. Logo, desconfiaram do coiteiro Chico
Geraldo, último coito que tiveram antes do combate da Araras. E, de fato, foi
mesmo Chico Geraldo que foi à Serra Negra denunciar a presença dos cangaceiros
na Fazenda Salgadinho.
Na manhã do 2
de abril do mesmo ano, 1937, os cangaceiros retornam ao Salgadinho para tirar
as dúvidas se realmente foi o coiteiro Chico Geraldo que teria ido informar a
Zé Rufino da presença dos cangaceiros na sua fazenda.
Os cangaceiros
interrogam o coiteiro Chico Geraldo que mente e nega que foi à Serra Negra
falar com Zé Rufino. Diz que tem suspeita dos moradores da Fazenda Pia Nova. E
cita os nomes de Firmino e Torquato, como os possíveis noticiadores da presença
de cangaceiros ali. Depois de ouvir isso do coiteiro Chico Geraldo, os
cangaceiros ansiosos por vingança se deslocam até a Fazenda Pia Nova e prendem
Torquato e seu genro Firmino, e matam os dois ali mesmo na sede da fazenda.
Firmino foi morto a tiros pela arma do cangaceiro Pancada e Torquato foi
friamente assassinado pelo punhal do cangaceiro Cravo Roxo. Mais uma vez a
mentira e a covardia faz derramar sangue no chão de Poço Redondo. Dois corpos
de inocentes ficam ali estendidos no chão.
Os vaqueiros
inocentes, Firmino e Torquato, foram enterrados no cemitério da Fazenda São
Clemente, onde também foram sepultados, em 1932, outros dois inocentes vítimas
do Cangaço, Zé Bonitinho e João de Clemente, ali próximo da Pia Nova, no
Município de Poço Redondo.
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