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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

A SAGA DE NENÊ DO OURO

 Por Edna Santos Araújo

Na história do cangaço toda mulher por decreto da vida teria que ter sobrenome Maria...

Maria de Lourdes, Maria Dolores...

tantas são as Marias das Dores.

Essa que vou descrever era natural da Bahia.

Nasceu em Paulo Afonso...

Coração do sertão.

Seu nome de batismo, não se sabe ao certo.

Uns dizem que era Leonor...

Mas no cangaço teve a alcunha de Nenê do Ouro.

Luiz Pedro que de Lampião era braço direito... companheira mais tarde dele, ela seria.

A primeira versão conta que era filha

de um fazendeiro de apelido Bundinha.

Cangaceiros batem a porta desse fazendeiro...

Exigindo dinheiro.

Estando ele, desprevenido, o bando levam a sua filha como "garantia".

Da sua filiação a história também tem outra versão: seu pai era um pobre agricultor e morava em uma humilde casinha de taipa.

Durante o rapto a moça assustada apenas chorava.

Um dos componentes do bando resolve matar.

Luis Pedro interfere, decide proteger.

Daquele dia em diante ao seu lado ela passa a viver.

Toda enfeitada de jóias, nas caatingas com seus medalhões de ouro cangaceira vaidosa ela seria.

Gostava muito do metal precioso, eis a alcunha: Nenê do ouro.

Mais tarde uma filha o casal teria.

De nome Maria Matos, triste foi a sua sina... colocada na "Roda dos Enjeitados" em Salvador... morre de pneumonia na casa de Misericórdia.

E assim segue a saga.

Triste também foi o seu fim...

em Alagadiço.

Numas dessas pelejas entre volantes e cangaceiros, Nenê do Ouro fora de morte ferida.

Há boatos que mesmo o seu corpo sem vida, pelos inimigos foi violentamente exposto, e sexualmente servido.

Se foi verdade ninguém pode afirmar.

Também não se pode negar.

Dor, violência e morte...

todas palavras doídas e fortes, na história do cangaço é tão fácil rimar.

Essa era a triste realidade daquela guerra sangrenta...

Toda história sempre terminaria com a mesma tormenta.

Marias de tantas Dores, rainhas com seus estandartes e amores.

Marias Bonitas...

Vestidas de sonhos, fantasias e chitas.

Mulheres crescidas, se faziam de fortes...

mas no seu íntimo eram apenas meninas.

#cangaçoéhistória

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