Por Xaxado
Cabras DE Lampião
Lampião:
117 anos depois, uma lenda que continua viva e cada vez mais presente na
identidade cultural nordestina.
Hoje é o
aniversário de Lampião, 117 anos depois, uma lenda que continua viva e cada
vez mais presente na identidade cultural nordestina. Nosso blog – www.pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com Trás mais informações.
Hoje, 7 de julho,
se LAMPIÃO vivo fosse, estaria completando 116 anos. Conforme sua
certidão de nascimento nasceu nesta data, aqui em Villa Bella. O
texto que segue é do livro LAMPIÃO. NEM HERÓI NEM BANDIDO. A HISTÓRIA, de Anildomá
Willans de Souza.
José Ferreira
da Silva e Maria Sulena da Purificação residentes no Sítio Passagem das Pedras,
em Vila Bella, Estado de Pernambuco, tiveram os seguintes filhos:
1. Antonio
Ferreira
2. Livino
Ferreira
3. Virgolino
Ferreira
4. Virtuosa
Ferreira
5. João
Ferreira
6. Angélica
Ferreira
7. Ezequiel
Ferreira
8. Maria
Ferreira
9. Anália
Ferreira
O primeiro da
lista - Antonio - era meio irmão dos demais.
Dona Maria, antes de contrair matrimônio com José, morava nas
proximidades da vila São Francisco e namorava um rapaz da família Nogueira, do
qual engravidou. Mas o mesmo, metido a valentão e filho de gente
rica, não quis se casar, deixando a jovem em desolação.
Um certo rapaz, das bandas de Triunfo, Pernambuco, trabalhava como
tropeiro e tinha a vila como um dos pontos de parada para descanso, e
recompor as forças da tropa de burros no seu roteiro, quando se
dirigia em suas andanças para o Ceará, Alagoas e Bahia, e há muito tempo paquerava a mesma moça, mas nunca quis se chegar, pelo fato de vê-la
comprometida.
Porém, quando soube do acontecido, procurou-a e propôs casamento, assumindo a
paternidade da gravidez.
Recebeu de presente do sogro uma faixa de terra - o Sítio
Passagem das Pedras - e tiveram o restante dos filhos e filhas.
Agora
caros leitores
Prestem-me
bem atenção
Para
entender o relato
Desta
minha narração
Concentrem
bem a memória
Que
vou contar a história
Do
famoso Lampião.
Nascido
em Serra Talhada
Numa
fazenda rural
Aprendeu
desde menino
O
trabalho artesanal
Com
perfeição de ouro
Moldando
as peças de couro
Em
arreios de animal.
(Gilvan
Santos)
O terceiro
filho - Virgolino - de acordo com sua certidão de nascimento,
que se encontra no cartório de registro civil de Tauapiranga
(São João do Barro Vermelho, distrito rural de Serra Talhada), no livro
nº2, folha 8, nasceu no dia 07 de julho de 1897. E, segundo
seu batistério, que se encontra na Diocese de Floresta, no livro 13,
página 145, nº 463, consta que ele nasceu em 04 de junho de 1898.
Mais duas filhas tiveram o casal: Maria do Socorro e Maria da Glória. Ambas tiveram morte prematura.
Era costume, naquele tempo, quando as mulheres estavam nos dias de darem
a luz, ficarem nas casas dos pais. Por isso,
todos os rebentos nasceram na casa da avó materna, Dona Jacosa, que morava a
umas trezentas braças de distância. Somente com alguns dias, após o resguardo, que durava em torno de trinta dias, era que voltava pra casa,
Dona Jacosa avó materna de Lampião
Virgolino, ao nascer, a avó, que a estas alturas tornara-se viúva, agradou-se
tanto do neto, que ficou com ele para lhe fazer companhia. Portanto, nasceu e
se criou na casa da avó.
Segundo os moradores antigos daquelas bandas, a parteira que segurou Virgolino
ao nascer e, ao que tudo indica, de todos os rebentos da casa, foi
uma senhora chamada Antonia Tonico, moradora da fazenda Situação.
Em 1905 fez a primeira comunhão na vila São Francisco e em 1912 foi crismado em
Floresta.
Como naquela época não havia escolas na região e Virgolino era o mais
interessado dos irmãos para aprender ler e escrever, estudou alguns meses com os
professores Domingos Soriano Lopes e Justino Nenéu. O primeiro era
parente da família pelo lado materno.
A família vivia da agricultura, do criatório de bode e da almocrevia.
Isto mesmo, com dezesseis anos de idade possuía uma frota de burros
e partiu para a almocrevia. Os burros são animais melhores para essa função, porque preferem água limpa e comem pouca ração. Vantagem muito boa para quem
vive nessa profissão com o pé na estrada.
Saía com a burrama do Sítio Passagem das Pedras para Rio Branco onde comprava,
vindos do Recife ou do sul do Estado, caixas de gás, caixas de bebidas
Gato Preto, Old Tom, alcobaça, açúcar refinado, arroz branco, roupas e tecidos,
bolachas marca “sertaneja” de Pesqueira - PE. e outras novidades em
bugigangas. Tinha as pessoas certas para entregar esses produtos. No caso de Vila
Bella um deles era Cornélio Soares quem recebia para comercializar. Entregava
também para outras cidades como Belmonte, Ouricuri, Triunfo, Cabrobó, Petrolina
e até outros Estados como Alagoas, Paraíba e Ceará. Foi nessas viagens que
começou a conhecer palmo a palmo, ponto a ponto do Nordeste, que lhe viria ser
útil na futura vida do cangaço.
Ao mesmo tempo, nos dias de feira das cidades, ele vendia
produtos fabricados por ele mesmo. Em Vila Bella era muito conhecido quando
vinha com seus artefatos de couros confeccionados por suas próprias
mãos, com perfeito acabamento e detalhes artísticos: alforge, chibata, colete,
gibão, luvas, arreios, cartucheiras, selas, etc. Instalava sua banca ou forrava
o chão com esteira ao lado da Igreja do Rosário, onde funcionava a feira livre
nos tempos idos.
Também
foi grande vaqueiro
Ágil
e inteligente
Pegava
boi na caatinga
Bravo
sem nunca vê gente
Logo
que o boi se espantava
Que
o tropé começava
Ele
partia na frente.
Trabalhou
como almocreve
Viajando
noite e dia
Com
seu pai e seus irmãos
Levando
mercadoria
Andavam de feira
em feira
Por
isso é que os Ferreira
Todo
sertão conhecia.
(Gilvan
Santos)
Virgolino
tocava sanfona nas festas da redondeza, escrevia poesias e no repente desafiava
os melhores repentistas da ribeira, confeccionava artefatos em couro e
madeira, corria vaquejada e pega de boi no mato.
Quando se tratava de trabalhar, era um verdadeiro furacão em tudo que
fazia: na roça, na compra e venda de mercadorias que transportava em
lombo de burro.
Os títulos eleitorais de Virgolino, Antônio e Livino foram tirados no
ano de 1915. Apesar de não terem idade, Metódio Godoy foi
quem articulou tudo para garantir esses votos. Votaram esse ano no partido
borbista, que tinha a frente o oposicionista candidato a governo do Estado
Manoel Borba, que Mário Lira e os Godoy tinham a predileção. Os Carvalhos
estavam de cima e apoiavam o candidato a reeleição para governador
Dantas Barreto, contando com todo apoio dos Nogueiras e Saturnino.
Depois, no ano seguinte, 1916, sufragaram os Ferreiras o voto ao próprio Mário
Lira - Mário Alves Pereira Lira, filho natural do Recife, contraindo matrimônio
com uma moça da família Carvalho, veio residir em Vila Bella. Tornou-se um
político de forte influência e foi eleito prefeito para a gestão
1916/20.
Ao que tudo indica, quando os Ferreira moravam em Poço Negro, cidade de Floresta
- PE., foram correligionários de Idelfonso Ferraz.
Os Ferreiras tinham uma excelente relação de amizade com Cornélio
Soares. Inclusive, um parente de José Ferreira, chamado Cândido
Ferreira, costumava se hospedar na casa desse chefe político. Quando Cândido
começou a ser ameaçado pelos inimigos de Lampião, que teve de vir
embora de Nazaré, foi este acolhido na fazenda Caxixola, localizada
no outro lado do Rio Pajeú, de propriedade do coronel Cornélio
Soares. Lá morou durante toda sua vida, na sua proteção.
Os
Ferreira eram pobres
Para
aquela região
Suas
terras eram poucas
E de pouca
criação
Mas
como eram tropeiros
Ganhavam
algum dinheiro
Nas
viagens do sertão.
(Gilvan
Santos)
Os Ferreiras
comiam e vestiam, se divertiam e se solidarizavam com os amigos com o produto
do suor dos seus rostos. Uma típica família sertaneja...
EM TEMPO: No período de 23 a 27 de Julho,
será apresentado ao ar livre o espetáculo teatral O MASSACRE DE ANGICO
– A MORTE DE LAMPIÃO, na ESTAÇÃO DO FORRÓ, envolvendo mais de oitenta
atores e atrizes, com texto de Anildomá Willans de Souza e
direção de José Pimentel. Entrada FRANCA.
http://www.pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário