Por Sálvio Siqueira
Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. Captura fotográfica feita por Lauro Cabral de Oliveira na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1926. — com josé bezerra lima irmão.
Na rota que escolheram para fazerem, rumo à cidade de Mossoró, RN, Lampião, Massilon e seus asseclas, fazem muitas ‘estripulias’ com pessoas, nos sítios, fazendas, Vilas e Povoados encontrados no caminho. Essa rota, com certeza, foi traçada por Massilon, já que Lampião não conhecia aquelas paragens em terras potiguares.
Massilon.
Já tendo causado pânico em diversas pessoas pela trilha seguida, o bando de bandoleiros acampa e dormem sem nada perturbarem seu sono. Pela manhã, no quebrar da barra, se levantam, desfazem o acampamento, se apetrechos com suas armas e recomeçam a viagem.
O sol não tinha mostrado sua face quando já se encontravam nas terras da Fazenda João Gomes e em seguida nas do Poço Verde. Relatam alguns historiadores que nas terras dessas fazendas não ocorrem mortes. Apenas alguns roubos de níquéis daqueles que moravam na beira da estrada.
O sol sai por trás das serras e, logo se mostra quente e ameaçador sobre aqueles que teimam em não se recolherem em uma sombra. Um pássaro agourento solta seu cantar estridente chamando sua companheira. Já são oito da manhã, e a turba está às portas da Fazenda São Bento. A sede encontrava-se deserta, porém, Lampião envia alguns cabras em direções diferentes com a ordem de, se encontrassem alguém, o fizessem dizer onde tinha uma fazenda que rendesse um bom montante. Assim se faz. Alguns cangaceiros encontram um vaqueiro que estava na lida. Após alguns sopapos, os cangaceiros conseguem arrancar do vaqueiro a indicação de uma fazenda rica na região.
Agropecuarista Francisco Germano da Silveira, sequestrado na Fazenda Poço de Pedras.
“(...) O matuto, sem hesitar, apontou o sítio Poço de Pedras. A fazenda indicada, de efeito, possuía máquinas para descaroçamento de algodão. Pequena usina. O proprietário, Francisco Germano da Silveira, era tido como comerciante remediado (...).” (“LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005)
Pois bem, com essa informação, “a matula de cangaceiros” se encaminha para o local informado pelo vaqueiro. Lá chegando, cercam com cautela e rapidez a sede sem dar chance alguma para qualquer reação, o que, naquelas condições, seria suicídio. Prendem o proprietário e já vão lhe enchendo de porradas para que mostre onde encontrava-se o dinheiro, joias e ouro na casa.
Cangaceiro Félix da Mata Redonda. Era encarregado de guarnecer os reféns.
De repente, já meio atordoado, o fazendeiro escuta um decreto a seu respeito, determinando a quantia que teria que pagar pelo mesmo.
“- Se apronte! O senhor está preso por dez contos de réis!” (Ob. Ct.)
Amarram o pobre homem e o deixam ver o que estavam fazendo na sua casa. Arrebentando com tudo, eles encontram um alto valor e o roubam. De repente, aqueles que estavam um pouco afastados e os de dentro da casa, escutam um silvo. Silvo de um apito por demais conhecido por todos, e ele indicava toque de agruparem-se. Assim se faz.
O dono da Fazenda Poço de Pedras, tem seus braços amarados para trás e torna-se um refém do grupo de Lampião... em território potiguar.
Fonte/foto “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005
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