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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

VIUVEZ NO CANGAÇO E MORTE NA POLÍTICA.

João Filho de Paula Pessoa

Zé de Julião o cangaceiro Cajazeira

Cajazeira era uma homem de posses, seu pai era um rico fazendeiro de Poço Redondo/SE., tinham muitas terras e rebanhos, e por conta disto eram constantemente explorados e extorquidos pelas volantes, que lhe pilhavam dinheiro, bens e animais, sob o pretexto da campanha contra o cangaço. 

Cangaceira Enedina esposa do Cajazeiras. Esta foto pertence ao acervo do saudoso escritor Alcino Alves da Costa

Ele era casado, na igreja e no “papel passado” com a jovem e bela Enedina. Certo dia de 1937, quando estava num bar, soube da aproximação de uma volante que se dirigia à sua procura para mais uma extorsão e numa atitude impulsiva e de revolta, pois já se encontrava saturado com aquela situação, se esquivou da iminente extorsão e seguiu sertão adentro à procura do Bando de Lampião para se refugiar, localizando-o e sendo aceito no Cangaço. Sua Esposa Enedina, logo após, foi ao encontro de seu marido, juntando-se à ele no cangaço, onde passaram a viver. Enedina era conhecida por sua simpatia e alegria e Cajazeira por sua valentia, educação e bons modos, sendo presenças agradáveis no cangaço. 

Em 1938, estavam acampados na Grota de Angico, junto com Lampião e bando, quando foram atacados pelas volantes. Na fuga, Enedina correu junto com Sila e Dulce, mas foi atingida por uma rajada de metralhadora na cabeça, que a esfacelou jorrando pedaços de miolos em suas companheiras ao lado, que seguiram em fuga. 

Enedina ficou caída e teve sua cabeça cortada e exposta juntamente com as cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros, numa exposição macabra de onze cabeças decepadas. 

Cajazeira fugiu e sobreviveu, ficou foragido algum tempo, retornou à sua cidade e casou-se, novamente, com sua cunhada, irmã de Enedina, com quem se mudou para o Rio de Janeiro onde foi bem sucedido no trabalho no ramo da construção civil. 

Alguns anos depois, no início da década de 50, retornou à sua cidade natal de Poço Redondo/SE e retomou a administração das terras e negócios de seu pai, entrou na política, concorreu a prefeitura por duas vezes como Zé de Julião, se envolveu em brigas e disputas políticas e foi assassinado em 1961 por adversários políticos. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce., 19/02/2020.

Assista este Conto narrado em vídeo - https://youtu.be/pQBBZY2WWyk

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