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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

NA PERIFERIA DA HISTÓRIA

 Clerisvaldo B. Chagas, 28 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.663

 

Histórias que os mais velhos contavam. O prefeito de Santana do Ipanema, em 1926, era o comerciante Benedito Melo, que tem nome de rua e que também é chamada Rua Nova até os dias de hoje. Benedito era comerciante e conhecido como Beneguinho. Sua gestão ficou marcada pela incursão do bandido Lampião no município e pela formação de barricadas civis e militares diante de  uma iminente invasão à sede municipal. Naquela ocasião estava tendo uma crise de asma, mas com a ajuda de homens resolutos conseguiu formar a resistência, com pelo menos a metade de homens em relação ao bando de Virgulino. O tão famoso padre Bulhões engajou-se na defesa e descobriu pessoalmente muitos rifles entre seus amigos.

O comerciante, segundo contam, tinha o hábito de sentar à porta do estabelecimento em palestra com os seus. Gostava de esgaravatar as unhas com um canivete e quando passava uma senhorita não perdia à vez. Indagava quem era a moça. Respondida a pergunta, o homem juntava o polegar ao indicador e tornava a indagar: “Fala francês?”. Era uma clara alusão à riqueza ou não da moça transeunte. Quem abriu à Rua Nova, não sabemos, porém, que a denominou Rua Benedito Melo, foi o, então, prefeito interventor, Firmino Falcão Filho, o Seu Nouzinho, o mesmo que construiu a Ponte Cônego Bulhões (Ponte do Padre). Nouzinho, a pedido, deixou a inauguração da ponte para o próximo gestor, ano seguinte, Coronel Lucena, eleito pelo voto direto com o nome de prefeito.

E como estamos em pleno Carnaval, tivemos na década de vinte registros de bons Carnavais em Santana do Ipanema. Havia um acolhimento grande de blocos nas residências de pessoas extremamente influentes como o padre Bulhões e o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha – este, um pouco antes da década de vinte. Detalhes são contados e, a conclusão é que tanto era bom o Carnaval de rua quanto o de salão. Essas tradições da época vila/cidade, continuaram por inúmeras décadas, fazendo de Santana uma espécie de Central dos Foliões. Nos últimos tempos, porém, houve um arrefecimento nas brincadeiras de Momo, a ponto de os brincantes deixarem a cidade em busca das folias do São Francisco como Pão de Açúcar e Piranhas.

SANTANA ANOS 60 (FOTO LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).


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