A notícia chega ao Coronel Lucena
Por Clerisvaldo B. Chagas
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2013
Em 11.07.1934, houve a fundação, em Santana do Ipanema, Alagoas, do “Colégio
Santanense” que funcionou no chamado “sobrado do meio da rua”. Foi o primeiro
estabelecimento particular de ensino de grande porte, movimentando o primário,
secundário e curso comercial. Depois este colégio passou a funcionar na Rua
Nova (Benedito Melo) em sede própria, tendo sido o seu fundador, o professor
Flávio Aquino Melo. Em algum momento, apertado com falta de mão de obra, Flávio
recebeu ajuda de um jovem da cidade de Pão de Açúcar que passou a comandar a
educação física e o social da escola. O jovem tinha nome incomum de Darras Noya
e que passou a residir em Santana do Ipanema. Foi em 1938 que Darras entrou na
história cangaceira.
Coronel Zé Lucena
Em 1938, mataram Lampião. Era o dia 28 de julho de 1938 e um novo interventor
estaria tomando posse em Santana. Na hora do almoço chega um telegrama do
sargento Aniceto para o comandante das volantes, Coronel Lucena. Os rapazes
José Marques e Darras Noya estavam nos Correios aprendendo Código Morse, quando
receberam de Piranhas via-Pão de Açúcar o telegrama. Veja o que Darras disse
depois aos amigos:
“Saímos correndo os dois, eufóricos, em busca da casa do coronel. Fomos encontra-lo à mesa numa refeição com Pedro Gaia que naquele dia iria ser empossado em Santana como prefeito. Gritamos: ‘tem um telegrama para o senhor: Mataram Lampião’. O coronel pareceu não acreditar em nós. A sala ficou em silêncio de repente. Ele fechou os olhos, levantou-se, olhou um quadro sobre Jesus que estava na parede e chorou emocionado, bem de leve, dando graças a Deus pelo acontecido”.
Conheci Darras Noya quando eu era estudante do Ginásio Santana. Trabalhava nos
Correios e era casado com a Professora Marynita Peixoto Noya. Gostava de uma
cervejinha. Andava sempre com fotografias antigas no bolso e vez em quando
surpreendia a companhia com uma delas. Mania de confiar às pontas do bigode
fino e criticar com humor os títulos de lojas do comércio. Ao falecer, Darras
Noya passou a ser denominação do museu local.
Fontes: O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema (inédito) e Lampião em Alagoas, 2012.
CORONEL LUCENA. (FOTO: LIVRO: LAMPIÃO EM ALAGOAS)
FOTO DARRAS NOYA www.maltanet.com.br
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