Por Denis Carvalho
Túmulo de João
Lopes Diniz
Tenho
acompanhado durante toda a semana as discussões a respeito da alocação de um
monumento dedicado a passagem da Coluna Prestes no município de Floresta –
PE. Fica então a pergunta: qual o sentido dessa homenagem? Para quem
não conhece, a Coluna Prestes foi um “movimento político-militar” liderado pelo
comunista Luis Carlos Prestes, tendo percorrido mais de 20.000 km pelo interior
do país.
O mais
estranho desse movimento é que, apesar de seus ideais serem indiscutivelmente
louváveis, como a exigência do voto popular secreto e melhorias no ensino público,
jamais conseguiram o apoio popular, tendo concluído sua marcha sem ter
conseguido cumprir nenhum de seus objetivos.Ora, se até mesmo o temido
cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) conseguiu conquistar o
respeito e a admiração de alguns sertanejos, por que não ouvimos nenhum dos que
tiveram contato com a Coluna narrar algo de positivo ou admirável?
O repúdio popular, na época, explica-se em decorrência do modus operandi com que os “revoltosos” utilizavam para fazer aderir os populares à causa. O uso da violência era constante: invadiam fazendas e casas, torturavam seus moradores, roubavam provisões e animais de carga; tudo isso em nome da “causa”. Qualquer sertanejo era taxado de “jagunço” e não havia o mínimo respeito com os habitantes dos locais por onde passavam.
Denis
Carvalho, Leo Gominho, Marcos de Carmelita, João de Sousa Lima, Cristiano
Ferraz e Manoel Severo
Lutar por uma
causa justa com o uso de meios imorais e ilegais, a meu ver, não faz de ninguém
um herói. Sei que muitos vão dizer que “os tempos eram outros”, mas nada
justifica o uso de uma força com dezenas de homens contra simples sertanejos,
que em nada deram causa à sua luta, muito menos poderiam esboçar qualquer forma
de reação. Não vejo nenhuma necessidade de um monumento relacionado à
Coluna Prestes em Floresta, afinal, esse monumento já existe...
Eis na imagem
o túmulo de João Lopes Diniz, morto em 1926 na fazenda Campo Alegre durante a
passagem do movimento. Seu corpo ficou exposto no terreiro de sua casa, tombado
no local de seu assassinato, enquanto sua esposa e filhas choravam implorando
que deixassem enterrá-lo. As respostas eram apenas ironias, seguidas de
gargalhadas.
Hoje vemos
nossos opressores virarem heróis, ao passo que nossos mortos são esquecidos.
Enquanto seu túmulo jaz abandonado, engolido pela caatinga; seus algozes
receberão uma homenagem em um dos lugares mais pomposos da cidade que sua
família ajudou a construir.
Muitos outros
marcos foram deixados por onde passaram, como cercas incendiadas, marcas de
projéteis de bala e pessoas traumatizadas.
A construção
dessa obra é, então, uma total falta de respeito e uma grande demonstração de
que a história do município está sendo irresponsavelmente ignorada por seus
dirigentes. E isso em nada me admira, afinal, vivemos em um país em que o crime
compensa e que, em vez de penas, rendem-se homenagens aos criminosos.
Denis Carvalho
Pesquisador e
colecionador, Floresta PE
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/10/monumento-coluna-prestes-em-floresta.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário