Por Heitor Feitosa Macêdo
Joaquim Leandro Maciel, ou Francisco de Assis Brasil, vulgo Joaquim Catanã, era
um temido pistoleiro que agia entre os estados do Ceará, Paraíba e Piauí, em
meados da década de 1950.
O pistoleiro,
Joaquim Catanã.
Era natural de São João do Rio do Peixe, na Paraíba, e abraçou a vida do crime aos dezessete anos, quando vingou a morte de seu pai, um pequeno agricultor assassinado por questões de terra. Era só o começo de uma vida de crimes. A partir de então, começou a matar por dinheiro, quase sempre sob a ordem dos babaquaras da época.
Em certa ocasião, homiziou-se em Valença, no Piauí, onde viveu como agricultor
por alguns anos, com uma falsa identidade, até que em 1947 muda-se para
Crateús, no Ceará, onde reiniciou a vida de crimes.[1]
Conta-se que quando se encomendava a morte de alguém a esse assassino, ao
mostrar-lhe a foto da vítima, Catanã expressava-se energicamente: “Já estou com
raiva”. Outra peculiaridade dele era usar de um “senso ético às avessas”, pois
reza a tradição que quando empreitava para matar certa vítima, se esta lhe
parecesse boa gente, findava preservando-lhe a vida em detrimento do mandante,
que acabava sendo morto pelo mesmo matador dantes contratado. Catanã além de
justiceiro também era judicioso.
Não tardou para que os serviços do célebre pistoleiro fossem locados para por
fim a mais uma vida. Desta vez o alvo era o prefeito de Aiuaba, Armando Arrais
Feitosa. Catanã, em seu iter criminis aproximou-se da casa do
prefeito, pelo flanco, agachado por entre as madeiras empilhadas, ardilosamente
engendrando a emboscada.
Contudo, em seu desfavor, algumas crianças brincavam naquele mesmo perímetro, e
foram ter por esconderijo o mesmo lugar que o pistoleiro pusera-se à sorrelfa.
Irritado, ele ainda relhou com as crianças, mandando-as partirem para longe de
sua tocaia.
Imediatamente a meninada alardeou sobre a presença de um homem ocultado no
oitão da casa. Isso foi o bastante para que o intento facinoroso se frustrasse,
cabendo ao bandido “ganhar o mato”.
Chaga Valadão
Mais uma
perseguição é iniciada, tendo a dianteira Chaga Valadão, novamente requisitado
pelo Tenente Arnau ao patrão daquele, Zé Solano. Seguindo o rastro do foragido,
vão esbarrar na porteira da Fazenda Murzela, pertencente a “Sá Tonha”, no
município de Aiuaba.
Chaga ao reconhecer aquela propriedade como sendo de gente aparentada de seu
patrão, recusou-se a invadi-la, comunicando expressamente ao Tenente Arnau, que
ainda relutava em sede de alcançar o foragido. Então, em face do contumaz Tenente,
o rastejador propôs que contornassem aquela fazenda e esperassem Catanã à
margem do Rio Jaguaribe. Mas, essa manobra ficara frustrada, ante a fuga do
pertinaz pistoleiro.
Os senhores da Murzela ficaram gratos por Chaga ter respeitado os limites de
seus domínios, presenteando-o com um cordeiro e uma enorme consideração. No
fundo, Chaga sabia das consequências de ignorar um valhacouto, pois, para um
bandido livrar-se de qualquer pesrseguição, bastava transpor os cercados dos
poderosos fazendeiros.
Armando Arrais Feitora
Por fim, Armando Arrais findou sendo assassinado por mãos de outros
pistoleiros, no alpendre de sua casa no dia 1º de maio de 1972, por intrigas
políticas fomentadas dentro de seu próprio círculo familiar.[2] Joaquim
Catanã, depois de preso na Capital do Ceará, em consequência de outros crimes,
foi transferido para um presídio em Terezina, onde se mostrava arrependido de
seus desatinos, debruçado sobre livros de direito. No entanto, vez por outra
saía do presídio para ceifar mais vidas, até que foi morto por envenenamento.
[1] Fortes, José. As façanhas do pistoleiro Catanã.
Meionorte.com. 25/11/2008. Disponível em:
Acesso
em: 05/04/2011.
[2] Grande parte dessa narrativa foi confidenciada pelo irmão
mais velho de Chaga Valadão, José Francisco Valadão, em entrevista cedida no
ano de 2010.
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